Mamães de bebês prematuros devem ficar atentas à imunização dos nascidos com menos de 29 semanas contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR). O período de pico de infecções na região Centro-Oeste é a partir de março, quando começa a estação do outono, seguida pelo inverno, mesmo que o vírus não esteja associado ao frio. A contaminação atinge principalmente crianças nascidas prematuramente e tem sintomas similares aos da Influenza. A vacina é exclusiva para estes bebês e é disponibilizada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O vírus tem caráter sazonal, ou seja, período específico do ano em que as infecções acontecem com maior frequência. Conforme a Sociedade Brasileira de Imunização, este vírus é a causa mais frequente de infecções respiratórias do trato inferior de bebês prematuros, nascidos com ou abaixo de 29 semanas. Por isso, a imunização está prevista no calendário e disponível gratuitamente para estas crianças pelo SUS. Além dos prematuros, bebês com displasia broncopulmonar e cardiopatias congênitas, até os dois anos de idade, também têm direito à vacina gratuita.
VSR
O vírus pode causar infecções respiratórias graves, hospitalizações recorrentes, e até necessidade de ventilação mecânica em alguns casos. Crianças acima de dois anos e adultos saudáveis sentem sintomas semelhantes aos de um simples resfriado.
Nos prematuro, o vírus se manifesta como bronquiolite e pneumonia. A longo prazo, a criança pode até mesmo sofrer com sequelas como o chiado recorrente no peito, que pode perdurar até os 13 anos de idade. Conforme a Sociedade Brasileira de Imunização, ainda não existe tratamento específico para a infecção por VSR e, por isso, a prevenção contra o contágio é o principal cuidado.
Conforme o presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, doutor Renato Kfouri, os bebês prematuros são por natureza mais frágeis e qualquer contaminação é problemática para eles. "No caso do vírus, as complicações se agravam por eles serem menores em tamanho, o que diminui a extensão das vias respiratórias. Além disso, os principais anticorpos de uma criança recém-nascida, são transferidos da mãe para bebê no final da gestação, o que no caso dos nascidos prematuramente não acontece", explicou. "A imunização é prevista por meio de prescrição médica, que já acontece no hospital quando o bebê nasce com menos de 29 semanas de gestação".
Em Campo Grande, 87 crianças receberam a imunização no mês passado, entre elas não apenas prematuros, como crianças com doenças pulmonar obstrutiva crônica e cardiopatas até dois anos de idade. Conforme a Secretaria Municipal de Saúde, a medicação, chamada Palivizumabe, é fornecida pelo Ministério da Saúde aos estados e distribuída aos municípios. "A medicação tem validade de 30 dias após a aplicação no organismo e as doses são aplicadas durante todos os meses de circulação do vírus, que compreende fevereiro a julho", foi divulgado por meio de nota da assessoria de imprensa. Como é receitada pelo médico que acompanha o caso, a aplicação necessita de receita, do laudo que diagnostica a criança com a doença, certidão de nascimento, cartão do SUS e os documentos pessoais da mãe ou do responsável.
As aplicações são realizadas no Centro de Especialidades Infantis (CEI), localizado na Avenida Manoel da Costa Lima, 3272. O horário de atendimento é às terças-feiras, a partir das 7h, com entrega de senha e ordem de chegada.
CUIDADOS
Além da imunização, é necessário adotar medidas preventivas para não contaminar os bebês, como lavar as mãos frequentemente e sempre antes de tocar na criança. A importância disto é porque que o vírus permanece vivo nas mãos por mais de uma hora. Mães e pais devem também evitar aglomerações ao redor de seus filhos prematuros e higienizar sempre os objetos do bebê. O vírus também consegue sobreviver por mais de 24 horas em superfícies não porosas, como mesas e outros móveis com superfície lisa. Outras medidas protetivas também são evitar o contato do recém-nascido com crianças mais velhas e adultos com sintomas de resfriados ou gripes, fumantes e ambientes poluídos.
PREMATURIDADE
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que atualmente, o Brasil está entre os dez países com o maior número de nascimento de prematuros, com aproximadamente 340 mil casos ao ano. Conforme o doutor Renato, as principais causas da prematuridade estão relacionadas a gestações múltiplas e a falta de cuidados pré-natal.