Correio B

ARTE POLÊMICA

Tatuagens em "locais estratégicos"
revelam que preconceito ainda existe

Tatuagens em "locais estratégicos"
revelam que preconceito ainda existe

MARESSA MENDONÇA

01/05/2016 - 09h00
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Quando pedem para o tatuador Eliandro Silva, de 39 anos, desenhar em partes do corpo fáceis de serem “disfarçadas” por roupas ou acessórios ele percebe que o preconceito em relação as tatuagens ainda é presente, mesmo em menor intensidade se comparado ao tempo em que ele fez os primeiros traços, há 15 anos.

“Acontece do próprio tatuado ter receio e achar que o futuro empregador não vai contratar alguém com tatuagem aparente. Chega lá e o chefe tem também. Depende muito do rol de amigos da pessoa”, brinca.

Para Eliandro, o “tabu” em relação a estes desenhos na pele caiu a medida que mais pessoas aderiram à “moda”. “Se você olhar a revista vai ver que a modelo tem. Se olhar para a novela vai perceber que o ator tem também”. Mas isto não quer dizer aqueles que decidirem se tatuar hoje passarão despercebidos pelos olhares mais conservadores.

Daienny Lima fez a primeira tatto aos 18 anos e não parou mais; hoje são 23 ao todo. (foto:Arquivo Pessoal)

ENTRE O TER E O SER

Este é o caso de Daienny Lima, 26, que ostenta 23 tatuagens espalhadas pelo corpo. A primeira delas foi feita quando ela alcançou a maioridade: uma borboleta azul e preta nas costas. Depois, não necessariamente nesta ordem, teve pássaro, rosa, pena, ilustração pin-up e até o sobrenome da família. “Sempre marcaram uma fase da minha vida”, diz.

Ela conta ter passado por algumas situações difíceis conforme a pele foi ganhando mais cor. “Estava em um cerimonial de formatura e precisei ficar de terninho preto no calor enquanto as outras meninas estavam de vestido. Depois trabalhei em uma loja de venda de ternos e também tinha que passar o dia inteiro de blazer porque os clientes eram tradicionais”, lembra.

Hoje, ela trabalha no bar Baraúna em Campo Grande e afirma não “sofrer” tanto porque a clientela do local é mais alternativa.

Daienny relata também ter “sentido na pele” a diferença entre ter uma tatuagem e ser tatuado. O primeiro caso, segundo ela, se refere as pessoas que ainda tem a possibilidade de “esconder” o desenho e não são reconhecidas nas ruas por eles. “Eu só me considerei tatuada mesmo quando fiz a maior no braço e nos dedos porque não tinha mais como disfarçar”.

A OPINIÃO DA FAMÍLIA

E quando os desenhos foram ficando cada vez mais visíveis, os pais de Daienny tentaram fazer com que ela parasse. “O meu pai, que tem duas tatuagens, me perguntou se eu não ia parar. Minha mãe também questionou, mas agora já aceitou e até me manda uns desenhos. Ela até pensa em fazer”.

Daianny lembra de outros parentes que também a olharam com certa desconfiança conforme ela foi fazendo novas tatuagens que, segundo ela, “era muito ligado à rebeldia no passado, então algumas pessoas têm dificuldade em absorver essa ideia até hoje. Mas percebo que as aqueles que não gostam, geralmente, não são ligadas à arte”, observa.

Como o pai dela pintava telas, ela sempre teve muito contato com tintas e hoje mantém essa veia artística criando mandalas e expondo por meio de uma página no Facebook: a D. Lima.  As tatuagens, claro, não deixam de ser consequência deste histórico. “Acho bonito ver meu corpo desenhado”, declara Daianny.

FORMAS E CORES

Eliandro gosta de tatuagens realistas, aquelas que, como o próprio nome sugere, retratam o objeto de maneira mais real possível. Mas afirma trabalhar com todos os estilos.

Ele aprendeu a tatuar em São Paulo, quando tinha 20 anos, e nunca mais parou. O curioso é que, diferente da maioria dos profissionais da área, ele tem apenas duas tatuagens no próprio corpo. “Foi uma condição do amigo que me ensinou: eu não poderia me autotatuar”, lembra.

Na Capital, ele atua há um ano e diz ter uma clientela boa na cidade. Sobre as motivações das pessoas que procuram os serviços dele, ele afirma serem as mais variadas possíveis. “Têm pessoas que pesquisam meses, outras que pesquisam anos e têm aquelas que passam pela loja, acham legal e entram pra fazer, mesmo sem terem saído de casa para isso. Têm gente que faz por estética, outros para se expressarem. Não tem uma regra”.

OUTRA DISCRIMINAÇÃO

Ainda falando de preconceito, o tatuador explica que não são só as pessoas tatuadas que sofrem preconceito, mas o responsável pelos desenhos também. “ Temos que provar por a mais b que não somos drogados e que este é um trabalho como outro qualquer, igual a um dentista, um médico porque a generalização é enorme”, lamenta.

No dicionário, que exemplifica a tatuagem como “arte comum entre povos selvagens, marinheiros, soldados e criminosos” já há indícios que o conceito está mudando porque também há a informação de que “esta prática, hoje em dia, é comum entre pessoas das mais variadas culturas e camadas sociais”.

Para Eliandro, uma tatuagem vista de forma isolada não pode significar muita coisa. “É preciso ver o contexto”, diz.

DOR E ARREPENDIMENTO

E em relação ao incômodo na hora do procedimento, o tatuador afirma ser muito variável também, mas desmente o boato que tinta colorida causa mais dor que a preta.

Sobre os desenhos mais passíveis de causarem arrependimento, ele aponta os nomes de namorados e os símbolos de times de futebol.

Outra dica para não se arrepender é da Daianny. “Eu acho que quando a gente é novo não tem maturidade pra fazer”, declara ela que, além de nunca ter se arrependido, tem intenção de fazer outras.

Serviço- Eliandro atende no estúdio Chile Tatto localizado na Galeria Dona Neta,  Av. Afonso Pena, 2081.

Carretas da magia

Caravana de Natal da Coca-Cola passa por Dourados e Itaporã nesta quarta; veja o trajeto

Caminhões estarão enfeitados com luzes natalinas, sistema de bolhas d'água, decoração interativa, painéis LED, cenografia natalina, cenários montados e Casa móvel do Papai/Mamãe Noel

17/12/2025 10h15

Carretas natalinas da Coca Cola

Carretas natalinas da Coca Cola DIVULGAÇÃO/Coca Cola

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Falta uma semana para o Natal e a tradição de sair às ruas para acompanhar a passagem das carretas natalinas da Coca-Cola está de volta.

Caravana Iluminada percorre ruas e avenidas de Dourados e Itaporã nesta quarta-feira (17). 

Os caminhões estarão enfeitados com luzes natalinas, sistema de bolhas d’água, decoração interativa, painéis LED, cenografia natalina, cenários montados e Casa móvel do Papai/Mamãe Noel.

É possível acompanhar ao vivo o lugar que a carreta está neste site.

Confira os trajetos e horários:

DOURADOS - 17 DE DEZEMBRO - 20H30MIN

  • INÍCIO - 20h30min - rua Sete de Setembro
  • Avenida Marcelino Pires
  • Rua Delfino Garrido
  • Avenida Weimar Gonçalves Torres
  • Rua Paissandú
  • Rua Monte Alegre
  • Rua Rangel Torres
  • Rua Mato Grosso
  • Rua Itamarati
  • Rua Hayel Bon Faker
  • Rua Mozart Calheiros
  • Rua Raul Frost
  • Rua Docelina Mattos Freitas
  • Rua Seiti Fukui
  • Rua Josué Garcia Pires
  • Rua Hayel Bon Faker
  • Rua Manoel Rasselem
  • Rua Projetada Onze
  • Rua General Osório
  • Avenida Marcelino Pires
  • Rua Mato Grosso
  • Rua Olinda Pires de Almeida
  • Rua João Cândido da Câmara
  • FIM - Rua Manoel Santiago

Carretas natalinas da Coca Cola

 ITAPORà- 17 DE DEZEMBRO - 17H30MIN

  • INÍCIO - Rotatória de entrada/saída da cidade
  • Avenida José Chaves da Silva
  • Avenida Estefano Gonella
  • Rua José Edson Bezerra
  • Rua Aral Moreira
  • Rua Duque de Caxias
  • FIM - Rotatória de entrada/saída da cidade

Carretas natalinas da Coca Cola

ARTES VISUAIS

Floripa de novo!

Após temporada de sucesso, Lúcia Martins Coelho Barbosa inaugura mais uma exposição em Florianópolis:"Do Pantanal para a Ilha 2" permanece em cartaz até 3 de janeiro e apresenta 20 telas, 6 delas inéditas, com elementos da fauna e flora sul-mato-grossense

17/12/2025 10h00

A artista com suas obras durante inauguração da mostra no dia 3 deste mês

A artista com suas obras durante inauguração da mostra no dia 3 deste mês Divulgação

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A artista plástica sul-mato-grossense Lúcia Martins Coelho Barbosa apresenta em Florianópolis uma seleção de obras que celebram a potência estética e simbólica do Pantanal.

Reconhecida internacionalmente, especialmente pelas pinturas de onças-pintadas, sua marca registrada, Lúcia construiu uma trajetória sólida ao longo de mais de quatro décadas nas artes visuais, marcada por pesquisa, identidade regional e profunda relação com a fauna brasileira.

Após uma temporada de sucesso em agosto, “Do Pantanal para a Ilha” retorna a Florianópolis, agora em novo local, na Sala Open Cultura, em exposição até o dia 3 de janeiro.

A mostra é composta por 20 telas, seis delas inéditas e outras peças de sucesso do acervo de Lúcia, que já expôs em sete países e quatro estados brasileiros.

“O nome ‘Do Pantanal para a Ilha’ veio da ideia de apresentar o Pantanal para um novo público que está conhecendo meu trabalho, e para isso coloquei nas telas elementos como as flores de aguapé, as árvores do Cerrado e as onças, que são meu carro-chefe”, apresenta Lúcia.

A artista com suas obras durante inauguração da mostra no dia 3 deste mêsReprodução obra "A procura da caça", de Lúcia Martins

LEGADO DE MS

Outro elemento regional incorporado nos quadros é a renda nhanduti, um bordado artesanal tradicional do Paraguai cujo nome significa “teia de aranha” em guarani, uma referência à sua aparência delicada e intrincada, utilizada normalmente em peças decorativas e roupas.

Ao todo, foram vários meses de preparação para a exposição, em um longo processo de produção e ressignificação de obras, utilizando as técnicas pastel sobre papel e acrílico sobre tela.

As obras que compõem essa exposição vão refletindo lugares, flores e animais, que talvez não despertem a atenção das pessoas no dia a dia, mas que, de algum modo, acabam fugindo do lugar comum.

Elas são um resumo do que Lúcia vê, vivencia e considera como mais “importante” enquanto legado da natureza de Mato Grosso do Sul para o Brasil e para o mundo.

A artista com suas obras durante inauguração da mostra no dia 3 deste mês“Onça que Chora”, um dos trabalhos inéditos da nova exposição

ESPANTO

A mostra reúne, assim, trabalhos figurativos que retratam, por exemplo, a onça-pintada como símbolo de força, ancestralidade e preservação, convidando o visitante a mergulhar no imaginário pantaneiro e, ao mesmo tempo, nas camadas poéticas que permeiam a trajetória da artista.

Para Lúcia, a arte é como um portão de entrada para um novo mundo, nesse caso o Pantanal sul-mato-grossense.

“O Pantanal não é margem. É centro de novas narrativas. É daqui que falamos ao mundo. O que eu gostaria que essa minha exposição causasse é até um certo espanto ao se ver que aqui também tem gente que faz arte. E nada melhor do que se apresentar quando alguém já tem curiosidade de lhe conhecer”, afirma a mestra das cores e texturas.

“Eu vivo para a arte, se eu não tivesse essa profissão, esse dom de colocar nas telas minhas emoções, meus sentimentos, talvez eu não tivesse nenhuma utilidade para a sociedade. A arte é, acima de tudo, questionadora. O que eu sinto como artista plástica há mais de 45 anos é que estamos ainda abrindo caminho para os artistas que virão. Gostaria muito que o artista fosse respeitado, fosse aceito, fosse útil, pois a arte alimenta a alma”, diz a artista.

PERFIL

Lúcia Martins Coelho Barbosa vive e trabalha em Campo Grande. Formou-se em história pelas Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso (FUCMAT). Fez pós-graduação em Comunicação, na área de imagem e som pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

Atua na área de artes plásticas, em Campo Grande, há mais de 40 anos e já mostrou suas obras em Portugal, Itália, França, EUA, Japão e Paraguai.

A artista com suas obras durante inauguração da mostra no dia 3 deste mêsReprodução obra Florescer no Pântano, de Lúcia Martins

Com o projeto Peretá – “Caminho” na língua tupi-guarani – , a artista exibiu o grafismo indígena e instalações em quatro capitais brasileiras – Brasília, Goiânia, São Paulo e Campo Grande.

Reconhecida por diversas premiações e homenagens, a artista segue expondo seu trabalho em coletivas e individuais. 

Em 2016, Lúcia criou o Múltiplo Ateliê, onde desenvolve trabalhos com artistas e pesquisadores, incluindo gastronomia, educação somática, dança contemporânea, yoga e audiovisual. Como afirma, é “fiel à sua missão de operária da arte”.

>> Serviço

A exposição “Do Pantanal para a Ilha 2”, da artista plástica sul-mato-grossense Lúcia Martins Coelho Barbosa, foi inaugurada em 03 de dezembro e está aberta para visitação até 03 de janeiro de 2026, na Sala Open Cultura, do open mall (shopping aberto) Jurerê Open. Av. Búzios, 1.800), Florianópolis (SC). Das 10h às 22h.

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