Ativo e atuante há quase 12 anos, o grupo Teatro Imaginário Maracangalha é um dos poucos em Mato Grosso do Sul a disseminar arte de caráter social e político pelas ruas de forma independente. Desta semana até agosto, quando o tempo de formação arredonda, serão promovidas diversas atividades na Capital, entre mostras teatrais, seminário e sarau a céu aberto. Oportunidades para quem ainda não conhece ou para quem quer rever as produções que marcam a história do grupo.
Amanhã, às 20h, o espetáculo “Areôtorare – O Verbo Negro e Bororo do Índio profeta” será apresentado na feira livre da Orla Morena. Para a sexta, mais uma intervenção, “Ferro em Brasa”, está marcada para acontecer na Praça Ary Coelho, às 12h. Todos gratuitos.
O seminário “Arena Aberta – A Rua Que Te Pariu” será realizado às 15h deste sábado, em sua sede (na Rua Nicolau Fragelli, 86, Amambaí). Junto a outros sete grupos teatrais de rua do Estado, serão discutidas formas de potencializar a arte independente e de divulgar as criações à população.
Esta programação com data mais próxima é uma mostra que, na verdade, comemora os 11 anos de formação do Maracangalha. Ela começou no domingo e tem desfecho após o seminário, com uma performance aberta ao público no Bar do Bola 7, localizado próximo à antiga rodoviária de Campo Grande. A demora em realizá-la é consequência do atraso do pagamento de recursos do Programa Municipal de Fomento ao Teatro, o FomTeatro, gerido pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo.
Projeto apresentado pelo grupo, que previa aulas de aperfeiçoamento teatral mais a mostra pública, foi corretamente aprovado no ano passado, mas as verbas direcionadas a ele foram pagas somente neste ano.
RECICLAGEM
Fernando Cruz, 54, ator e fundador do Imaginário Maracangalha, explica que os sete atores que integram o grupo atualmente tiveram aulas de percussão, canto e preparação corporal e puderam revisitar trabalhos criados para aprimorá-los. “Começamos em março e fomos orientados por três profissionais. Dá para perceber a diferença”.
A experiência que o grupo adquiriu durante todo o tempo em atividade é respeitável. “Temos 11 anos de trabalho ininterrupto e de pesquisas. Nos mantivemos ativos todo esse tempo e presentes no circuito brasileiro de teatro, viajando para apresentações em festivais importantes para o setor”, comenta Fernando. Em Campo Grande, os artistas do Maracangalha continuaram atuando mesmo durante os anos em que a gestão municipal deixou de lançar e pagar editais de fomento à cultura.
No ano passado, o grupo foi premiado pela Petrobras, em reconhecimento ao espetáculo “Tekoha – Vida e Morte do Deus Pequeno”. Também já foi condecorado pela Fundação Nacional de Artes, por realizar o sarau Sarobá.
Os sete atores da formação ajudam a reciclar outros grupos e contribuem para a formação de artistas com as oficinas de teatro que realizam. Desde o início deste ano, elas são realizadas na sede do Teatro Imaginário Maracangalha, onde também são oferecidas atividades à comunidade. A premissa do teatro de rua é justamente a de aproximação, segundo Fernando. “Porque juntos conseguimos perceber os vários caminhos que o teatro pode percorrer e conseguimos falar ao público sobre questões humanas necessárias”.
EM BREVE
O clima ainda será de aniversário em julho e agosto, quando o grupo deve circular pelas feiras livres de Campo Grande com a nova roupagem de espetáculos antigos; realizar a festa São João do Maraca; e montar mostra comemorativa aos 12 anos completos.
Programação fixa na agenda do Maracangalha e de outros grupos teatrais de rua do Brasil é a Temporada do Chapéu, que ocorre em outubro.