Sempre que vai gravar suas cenas em “Malhação - Toda Forma de Amor”, Roger Gobeth faz uma espécie de viagem no tempo. Afinal, há 20 anos, ele estreou na televisão na mesma novela - na época, a temporada se passava no Colégio Múltipla Escolha e seu personagem se chamava Touro. Hoje na pele do Capitão Peixoto, o ator se deixa levar pela nostalgia muitas vezes. E se anima ao perceber que, duas décadas depois, a produção continua sendo palco de discussões importantes para os jovens. “Está na genética de ‘Malhação’ ter uma discussão séria. Na primeira vez aqui, meu papel falava sobre Aids”, lembra.
Tudo indica que, desta vez, Roger irá protagonizar novos debates através de Peixoto. Isso porque o capitão pode ter um desvio de conduta. A falha no caráter, inclusive, é algo pelo qual o ator torce para que realmente aconteça na história. “Eu gostaria que ele tivesse esse desvio para a gente levar esse assunto às pessoas”, explica. Para Roger, é interessante que não só haja um diálogo com o telespectador, mas uma relação entre o que é contado na novela e a realidade. Por exemplo, quando chove, a gente não consegue chegar em nenhum lugar, tudo por conta de um desgoverno. Quanto mais a gente levar essa discussão para a casa das pessoas, pode ser que comece a encontrar um pouco mais de saídas”, avalia.
Durante os 20 anos que separam a temporada de estreia de Roger na televisão da atual leva de capítulos de “Malhação”, muita coisa mudou na forma de fazer a novela “teen”. Principalmente no que diz respeito à preparação dos atores. Atualmente, existe uma preocupação muito maior em realizar “workshops” intensivos antes da estreia. “Naquela época, acho que era um embrião disso. Não existia tanto, mas a gente fazia umas leituras rápidas”, lembra. Hoje em dia, os exercícios cênicos e as conversas entre os atores sobre seus respectivos personagens e tramas só trazem benefícios, como Roger pôde perceber. “É uma parte riquíssima do trabalho porque dá uma formação de amor e respeito, de você se sentir pertencente ao grupo”, salienta.
Depois de estrear na Globo, Roger emendou alguns personagens em produções como “O Quinto dos Infernos”, “Coração de Estudante”, “Kubanacan” e “Da Cor do Pecado”. Logo em seguida, foi para a Band, onde interpretou Frederico, em “Floribella”, em 2005. Até que, no ano seguinte, assinou contrato com a Record, emissora em que permaneceu até 2017 e acumulou trabalhos em tramas como “Vidas Opostas”, “Chamas da Vida”, “Os Dez Mandamentos” e “Escrava Mãe”. “Tenho muita gratidão por toda a minha trajetória. Esses dias, estavam me perguntando da diferença do público. Mas o mesmo público que assistia à ‘Floribella’ claro que não é o mesmo que assiste a uma minissérie como ‘O Quinto dos Infernos’. Que bom que a gente tem esse público todo assistindo!”, vibra.
Tempo a favor
Aos 46 anos, Roger Gobeth encontra na maturidade uma grande aliada. Voltar a atuar em “Malhação” 20 anos depois da primeira experiência na novela é, sem dúvida, bem mais fácil. “Acho que a idade dá uma pacificada. Mas eu também gosto de uma frase de um filósofo que diz: ‘Só sei que nada sei’”, afirma, explicando que a disponibilidade constante para o aprendizado não pode acabar nunca.
É por isso que, apesar de Roger conhecer o “terreno”, a atual experiência em “Malhação” não deixa de ser uma novidade para ele. É com carinho, inclusive, que o ator lembra de quando, ainda estudante de Arquitetura, decidiu fazer uns testes para comerciais e tevê. Até que foi aprovado para o elenco de “Malhação” e viu sua vida dar um giro de 180 graus de uma hora para outra. “Me ligaram em uma semana e pediram para, na mesma semana, eu estar no Rio. Coloquei as coisas no carro e vim. Estou há 20 anos no Rio de Janeiro”, contabiliza ele, que é paulistano.
Instantâneas
# Roger Gobeth ficou 14 anos na Record antes de voltar à Globo.
# Esta é a segunda vez que o ator interpreta um texto de Emanuel Jacobina, que também assinou a temporada de “Malhação” que marcou a estreia de Roger na televisão.
# Roger Gobeth já foi noivo da atriz Juliana Silveira.
# No cinema, o ator trabalhou nos filmes “VIPs” e “Viscerais”.