A dor é uma sensação que se manifesta quando algo de errado ocorre em nosso organismo por meio de estímulos enviados pelos nervos ao cérebro, e este, por sua vez, envia os estímulos ao córtex motor para que se libere alguma reação. E só quem convive com dores como na coluna, enxaqueca e túnel do carpo, entre outras, sabe como elas comprometem a qualidade de vida. No entanto, um procedimento chamado Atlasprofilax promete colocar fim a estas dores em apenas uma sessão de tratamento.
No Brasil, apenas 10 profissionais estão habilitados a aplicar a técnica, que chegou por aqui há quatro anos, entre eles a fisioterapeuta Cláudia Brito. “A terapia Atlasprofilax está disponível no Brasil há 4 anos e foi desenvolvida na Suíça. A terapia é indicada para os quadros de enxaqueca, dor de cabeça, hérnias discais, ciatalgia, síndrome do túnel do carpo, bruxismo e distúrbios da ATM (articulação temporomandibular), insônia, fibromialgia, dor crônica, escoliose, dores articulares, dor e tensão muscular, tendinite, entre outros”, explica a fisioterapeuta.
Entre 1993 e 1996, o quiropraxista e vitalogista suíço René-Claudius Shümperli descobriu que a maioria dos seres humanos tem desvio do Atlas, nome da primeira vértebra da coluna vertebral que é responsável pela sustentação e distribuição de todo o peso da cabeça – que varia entre quatro e seis quilos – e também pela distribuição do peso do corpo, entre as 32 vértebras da coluna.
O Atlas atua como ponte entre a cabeça e o corpo e por ele ou próximo a ele passam a artéria intervertebral, o nervo vago e a jugular. O atlas desalinhado provoca escoliose, distribui o peso do corpo de forma errada e interfere na parte circulatória, sempre sobrecarregando um lado do corpo.
Entre os sintomas do Atlas desalinhado estão as dores de cabeça, dores na coluna, insônia, hérnia de disco, escoliose, perna curta funcional, dores no joelho, dormência nas mãos, bruxismo e fadiga crônica. Além disso, a disfunção dessa vértebra pode provocar rotação da pelve e alteração da postura global. Bruxismo afeta quase 40% da população mundial e causa diversos problemas.
O QUE É
Segundo Cláudia, a terapia Atlasprofilax consiste em uma vibrocompressão em pontos específicos da musculatura curta da nuca, com o objetivo de corrigir o desajuste intervertebral menor do Atlas (DIM), que seria a compressão dos côndilos do occipital e um desvio crânio-caudal do Atlas. Levando a compressão em níveis muscular, vascular e neural. “A terapia consiste em uma sessão de explicação sobre ela, preenchimento de ficha (anamnese), realização de testes, aplicação da terapia por meio de um aparelho que age na musculatura curta do pescoço e indiretamente na vértebra. Após a terapia, são feitas a reaplicação dos testes e as recomendações pós-procedimento. Depois da primeira sessão, existe um retorno de acompanhamento.
Ao fim do atendimento, são passadas recomendações primordiais, as quais devem ser seguidas para facilitar o processo de autorreorganização do corpo”.
Claúdia Brito ressalta que a técnica não consiste em manipulação, sua eficácia está justamente relacionada ao fato de sua atuação ser a nível muscular, preparado o corpo para autoadaptação.
Em Campo Grande, quem acabou de passar pelo procedimento é a dona de casa Tereza Ferreira, 57 anos, que há algum tempo sofre de fibromialgia. “Sinto muitas dores no corpo e fui diagnosticada com a doença. Já fiz tratamento médico, mas não adiantou. Uma amiga me falou sobre esta técnica e eu vim fazer”.
A entrevista aconteceu pouco tempo após a aplicação e a paciente relatou alguns bons resultados. “Estou me sentido bem, sem dores. Eu não conseguia virar o pescoço para nenhum dos lados e nem levantar os braços. E tudo isso já estou fazendo, estou muito feliz!”.
De acordo com a fisioterapeuta, o DIM do Atlas pode ser causado por traumas obstétricos por uso de fórceps ou ventosa, má manipulação da cabeça no recém-nascido, trauma ou impacto direto ou indireto no maxilar ou na cabeça, quedas e acidentes de automóveis.
A Atlasprofilax pode ser feita em crianças a partir dos 6 meses de idade, adultos e idosos. A aplicação da terapia vai variar de acordo com a particularidade de cada pessoa. É contraindicada no período gestacional e em alguns casos específicos de pós-operatório, como glaucoma. “Esperamos o período gestacional passar para depois realizar a técnica, é uma forma de precaução. Em alguns casos, pode existir a necessidade de um atendimento de reparo, que será avaliada pelo profissional que fez a terapia”.
Para a empresária Ana Claudia Ferreira dos Santos, 44 anos, o procedimento foi a solução para seu problema de enxaqueca crônica, com crises que vinham desde a adolescência. “Aos 12, 13 anos eu já sofria com enxaquecas. Não foram poucas as vezes em que tive de tomar analgésicos na veia para passar a dor e depois ficava com aquela ressaca de tanto medicamento”.
Quando soube do procedimento, há 4 anos, aceitou passar pela sessão. “De lá para cá, nunca mais tive crises de enxaqueca”, conta.
ANÁLISE CIENTÍFICA
O método desenvolvido pelo suíço René-Claudius Shümperli teve sua primeira comprovação científica em um estudo desenvolvido entre 2005 e 2009. Com o uso de tomografia computadorizada 2D e 3D, foram realizados exames de imagens de 115 pacientes. Em todos eles o Atlas estava desalinhado. Uma sessão de Atlasprofilax foi feita em cada um desses pacientes e, na sequência, os exames de imagem foram repetidos e mostraram a vértebra alinhada na totalidade do grupo. Esses pacientes foram acompanhados por 5 anos e, nesse tempo, não houve nenhuma modificação na posição