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Antonio Carlos Siufi Hindo: Promotor de Justiça aposentado

"Não conhecemos os horrores da guerra convencional"

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A Covid-19, mostrou à toda evidencia interessantes lições para o  conjunto da humanidade  que ainda  marcha descrente, errada e distante de Deus. O nosso País está inserido nesse contexto. Não estamos vaticinando nada  de inusitado. O materialismo exagerado desfigurou o ser humano. Fez da vida o seu escudo para atingir seus propósitos efêmeros, improdutivos e  insensíveis.  Dinheiro, dinheiro e dinheiro resulta sempre no grande timoneiro condutor do seu barco sempre à deriva.  

A visão divina da vida ficou relegado para o último plano de reflexão. Esse é o aspecto que estamos vivenciando. Mas ela aponta para outras realidades igualmente importantes para serem refletidas. O Brasil não conheceu em nenhum momento da sua história política e institucional os horrores produzidos por uma guerra convencional. A nossa Independência Política veio através de um “grito“. O Império foi substituído pela República através de um convite feito pelo marechal Deodoro da Fonseca ao Imperador deposto D. Pedro II para embarcar no navio Alagoas, o mais moderno navio de passageiros que a nossa marinha mercante possuía para o seu exílio na cidade de Paris. As duas conflagrações mundiais  ocorreram fora dos nossos limites territoriais. Em 1.930, Vargas tomou o poder central sem disparar nenhuma arma de fogo. A ditadura militar de 64 seguiu o mesmo caminho. Outros mandatários deixaram a presidência da República em diferentes situações sempre em clima de paz sustentada pelo nosso ordenamento jurídico.  

Em nenhum desses episódios protagonizamos a loucura do derramamento de  sangue. Esses fatos políticos esculpidos em nossa História não podem passar despercebidos.  São fatos importantes.  Exige reflexão profunda dos nossos atos, das nossas aspirações, das nossas conquistas e das bênçãos que todos os dias recebemos em  abundancia. Se apenas um vírus empurrou a população para uma corrida brusca aos supermercados para as compras dos gêneros  alimentícios de primeira necessidade  mostrou também de outro vértice essa nossa real idiossincrasia. Agora  precisamos projetar esse cenário devastador no contexto de uma guerra convencional. Essa sim, preocupante. Os bombardeios  aéreos intensos, o avanço da infantaria e da artilharia inimiga cuspindo disparos incessantes de metralhadoras, fuzis e outros projéteis mortíferos contra uma população indefesa  mostra o horror da sangria que o povo brasileiro nunca assistiu.  O quadro é dramático.  Não existe tempo para chorar nossos mortos, nossos entes  queridos  e de lhes oferecer um sepultamento  digno.  A aniquilação da nossa capacidade energética, a falta de abastecimento de água potável, a interrupção da comunicação, o esgoto a céu aberto, corpos despedaçados e  esparramados  pelas ruas,  estradas e pontes  destruídas, povo faminto e os saques preocupantes  mostram o outro lado trágico da guerra convencional. Mas não é só.  

A nossa história, a nossa cultura, o nosso futuro jogado para o abismo não podem ser olvidados. As nossas crianças sem nenhum futuro é algo triste de se constatar.  Mas o dilema continua preocupante.  Nossos hospitais públicos e privados  em um único dia de bombardeio entrariam em colapso  por absoluta falta de recursos materiais.  Os europeus todos de Lisboa a Moscou conhecem esses horrores. Os asiáticos, também. São povos milenares. Disciplinados para atender suas autoridades de saúde. Os horrores da guerra convencional são indefiníveis. Somente os seus protagonistas tem as credenciais para exararem suas opiniões. O comerciante Samir Salem, ainda jovem   assistiu o bombardeio intenso desencadeado  pela aviação israelense  na sua pequena  Al Bire, no Líbano.  Foi assustador, relata. Esse, é apenas um aspecto pequeno do rastro amargo produzido pela  guerra convencional  que nunca assistimos. Temos a obrigação de prestar atenção para esse precioso detalhe. Temos o hábito de reclamar de tudo  o que nos incomoda em nossa rotina. Coisas pequenas e  insignificantes  diante das ações graves que só a  guerra é capaz de produzir.    

Uma evidencia clara  a nos apontar que todos os dias temos motivos fortes e robustos para agradecer a Deus pela paz que nos proporciona, pela beleza de abraçar nossos entes queridos, de desfrutar com gosto diferenciado as nossas amizades, principalmente de sermos úteis aos nossos semelhantes. Isso não é pouca coisa. Resulta em uma grandiosidade  generosa. Retrato primoroso da gratidão.  

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Qualidade de vida afeta produtividade no trabalho

18/04/2024 07h30

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Uma pesquisa recente da Great People e Great Place to Work (GPTW, 2023) apontou que 51,4% dos brasileiros se sentam impactados negativamente pelo trabalho. Saúde mental e física, qualidade do sono e relações familiares foram as áreas citadas como mais prejudicadas. Diante desse contexto, precisamos urgentemente falar sobre a importância da qualidade de vida e produtividade.

Não há dúvida que a empresa ou organização precisa se conscientizar da importância de trabalhar  práticas comportamentais para melhorar o desempenho pessoal,  a qualidade de vida e as habilidades pessoais dos colaboradores, contribuindo assim com a construção do conhecimento incluindo metas, planejamento e autorrealização, o que geralmente é um trabalho de longo prazo.

Para começar, é muito importante entender dois aspectos sobre o comportamento dos seus colaboradores. O primeiro deles consiste nas emoções, que precisam ser equilibradas e gerenciadas, jamais reprimidas; já o segundo ponto compreende inúmeras transformações do colaborador, que em médio e longo prazo precisa receber todo apoio da empresa para alinhar objetivos de vida e profissionais. 

Trabalhar esses aspectos básicos exige a geração de novos recursos, de modo a capacitar o colaborador para mudanças de mentalidade que incluam novas perspectivas, ideias, comportamentos, objetivos, confiança, crenças positivas, motivação  enfim , mentalidade de crescimento  que gere melhorias tanto pessoal  quanto profissionalmente.

Embora não seja normal aquela “sensação ruim” aos domingos, antes da volta ao trabalho na segunda-feira, de acordo com a pesquisa da Great People & GPTW, ela é sentida por 55,78% dos entrevistados, com prevalência maior entre os mais jovens: 11,49% dos ‘baby boomers’ a sentem, enquanto 57,39% da ‘geração Z’ têm o sentimento. Sim, gestores, temos que olhar para isso!

Esses números indicam que as pessoas muitas vezes não encontram propósito ou sentido no trabalho que fazem ou até que o pagamento não compense quando outros pilares da qualidade de vida são constantemente afetados, como não ter tempo ou estar muito cansado para fazer exercícios físicos, não conseguir realizar atividades de lazer, hobbies e ter momentos de qualidade com a família.

A pergunta é: como gestores e profissionais de recursos humanos podem criar uma cultura de cuidado em suas organizações?  A primeira recomendação é promover programas internos com incentivos positivos para que o colaborador cuide bem da saúde.

Como as pessoas passam boa parte do dia no trabalho, a empresa tem muitas oportunidades para ajudar nesse aspecto: se beber mais água é bom para a saúde, ela deve ser fácil de acessar. Se exercícios são importantes para nosso vigor físico, por que não implantar um programa que engaja os colaboradores em atividades regularmente?

Esse mesmo raciocínio pode ser usado para evitar que hábitos ruins para a saúde ocorram no ambiente de trabalho. Pode ser uma delícia comer salgadinhos gordurosos, mas pode ser uma boa ideia tornar o acesso a eles mais difícil. Até porque, determinados alimentos (como frituras) podem gerar perdas substanciais em tempo produtivo.

O ideal é que a empresa ajude o funcionário a se concentrar apenas em hábitos que realmente melhoram a vida, o que naturalmente vai gerar benefícios que afetarão positivamente o próprio trabalho, dentre eles, podemos destacar mais energia, sistema imunológico mais forte, bom humor e longevidade.

Por fim, vamos falar em gerenciamento de estresse e da ansiedade (visto que o Brasil está no ranking dos países mais ansiosos do mundo) e que requer uma cultura corporativa saudável, levando em conta os pilares da qualidade de vida, que compreendem qualidade de sono, tempo de descanso, relações familiares, contato com a natureza, alimentação saudável, exercício físico regular, entre outras atividades de autocuidado que influenciarão no bem-estar e na produtividade .

Uma frase do escritor e palestrante norte-americano Robert Karch, reconhecido mundialmente como autoridade na área de promoção de saúde e membro dos conselhos da AAPM (American Association of Preventive Medicine) e da HERO (Health Enhanced Research Organization) diz assim: “Nem todas as empresas precisam investir em qualidade de vida, promoção de saúde ou coisa parecida. Só aquelas que querem ser competitivas no século XXI”.    

 

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Produtos livres de desmatamento nas estratégias da União Europeia

11/04/2024 07h30

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O Regulamento para Produtos Livres de Desmatamento é um entre vários componentes do Pacto Ambiental Europeu (European Green Deal), que tem como objetivo final atingir neutralidade de emissões de gases de efeito estufa em 2050, com um crescimento econômico livre da exploração excessiva dos recursos naturais e sem deixar ninguém para trás.

Trata-se, portanto, de uma peça dentro de um quebra-cabeça bem mais complexo que visa tornar a Europa um continente sustentável e carbono neutro.

Desde 2019, o Pacto Ambiental Europeu apresenta diretrizes que vão sendo gradativamente regulamentadas, cobrindo de energia renovável a produção de alimentos, passando por transporte e construção civil.

Trata-se de um marco legal abrangente que aborda diversas questões ambientais, incluindo o desmatamento, como parte dos esforços da União Europeia (UE) para um novo modelo de economia verde. 

O regulamento para produtos livres de desmatamento, aprovado em 2023, disciplina as atividades dos importadores europeus que passam a ser responsáveis por garantir que os produtos adquiridos não venham de áreas desmatadas depois de 31 de dezembro de 2020.

As restrições entram em vigor no final de 2024. Os importadores são os responsáveis pela implementação das verificações nos países exportadores, as chamadas “due dilligences”. 

As implicações para o Brasil são significativas, pois a UE é o segundo maior comprador dos nossos produtos agropecuários. Enfrentamos sérios problemas de desmatamento ilegal na floresta amazônica, além de questões fundiários e sociais.

Outro ponto importante é que a legislação europeia não faz distinção do que é considerado desmatamento legal ou ilegal. A normativa claramente se refere a desmatamento em geral. 

Esse ponto vem sendo questionado pelo governo brasileiro, alegando que está acima das exigências legais do ordenamento jurídico do país. Argumenta-se que essa normativa representaria uma forma de barreira não tarifária aos produtos do Brasil.

Entretanto, o argumento contrário é de que a UE tem a prerrogativa de estabelecer os critérios para os produtos que farão parte das suas cadeias de suprimento. E, como o objetivo maior é a redução dos impactos ambientais do consumo dos próprios europeus, nada mais lógico do que exigir que seus fornecedores sigam padrões compatíveis com essa ambição.

Importante notar que há fortes reações ao Pacto Ambiental dentro da própria UE, como vimos recentemente nos diversos protestos de produtores rurais no território europeu.

Embora estejam sensibilizando parte da sociedade e postergando algumas limitações, dificilmente a insatisfação dos produtores europeus ou dos governos fornecedores de produtos agrícolas para a Europa terão força para uma guinada nos objetivos de longo prazo da UE.

Parece haver um sério proposito do continente em mudar completamente suas bases de desenvolvimento, mirando a transição para uma economia mais resiliente e de baixas emissões de gases de efeito estufa.

Ao Brasil cabe o desafio de entender essas normativas e entrar em um processo de negociação sério e embasado na ciência. Ainda há grandes lacunas sobre como serão feitas as verificações do desmatamento e, sobretudo, como serão mapeadas as origens de cada lote de exportação.

Precisaremos acelerar nossos investimentos em rastreabilidade e transparência nos processos produtivos, assim como no aprimoramento de plataformas de monitoramento territorial. Tudo isso em consonância e em estreita colaboração com os importadores e agentes da União Europeia.

Ainda estamos em um momento de discussão e entendimento junto aos agentes europeus de como o novo regulamento será implementado no Brasil. Entende-se que será um processo com aprendizado mútuo e um período de adaptação.

Os entes governamentais têm o papel de catalisar essa discussão entre produtores, processadores e exportadores brasileiros para que estejamos prontos para manter a liderança como fornecedores de produtos agrícolas para a União Europeia. 

 

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