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STF condena a censura, mas TRE-MS proíbe jornal de criticar Delcídio do Amaral

Mello ataca setores da magistratura e tribunais por cercearem a liberdade de expressão

ADILSON TRINDADE

20/09/2014 - 11h27
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O Supremo Tribunal Federal (STF) condena com veemência a censura à imprensa, considera transgressão à decisão suprema de proibir o impedimento de reportagens jornalísticas e ataca setores da magistratura que insistem em cercear a liberdade de expressão. Em Mato Grosso do Sul, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) não segue o entendimento da Suprema Corte e vem amordaçando o Correio do Estado sob pena pesada de multa para proteger o senador Delcídio do Amaral (PT), candidato a governador, das críticas e denúncias fundamentadas. Nem as repercussões de matérias publicadas em revistas ou jornais de circulação nacional escapam da censura. Nada se pode fazer contra Delcídio do PT, porque as críticas são consideradas ofensivas. O candidato petista ganhou direito de resposta de notícias reproduzidas pelo Correio do Estado da revista Veja e agências nacionais de notícias por serem consideradas inverídicas. 

A Justiça concordou com a argumentação do senador petista que a notícia sobre o seu envolvimento na fraude da CPI da Petrobras não existe na revista Veja. Na reportagem, o senador foi apontado pela revista de ser peça-chave para orientar o seu amigo e ex-diretor da Petrobras, Nestor Ceveró, a falar na CPI. É só pegar a revista nº 2.385, página 59, para ver estampada a matéria citando Delcídio do PT de levar perguntas a Cerveró. Na página 62, cita o chefe do escritório da Petrobras em Brasília, José Eduardo Barrocos, falando sobre Delcídio do PT de ser encarregado de fazer aproximação com Cerveró. Nesta matéria (ao lado) tem a foto de Delcídio. O senador alegou ainda não existir no vídeo a menção de seu nome. A matéria sobre o vídeo está na página 59 da Veja. Para o TRE, esta matéria não existe.

Foto: Valdenir Rezende/Correio do Estado

No caminho oposto, o ministro Celso de Mello, em julgamento desta semana da reclamação nº 18.566 da revista Consultor Jurídico, criticou veementemente a decisão da juíza Fernanda de Carvalho Queiroz, da 4ª Vara Cível de São Paulo, de mandar retirar publicação que revelou a condenação do autor do espetáculo Edifício London, baseado no assassinato de Isabella Nardoni. Para Mello, a proibição de publicar matéria ou notícia sobre o processo (...) “configura, segundo entendo, clara transgressão ao comando emergente da decisão que esta Corte Suprema proferiu, com efeito vinculante, na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 130/DF”, determinando a proibição de censura a reportagens jornalísticas.

Na mesma decisão e em tom severo, Celso de Mello criticou a atitude de setores da magistratura de usar o poder geral de cautela para censurar a imprensa. “Preocupa-me o fato de que o exercício, por alguns juízes e tribunais, do poder geral de cautela tenha se transformado em inadmissível instrumento de censura estatal, com grave comprometimento da liberdade de expressão, nesta compreendida a liberdade de imprensa. Ou, em uma palavra, como anteriormente já acentuei: o poder geral de cautela tende, hoje, perigosamente, a traduzir o novo nome da censura!” Na decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do STF, sobre a censura a revista IstoÉ, também, entendeu ser do interesse público a publicação de matéria envolvendo autoridades em escândalos. A censura à revista foi feita pela juíza Maria Marleide Maciel Queiroz, de Fortaleza, ao determinar a retirada de circulação por publicar “fatos desabonadores” ao governador do Ceará, Cid Gomes (PSB).

Foto: Valdenir Rezende/Correio do Estado

Ao analisar a censura, Barroso avaliou que o caso se encaixava em uma série de parâmetros adotados para equilibrar se a liberdade de expressão prevalecia sobre direitos da personalidade. Segundo o ministro, a notícia não é deliberadamente falsa, o governador é uma figura pública e existe interesse público na divulgação de supostos crimes e de fatos relacionados à atuação de órgãos públicos. O ministro sugeriu a preferência por sanções a posteriori e não proibições prévias.

“As liberdades de expressão, informação e imprensa são pressupostos para o funcionamento dos regimes democráticos, que dependem da existência de um mercado de livre circulação de fatos, ideias e opiniões. Existe interesse público no seu exercício, independentemente da qualidade do conteúdo que esteja sendo veiculado”, escreveu Barroso na sua decisão à reclamação 18.638 da revista IstoÉ. Mas, em Mato Grosso do Sul, a autoridade pública está protegida pela Justiça Eleitoral com imposição de censura. O efeito vinculante da decisão do STF na ADPF 130/DF é ignorado pelo TRE-MS. Não há conhecimento, no entanto, do senador Delcídio do PT de ter requerido à Justiça Eleitoral pedido de direito de resposta à revista Veja até porque, talvez, alega não existir a matéria.

Política

Conservador pró-Trump preside comissão dos EUA que divulgou relatório sobre Moraes

Jim Jordan foi citado no relatório do 6 de janeiro e ajudou a fundar ala radical do Partido Republicano

19/04/2024 21h00

Ministro Alexandre de Moraes Reprodução

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O presidente da comissão responsável pela publicação do relatório com decisões sigilosas do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), é aliado de Donald Trump e se define como "um dos membros mais conservadores" do Congresso dos Estados Unidos.

Jim Jordan é um deputado do Partido Republicano e preside a Comissão de Judiciário do Congresso. O grupo divulgou na última quarta-feira (17) um documento que afirma haver censura no Brasil.

A comissão foi criada em 1813 e é responsável por supervisionar o Departamento de Justiça norte-americano e avaliar propostas legislativas. Jordan a chefia desde o ano passado.

Natural de Ohio, tem 60 anos e estudou Economia na Universidade de Wisconsin. Lá foi campeão do torneio universitário de luta livre. É formado em Direito pela Universidade da Capital, em Columbus, Ohio, e mestre em Educação pela Universidade Estadual de Ohio.
Ele está no Congresso dos EUA desde 2007 e ajudou a fundar o Freedom Caucus, do qual foi o primeiro presidente. O grupo aglutina parlamentares da ala mais conservadora do Partido Republicano e tem posições mais à direita em temas como política fiscal e imigração.

Jordan é aliado de Donald Trump. O ex-presidente dos EUA lhe presenteou com a Medalha Presidencial da Liberdade em 2021 e o apoiou na campanha para a presidência da Câmara dos Representantes no ano passado.

Segundo o relatório da comissão responsável por investigar os atos do 6 de janeiro, quando apoiadores de Trump invadiram o Capitólio, sede do Legislativo americano, o parlamentar foi um "ator importante" para os planos do ex-presidente de reverter o resultado eleitoral que deu a vitória a Biden.
O relatório da comissão diz que o Brasil, via Judiciário, tenta forçar o X (ex-Twitter) e outras empresas de redes sociais a censurar mais de 300 perfis, incluindo o do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do senador Marcos do Val (Podemos-ES) e do jornalista Paulo Figueiredo Filho.

A assessoria de imprensa do STF afirmou que o documento não traz as decisões fundamentadas que determinaram a retirada de conteúdos ou perfis, mas os ofícios enviados às plataformas para cumprimento delas. "Todas as decisões tomadas pelo STF são fundamentadas, como prevê a Constituição, e as partes têm acesso à fundamentação.

O relatório não fica restrito ao Brasil. O texto afirma que o presidente Joe Biden força empresas de redes sociais como o Facebook a censurar informações verdadeiras, memes e sátiras, de modo a levar a plataforma a mudar sua política de moderação de conteúdo.
 

Política

Moraes diz que Justiça está acostumada a combater 'mercantilistas estrangeiros' e 'políticos extremi

Fala ocorre em meio à união entre Bolsonaro e o bilionário Elon Musk nas críticas ao ministro

19/04/2024 19h00

Ministro Alexandre de Moraes Arquivo/

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O ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), afirmou nesta sexta-feira (19) que a Justiça Eleitoral está "acostumada a combater mercantilistas estrangeiros" e "políticos extremistas".

A fala é uma indireta a união entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o bilionário Elon Musk, dono do X (ex-Twitter), nas críticas às decisões de Moraes sobre a retirada de conteúdos das redes sociais durante a campanha eleitoral de 2022.

"A Justiça Eleitoral brasileira está acostumada a combater mercantilistas estrangeiros que tratam o Brasil como colônia. A Justiça Eleitoral brasileira e o Poder Judiciário brasileiro estão acostumados a combater políticos extremistas e antidemocráticos que preferem se subjugar a interesses internacionais do que defender o desenvolvimento no Brasil" afirmou o ministro na cerimônia de assinatura dos planos de trabalho para a construção do Museu da Democracia da Justiça Eleitoral, no centro do Rio de Janeiro.

Na presença do governador Cláudio Castro (PL), aliado de Bolsonaro, Moraes afirmou que a Justiça Eleitoral "continuará defendendo a vontade do eleitor contra a manipulação do poder econômico das redes sociais, algumas delas que só pretendem o lucro e a exploração sem qualquer responsabilidade".

"Essa antiquíssima mentalidade mercantilista que une o abuso do poder econômico com o autoritarismo extremista de novos políticos volta a atacar a soberania do Brasil. Volta a atacar a Justiça Eleitoral com a união de irresponsáveis mercantilistas ligados às redes sociais com políticos brasileiros extremistas", disse o magistrado.

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