O Correio do Estado encerra hoje a série de entrevistas com os candidatos ao governo de Mato Grosso do Sul (à exceção de Delcídio do Amaral, que declinou do convite), que foram publicadas aos domingos desde o dia 24 de agosto. Evander Vendramini, do PP, iniciou as respostas aos questionamentos, seguido de Sidney Mello, do Psol, Nelson Trad Filho, do PMDB, e Reinaldo Azambuja, do PSDB. Hoje os leitores podem conferir as propostas de Marco Antônio Monje, do PSTU, conhecido como Professor Monje. As publicações ocorrem por ordem de sorteio. Tanto ele quanto os demais candidatos comprometeram-se e cumpriram a solicitação do envio das respostas na mesma data, 19 de agosto, evitando, assim, privilégios posteriores. Nesta entrevista, o candidato fala sobre seu programa de governo, com propósitos voltados à classe trabalhadora e para a construção de uma sociedade socialista.
CORREIO PERGUNTA – Por que pretende ser governador de Mato Grosso do Sul?
PROF. MONJE - Ao olharmos para Mato Grosso do Sul constatamos duas sociedades. Uma onde uma minoria possuidora dos meios de produção é bem atendida nas suas necessidades básicas, tais como: saúde, educação, transporte, moradia... A outra, que vende a sua força de trabalho e é explorada, vê cada dia e cada vez mais longe que as suas necessidades não são atendidas.
O PSTU apresenta o meu nome para a classe trabalhadora de MS com outro proposito em relação às demais candidaturas, dando o pontapé inicial para construirmos uma única sociedade onde não haja exploradores e nem explorados, uma sociedade socialista.
Pacientes ainda sofrem com falta de vagas em hospitais, tendo de esperar horas por transferências para a Capital, onde as unidades estão constantemente superlotadas. Quais são suas metas de investimentos nessa área?
Será necessária uma ampla campanha de exigência junto ao governo federal para que se aplique 10% do PIB já na área de saúde.
Segundo, que o Estado se comprometa que 100% da sua população seja atendida pelo Programa Básico da Saúde da Família.
Terceiro, apresentar um Plano de Estado em que a saúde seja universal e publica.
O PSTU defende a estatização de todos os hospitais filantrópicos e privados, assim como as clínicas e ambulatórios médicos para servir ao interesse do Estado.
Quais suas propostas para a educação, buscando melhorar a qualidade de ensino e criar novas oportunidades no Ensino Superior?
O PSTU defende a imediata aplicação dos 10% do PIB na educação.
Não só para os trabalhadores em educação, mas para todo o funcionalismo público estadual um plano de cargo, carreira e remuneração; a melhoria das condições da infraestrutura de todas as escolas/universidades, assim como melhorias nas condições de trabalho para os trabalhadores em educação.
O PSTU defende um ensino propedêutico, não como algumas correntes do ensino caracterizam o ensino formal desvinculado do ensino técnico. Entendemos que o ensino deva ser integral com o desenvolvimento das potencialidades dos alunos para as artes, para as ciências, para as tecnologias e para a sua formação laboral.
Como pretende fomentar a industrialização do Estado, aliando também a qualificação da mão de obra? Planeja alguma política de incentivo?
É necessário antes de tudo debater esse tema com profundidade junto à classe trabalhadora. Buscar entender cada região do Estado e verificar quais são as suas potencialidades.
Será que as potencialidades de MS são para a industrialização? Será mesmo o melhor caminho para MS? Ou apenas extrair as riquezas de MS para mandar para fora do Estado e/ou do País?
Lembramos que estamos em cima de um dos maiores reservatórios de água do mundo e que temos uma das riquezas mais exóticas do mundo, que é o nosso pantanal.
A partir dessa realidade, vamos planejar o Estado em longo prazo para melhor aproveitarmos as nossas riquezas e delas extrair para atender as necessidades dos trabalhadores. Somos contra qualquer política de incentivo às grandes empresas, pois onera o Estado.
A alta carga tributária, principalmente em relação à alíquota de 17% do ICMS sobre o diesel, é considerada um entrave para o desenvolvimento do Estado. Quais mudanças planeja para tornar MS mais competitivo?
Vamos realizar audiências públicas para debater com a sociedade uma tributação justa. A partir daí, construirmos uma justiça tributária em que quem ganha mais, paga mais.
A logística é outro gargalo. Como pretende melhorar rodovias e ferrovias para escoamento da produção?
O PSTU defende que o governo federal reestatize toda a malha ferroviária.
Não admitiremos que as rodovias de responsabilidade de MS sejam repassadas para o setor privado. Mais que melhorar as rodovias, o Estado deve pensar nos meios de transportes mais baratos, que são as hidrovias e as ferrovias. Mais que utilizá-las para o escoamento de produção, devemos também pensar em utilizá-las para o transporte de passageiros. Ao utilizarmos esses meios de transporte mais baratos, os produtos que serão colocados à disposição da população de MS deverão cair de preço.
Quais serão suas ações para reduzir a criminalidade no Estado e, também, aprimorar a segurança na região de fronteira?
O PSTU defende a imediata desmilitarização da Polícia Militar. Constituindo uma única Polícia Civil onde os delegados sejam eleitos pela sua comunidade. A criminalidade se combate com geração de empregos.
Apresentar um plano de obras públicas que atenda às necessidades da classe trabalhadora, tais como: construção de postos de saúde, escolas, moradia e saneamento básico.
Exigir, até que se efetive a desmilitarização, que o governo federal dê as condições necessárias aos policiais federais para que atuem nessas áreas.
A Lei da Ficha Limpa é considerada importante instrumento para barrar políticos que cometeram atos de improbidade. Como o Sr. avalia a eficácia da medida?
Essa lei foi construída pela classe trabalhadora que não aguentava mais ver tanta corrupção e tanta impunidade nos agentes do Executivo e do Parlamento.
Serve para inibir a corrupção, mas o PSTU defende, além da Lei Ficha Limpa, que deva haver punição rigorosa dos corruptos e que todos os seus bens sejam confiscados para atender a população.
Perfil
Formou-se em Educação Física pela Universidade de Mogi das Cruzes em 1985, e em Psicologia pela UFMS no ano de 1996. Possui especialização em Bases Fisiológicas do Treinamento Desportivo e é mestre em Educação pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Atualmente é professor de Educação Física na rede pública municipal de Corumbá. Iniciou a vida política no movimento estudantil e atuando no movimento sindical dos professores de Corumbá. Filiou-se ao PSTU, foi candidato ao Senado, à Prefeitura de Corumbá e a vice-governador de MS, mas não foi eleito.