Política

mala dinheiro

A+ A-

Sistema que identificou digitais
de Geddel em dinheiro está travado

Sistema que identificou digitais
de Geddel em dinheiro está travado

FOLHAPRESS

21/09/2017 - 20h00
Continue lendo...

Uma das principais ferramentas de investigação da Polícia Federal (PF) está parcialmente inutilizada por falta de manutenção.

O sistema AFIS (sigla da tradução do inglês de Sistema de Identificação Automatizada de Impressões Digitais), que identifica e cruza dados de impressões digitais, não consegue mais armazenar nem cruzar informações.

O sistema foi essencial na identificação das digitais do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) nos pacotes de dinheiro encontrados em apartamento emprestado por seu amigo.

O cancelamento da manutenção aconteceu porque desde o dia 4 de setembro encerrou-se o contrato da Polícia Federal com a IAFIS, empresa responsável pelo suporte do sistema.

Atualmente os papiloscopistas (peritos que identificam impressões digitais) da PF não podem armazenar dados no sistema e nem fazer cruzamento de fragmentos de impressão com os dados armazenados. Foi esse tipo de cruzamento que permitiu encontrar a digital de Geddel nas notas apreendidas.

Um memorando assinado pelo diretor do Instituto Nacional de Identificação, Brasilio Caldeira Brant, foi enviado aos diretores das superintendências regionais da Polícia Federal alertando sobre os problemas no sistema e indicando procedimentos.

"Em função disso (cancelamento da manutenção) e diante do iminente esgotamento do banco de imagens do sistema, cuja manutenção ficava a cargo da empresa contratada, este Instituto Nacional de Identificação orienta a todos os usuários AFIS a não fazer nenhum tipo de inclusão, até que novo contrato seja assinado", diz o documento.

"Tal precaução deve ser tomada já que, completando-se todo o espaço do banco de imagens, toda e qualquer funcionalidade do AFIS será interrompida, sem que seja possível estimar quais prejuízos isso traria ao sistema. Vale ressaltar que o sistema ainda poderá ser utilizado para consultas de impressões digitais constantes no banco de dados."

Outra circular orienta os policiais a não utilizarem o sistema para checar passaportes ou a identidade de foragidos internacionais. "AFIS fora do ar e sem previsão (de retorno). Nesse período as consultas Interpol e todos os passaportes emitidos não serão consultados no sistema", diz a nota.

A reportagem ouviu papiloscopistas da Polícia Federal sobre o problema. Sob a condição do anonimato, eles disseram que o sistema está parado. Passaportes serão emitidos sem garantia de unicidade do cidadão, disse um papiloscopista.

Segundo ele, todas as unidades da PF nos Estados que utilizam o sistema AFIS terão seus trabalhos de perícia papiloscópica (identificação de suspeitos, fragmentos de impressão digital encontradas em local de crime, identificação de estrangeiro) prejudicados.

Outro perito diz que o sistema pode ser perdido de vez, caso não haja manutenção. Se não houver a atualização do software, segundo ele, o AFIS terá sobrevida até, no máximo, abril de 2018. O banco de dados do sistema hoje armazena as digitais de cerca de 23 milhões de pessoas.

O policial federal Flávio Werneck, presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Distrito Federal, diz que o problema é de gestão. "O sistema vai parar por falta de manutenção.

A emissão do passaporte terá o ciclo rompido do ponto de vista de segurança. As perícias serão prejudicadas. Os Estados não poderão fazer pesquisas de fragmentos. Mais um erro de gestão que afeta diretamente as investigações."

DIGITAIS DO GEDDEL

No processo de perícia que identificou a digital de Geddel Vieira Lima no dinheiro apreendido pela Polícia Federal vários equipamentos dos papiloscopistas falharam. A identificação foi possível mais pela persistência dos policiais do que pela eficiência dos instrumentos.

Peritos ouvidos pela reportagem sob a condição de anonimato contam que o equipamento de análise papiloscópica superaqueceu e parou de funcionar várias vezes durante a perícia.

O aparelho usado para recolher as impressões digitais também parou de funcionar por superaquecimento, devido à quantidade de dinheiro a ser periciado combinado com o calor de Salvador. Foram apreendidos R$ 51 milhões no apartamento do amigo do ex-ministro.

O trabalho começou pela manhã. No começo da noite, os papiloscopistas encontraram alguns fragmentos de digitais e passaram então para a fase de comparação com os dados arquivados no sistema AFIS, que não retornou nenhum candidato compatível com os fragmentos descobertos. Foi então que os peritos resolveram comparar o material com as digitais de alguns suspeitos.

Os problemas, porém, continuaram. O leitor biométrico do AFIS parou de funcionar e os peritos levaram cerca de meia hora para conseguir reativá-lo. Depois que conseguiram fazer o sistema funcionar tentaram comparar os fragmentos com as digitais de quatro suspeitos, entre eles, Geddel. O AFIS, então, parou de funcionar novamente.

Por volta de meia noite o AFIS voltou a operar e, finalmente, confirmou que dois dos fragmentos das digitais encontradas no dinheiro eram do ex-ministro Geddel Vieira Lima. Duas da manhã o laudo foi enviado ao delegado do caso.

OUTRO LADO

A Polícia Federal divulgou nota em que diz que "o sistema AFIS - Sistema Automatizado de Identificação de Impressões Digitais - continua em funcionamento".

Segundo a PF, "nenhum serviço prestado pela Policia Federal que dependa da pesquisa nessa base de dados será afetada. O processo de assinatura do novo contrato está em vias de finalização."

Política

Jair Renan Bolsonaro vira réu sob acusação de fraude em empréstimos bancários

Segundo o MPDFT, a empresa de Renan, a RB Eventos e Mídia, apresentou números falsos, que indicavam faturamento da empresa no valor de R$ 4,6 milhões entre 2021 a 2022

28/03/2024 07h45

Continue Lendo...

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal tornou réu Jair Renan Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e outras cinco pessoas sob a acusação dos crimes de falsidade ideológica e uso de documento falso para a obtenção de empréstimos bancários em nome de uma empresa de eventos.

A denúncia do MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios) foi recebida pela 5ª Vara Federal do TJDFT na última segunda-feira (25). A partir do momento em que ocorrer a intimação de forma presencial, as defesas terão dez dias para apresentar as primeiras respostas.

Entre os réus está Maciel Alves de Carvalho, ex-empresário e ex-professor de tiro do filho 04 de Bolsonaro.
O advogado Admar Gonzaga, que defende Jair Renan, afirmou que ele foi vítima de um golpe montado por uma pessoa, que apenas depois se soube ser conhecida pela polícia e pela Justiça. De acordo com ele, tudo ficará esclarecido no curso do processo, no qual a defesa apresentará provas e fundamentos a respeito.

Já a defesa de Maciel afirmou que "acredita na inocência de Maciel e provará no curso processual".
A denúncia se baseou em investigação da Polícia Civil do Distrito Federal, que indiciou Renan e os demais suspeitos no início deste ano.

Segundo o MPDFT, a empresa de Renan, a RB Eventos e Mídia, apresentou números falsos, que indicavam faturamento da empresa no valor de R$ 4,6 milhões entre 2021 a 2022, a uma instituição financeira para lastrear os empréstimos.

A investigação aponta que foram formalizadas três transações em nome da RB. A primeira foi de cerca de R$ 157 mil, a segunda de R$ 250 mil e a terceira de R$ 291 mil.

De acordo com investigadores, Renan teria usado parte dos valores levantados com essas operações financeiras para pagar faturas de cartões de crédito da empresa.

Os suspeitos teriam forjado informações empresariais, incluindo a suposta maquiagem no faturamento da empresa, usando dados de contadores sem o consentimento destes profissionais.

O esquema para viabilizar os empréstimos ainda envolveria a transferência de recursos por meio de contas laranjas, abertas em nome de pessoas fictícias.

A apuração na fase policial apontou a "existência de uma associação criminosa cuja estratégia para obter indevida vantagem econômica passa pela inserção de um terceiro, 'testa de ferro' ou 'laranja', para se ocultar o verdadeiro proprietário das empresas de fachada ou empresas 'fantasmas', utilizadas pelo alvo principal e seus comparsas".

Dois dos investigados, segundo os autos do inquérito, usavam uma identidade falsa (nome Antonio Amancio Alves Mandarrari) para abertura de conta bancária e para figurar como proprietário de empresas na condição de "laranja" com o objetivo de movimentar valores obtidos pelo grupo.

Em agosto passado, o filho do ex-presidente foi alvo de buscas no bojo dessa apuração. Policiais apreenderam celulares, HDs e documentos em endereços ligados a ele em Brasília e Balneário Camboriú (SC).

Em processo paralelo à investigação, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal intimou Renan e a RB em fevereiro passado a pagar à instituição financeira que liberou os empréstimos dívida pendente no valor de R$ 360 mil.

"Esta decisão tem força de certidão de admissão da execução, para fins de averbação no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos à penhora ou arresto", escreveu à época o juiz João Batista Gonçalves da Silva.

Renan foi alvo de outras apurações, por suspeitas de tráfico de influência, em troca de propina, junto a órgãos do governo então comandado pelo pai. O filho 04 de Bolsonaro negou as acusações de recebimento de valores ilícitos e de defender interesses empresariais junto ao Executivo.

"Eu me sinto revoltado com tudo isso que tá acontecendo. Nunca recebi nenhum cargo, nenhum dinheiro, nunca fiz lavagem de dinheiro, e estão tentando me incriminar numa coisa que não fiz", afirmou na ocasião.

LULA-MACRON

'Somos as potências que não querem ser os lacaios de outros', diz Macron ao lado de Lula no Rio

A visita do complexo naval faz parte de uma agenda de visitas de Macron de três dias ao país. Ele passará, no total, por quatro cidades, encerrando nesta quinta-feira (28), em Brasília

27/03/2024 18h00

A visita do complexo naval faz parte de uma agenda de visitas de Macron de três dias ao país Crédito: Ricardo Stuckert / Agência Brasil

Continue Lendo...

Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e da França, Emmanuel Macron, defenderam nesta quarta-feira (27), em Itaguaí (RJ), a ampliação da cooperação militar entre os dois países para que, juntos, atuem na manutenção da paz mundial.

Macron fez um duro discurso crítico aos conflitos mais recentes no planeta, porém sem mencionar nenhum específico. Afirmou que Brasil e França devem fortalecer seu poderio militar para não serem "lacaios de outros" países.

"Nós rejeitamos o mundo que seja prisioneiro da conflituosidade entre duas grandes potências. Queremos defender nossa soberania, e juntos com isso o direito internacional em todo mundo. Acreditamos na paz porque ela constrói equilíbrios. Isso exige que sejamos fortes", disse Macron.

A fala ocorreu no Complexo Naval de Itaguaí (RJ) durante a cerimônia de batismo e lançamento ao mar do submarino Tonelero, terceiro dos quatro submarinos convencionais com propulsão diesel-elétrica previstos no Prosub (Programa de Desenvolvimento de Submarinos).

O Prosub faz parte de um acordo de parceria estratégica assinado entre França e Brasil em 2008. Estimado em R$ 40 bilhões em valores atuais, prevê também a construção de um submarino convencional movido a propulsão nuclear, batizado de "Álvaro Alberto".

"As grande potencias pacíficas, como a França e o Brasil, devem reconhecer que, neste mundo cada vez mais organizado, temos que ser capazes de fazer uso de falar da firmeza e da força. Somos as potências que não querem ser os lacaios de outros. Temos que saber defender com credibilidade a ordem internacional", afirmou o presidente francês.

Lula defendeu a ampliação da cooperação internacional militar entre os dois países para ajudar o Brasil a "conquistar maior autonomia estratégica diante os múltiplos desafios que a humanidade se depara nesse século 21".

"O presidente Macron e eu concordamos em ampliar esse esforço com a comissão do Comitê Bilateral em armamentos, para promover maior equilíbrio no nosso comércio de produtos de defesa", disse Lula.

"É uma parceria que vai permitir que dois países importantes, cada um em um continente, se preparem para que a gente possa conseguir conviver com essa diversidade sem nos preocupar sem qualquer tipo de guerra porque somos defensores da paz."

O presidente também disse que é necessário "se preocupar com a tranquilidade de 203 milhões de brasileiros que moram nesse país". "Hoje nós sabemos que existe um problema muito sério de animosidade contra o processo democrático neste país e no planeta Terra."

A visita do complexo naval faz parte de uma agenda de visitas de Macron de três dias ao país. Ele passará, no total, por quatro cidades, encerrando nesta quinta-feira (28), em Brasília.

Na segunda-feira (26), Lula e Macron anunciaram em Belém um plano de investimentos em bioeconomia para a amazônia. O presidente francês deixa o Rio nesta tarde para participar de compromissos em São Paulo.

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).