A partir desta terça-feira (31), o transporte coletivo urbano de Campo Grande deveria estar circulando para atender trabalhadores que atuam em serviços considerados essenciais, como saúde, farmácias, lojas de material de construção, construção civil, supermercados, padarias e postos de combustíveis. A ideia era que esses setores, já afetados severamente pelos reflexos econômicos da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), iniciassem gradativamente a retomada de suas atividades.
Conforme anunciado, o transporte público teria a frota reforçada, além de ampliado de uma para duas horas o tempo de integração – sistema de utilização de uma mesma passagem para continuar a viagem em outro ônibus. Mas o que empregados e empregadores viram foram problemas e muitas reclamações. Por causa de um planejamento que não atendeu nem de longe o fim a que se destinava, trabalhadores tiveram de enfrentar longo tempo de espera em pontos de ônibus e muitos chegaram atrasados aos seus destinos.
De um modo geral, a demora, a incompatibilidade de horários e os trajetos cobertos praticamente inviabilizaram o serviço que o Consórcio Guaicurus foi chamado a oferecer e pessoas tiveram de amargar espera entre uma hora, uma hora e meia e até duas horas.
Inicialmente, o esquema especial vinha funcionando apenas para atender os funcionários da saúde, mas foi alterado para viabilizar o funcionamento de outros setores. São apenas dez linhas saindo dos bairros e indo para a Praça Ary Coelho, de onde partem outros ônibus que passam por hospitais como Santa Casa, Cassems e Unimed, em horários preestabelecidos.
A prefeitura flexibilizou as restrições de funcionamento impostas a vários setores da economia local, mas não exigiu do Consórcio Guaicurus um esquema que atendesse de forma satisfatória essa medida. O resultado foi insatisfação geral e críticas às empresas de transporte coletivo e à própria administração municipal. Isso porque muita gente que saiu de casa com a ideia de ir para o trabalho ou teve de voltar ou se viu obrigado a apelar, na última hora, para motoristas de aplicativo ou moto-táxi – gastos extras injustificáveis.
Espera-se que as distorções sejam corrigidas a partir de hoje. Afinal, de nada adianta oferecer uma ajuda que sirva apenas para atrapalhar, sobretudo quando pessoas e empresas já estão penalizadas por um problema de natureza catastrófica, cujas dimensões para a saúde pública e para a economia são ainda inimagináveis.