Política

Entrevista Antonio João

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"Se a Dilma tiver um pouco
de nobreza, pede para sair
e vai embora para casa"

"Se a Dilma tiver um pouco
de nobreza, pede para sair
e vai embora para casa"

Cristina Medeiros

12/07/2015 - 00h00
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Indignado com a atual situação política e econômica do Brasil – a exemplo da maioria da população –, o jornalista e empresário Antonio João Hugo Rodrigues opina, nesta entrevista, sobre os assuntos que mais nos têm afligido ultimamente. Ele fala sobre a crise nacional e também regional, fruto, respectivamente, da incompetência da presidente Dilma Rousseff e dos ex e atuais prefeitos de Campo Grande. Cita a grande repercussão do nome do senador Delcídio do Amaral, ligado às maracutaias de desvios de dinheiro, e diz que investir em educação é o principal caminho para grandes mudanças.

CORREIO PERGUNTA – Vivemos uma crise sem precedentes, no que diz respeito a desvio de bilhões de reais por parte de quem deveria gerir corretamente o dinheiro do povo. Esta conduta, investigada pela operação “Lava Jato”, manchou a história passada e presente do Brasil. Diante deste cenário, como sair da crise?
ANTONIO JOÃO HUGO RODRIGUES – Penso que da crise você sai com uma administração diferente. Se você colocar uma administração como está aí, não vai a lugar nenhum. É preciso que a população escolha o próximo presidente, respalde o próximo presidente, acreditando, sobretudo, que ele não vai montar uma outra ladroagem.

Como o senhor avalia o papel da presidente Dilma Rousseff neste momento de crise tão profunda? Ela foi omissa, prevaricou no caso Petrobras? O senhor é a favor do impeachment dela?
A presidente Dilma Rousseff mentiu muito para todo mundo. E uma pessoa que mente para ganhar uma eleição não merece ficar no cargo. Eu acho que impeachment é uma coisa que a gente já viu no tempo do Fernando Collor. Penso que, se a Dilma tiver um pouco de nobreza, pede para sair e vai embora para casa, e deixa o País andar sem ela. Ela é a grande responsável por tudo que aconteceu, porque não teve capacidade gerencial. Ela é uma farsa administrativa e deu no que deu.

O senador Delcídio do Amaral foi citado na entrevista da revista Veja como beneficiário do esquema de desvios bilionários da Petrobras – dizem que ele levou R$ 500 mil. O senhor concorda  que “desvio de dinheiro” não pode ser chamado meramente de corrupção e, sim, de roubo? Que quem a pratica não pode ser chamado de político, mas sim partícipe de uma ação criminosa?
Sim, acho que sim. O senador Delcídio do Amaral foi citado agora por R$ 500 mil. Mas só o Ricardo Pessoa deu R$ 8 milhões a ele, a Camargo Corrêa deu R$ 3 milhões, a Engemix deu outros milhões. A gente pergunta: este Ricardo Pessoa, o que viu no Delcídio? Deve ter ficado literalmente apaixonado pelo Delcídio, dizendo assim: “Lindão do Pantanal, eu vou dar R$ 8 milhões para você!”. Claro que não é isso! O ex-diretor da Petrobras, que é o Delcídio, está dentro desta confusão toda. Desde lá atrás, quando ele era do PSDB, diga-se de passagem. Ele saiu e foi para o PT, para se eleger senador. Ele era diretor da Petrobras, de Gás e Energia, então participou desta confusão toda e recebe benesses até hoje. Estava recebendo na campanha. Ninguém dá R$ 8 milhões ou R$ 3 milhões para uma pessoa simplesmente porque acha ela o máximo. É porque há um comprometimento muito sério e ele terá de explicar isso.

Há benefícios para ambos os lados?
Sim, há benefícios sim. Eu penso que as empreiteiras começaram corrompendo e terminaram sendo extorquidas. A ganância deste povo foi muito grande!

O senhor diria que muito da crise também vivida na Prefeitura de Campo Grande – cidade ultimamente jogada às traças – é fruto da desonestidade de políticos, de mandos e desmandos a favor de um e de outro?
Eu acho que Campo Grande, durante muitos anos, teve bons prefeitos. Alguns excepcionais, mas nenhum prefeito nestes últimos 30, 40 anos. De repente a população se encantou por um indivíduo chamado Bernal, que na sua essência é um homem desonesto. Ele entrou na prefeitura, fez a bagunça que fez, foi cassado e deixaram no lugar dele Gilmar Olarte, que é farinha do mesmo saco. Quando Bernal queria que eu fosse vice dele, agradeci muito, mas pensei: “Não dá para lidar com um Bernal deste”. Agora, estamos pagando um mico danado, Campo Grande está sofrendo e vai sofrer muito ainda, para se recuperar depois, se tiver um bom administrador. O perigo é o povo, de repente, escolher um outro “Bernal da vida”. Não “o Bernal”, mas um outro “Bernal”, um outro sujeito despreparado. Nós teremos de escolher bem e olhar bem que pessoa é esta, de onde veio, o que ele gerenciou, o que ele fez de bom e fazer a melhor escolha. Do contrário, estaremos fuzilados!

O governo eleito de MS completa seis meses de atuação. Ele está no caminho certo ou deixa a desejar?
Não diria que deixa a desejar e não diria que está no caminho certo ou errado. Eu acho que seis meses é um período curto, principalmente porque, quando o governador Reinaldo Azambuja tomou posse da cadeira de governador, começou a enfrentar crise que não foi ele que inventou, foi o governo do PT. Ele está pagando alto preço disso e terá de fazer um exercício fantástico para sobreviver neste próximo ano e meio, para, então, tomarmos o rumo e podermos respirar, assim como ele também, e colocar Mato Grosso do Sul no caminho certo. Mas ninguém espere nenhum milagre, não. Ele está fazendo um bom trabalho na saúde, está fazendo um bom trabalho até este meio de ano, até porque é impossível fazer mais do que ele está fazendo. Ele vai na corda bamba não por incompetência, mas por dificuldades que ele herda do governo do PT.

No momento atual, o que o senhor considera que precisa ser feito, prioritariamente, para o desenvolvimento de MS? É preciso começar por onde?
É preciso começar pela educação, porque ela é o caminho de tudo. Você veja que aprovaram aí a redução da maioridade penal. Eu acho que tem de dar um basta nesta criançada assassina. Mas acho infeliz o país que, em vez de construir escolas, tem de construir presídios para esta criançada, é muito triste isso. É um País com a administração caolha. O PT ficou 12 anos no poder e poderia ter feito muito pela educação e não fez. Nós estamos pagando o preço, esta criançada é vítima dos traficantes, da bandidagem, da má formação moral. E aí vai para a cadeia e sai mais bandida do que entrou, não vai mudar muita coisa, não. Os valores mudaram muito: não tem escola nem berço, não tem nada. Hoje, os pais têm medo de dizer não para os filhos, não pode fazer isso pois se arrisca a ser agredido, maltratado. Então, está tudo muito confuso. Mas a educação é o caminho, pois, se não investir nela, tudo o que se fizer cairá depois!

Recentemente, o senhor deixou a presidência do PSD de Mato Grosso do Sul. Quais são seus planos dentro do partido neste momento? A população pode contar com a confirmação de sua pré-candidatura à Prefeitura de Campo Grande?
Não, eu não sou candidato a nada, não sou pré-candidato a nada. Eu sou filiado ao PSD, um partido do qual eu fui fundador não só em Mato Grosso do Sul, mas nacionalmente, estou na ata da fundação do partido. Não apoiei o partido nesta eleição porque eles estavam com a Dilma Rousseff e eu não ia ficar com o PT. Então, terminada a eleição, como o partido continua no mesmo caminho, sou obrigado a ficar fora disso, porque contraria aquilo que eu acredito e o que eu penso. E eu não sou candidato a nada, vou continuar tentando ajudar Campo Grande por outros meios, na boa! Eu estou com 67 anos, farei 68 e é hora de parar, já trabalhei desde os meus 7 anos, está bom para parar.

Mas o senhor  pretende levar  o seu apoio a algum candidato à prefeitura?
Hoje temos somente pré-candidatos que nem sabem se vão, é muito difícil. Mas eu vejo bons nomes: o Marcos Trad é um bom nome, Dagoberto Nogueira é um bom nome, eu vejo como boas pessoas. Agora, serão candidatos? Eu lá sei! Eu sei apenas que eu não sou candidato a nada, quero me envolver o menos possível em política. Estou numa fase maravilhosa de minha vida e não quero mais esculhambá-la com isso, não.

MPE

Vereador Claudinho Serra e mais 21 são denunciados por esquema de corrupção

Ministério Público Estadual fez a denúncia pelos crimes de peculato, corrupção passiva, organização criminosa, fraude em licitações e concurso material de crimes

19/04/2024 12h00

Vereador Claudinho Serra está preso desde o dia 3 de abril Foto: Arquivo / Correio do Estado

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O vereador Claudinho Serra e mais 21 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público (MPMS) pelos crimes de peculato, corrupção passiva, organização criminosa, fraude em licitações e concurso material de crimes. Ele está preso desde o dia 3 de abril, durante operação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco).

Conforme o Ministério Públicos, os denunciados faziam parte de uma organização criminosa destinada a fraudar licitações para desviar dinheiro públicos em Sidrolândia, em esquema que funcionava desde 2017.

A organização era formada por agentes públicos e privados, destinada à obtenção de vantagens ilícitas decorrentes, principalmente, dos crimes de fraude ao caráter competitivo de inúmeros processos licitatórios e desvio de dinheiro público diante da não prestação ou não entrega do produto contratado.

"Um meio para isso foi a criação ou a utilização de pessoas jurídicas já existentes para a participação conjunta nos mesmos processos licitatórios, com o prévio incremento do objeto social sem, contudo, apresentarem qualquer tipo de experiência, estrutura e capacidade técnica para a execução dos serviços ou fornecimento dos bens contratados com o ente municipal", diz a denúncia.

Veja o nome dos denunciados e crimes atribuídos a cada um:

  • Claudinho Serra – organização criminosa, fraude ao caráter competitivo de licitação pública, fraude ao contrato decorrente da licitação, peculato, corrupção passiva e concurso material de crimes.
  • Carmo Name Júnior – organização criminosa, fraude ao caráter competitivo de licitação pública, fraude ao contrato decorrente da licitação, peculato, corrupção passiva e concurso material de crimes.
  • Ueverton da Silva Macedo, vulgo Frescura - fraude ao caráter competitivo de licitação pública, peculato e  concurso material de crimes.
  • Ricardo José Rocamora Alves - fraude ao caráter competitivo de licitação pública, corrupção ativa, peculato e  concurso material de crimes.
  • Thiago Rodrigues Alves – organização criminosa, fraude ao caráter competitivo de licitação pública, corrupção ativa, peculato e concurso material de crimes.
  • Milton Matheus Paiva Matos - fraude ao caráter competitivo de licitação pública, corrupção ativa e concurso material de crimes.
  • Ana Cláudia Alves Flores – organização criminosa, fraude ao caráter competitivo de licitação pública e concurso material de crimes.
  • Marcus Vinícius Rossentini de Andrade Costa - organização criminosa, fraude ao caráter competitivo de licitação pública, fraude ao contrato decorrente da licitação e concurso material de crimes.
  • Luiz Gustavo Justiniano Marcondes - organização criminosa, fraude ao caráter competitivo de licitação pública e concurso material de crimes.
  • Jacqueline Mendonça Leiria - organização criminosa, fraude ao caráter competitivo de licitação pública, fraude ao contrato decorrente da licitação e concurso material de crimes.
  • Heberton Mendonça da Silva - organização criminosa, peculato e concurso material de crimes.
  • Roger William Thompson Teixeira de Andrade - fraude ao caráter competitivo de licitação pública e concurso material de crimes.
  • Valdemir Santos Monção - organização criminosa, fraude ao caráter competitivo de licitação pública, corrupção ativa e concurso material de crimes.
  • Cleiton Nonato Correia - organização criminosa, fraude ao caráter competitivo de licitação pública, corrupção ativa e concurso material de crimes.
  • Edmilson Rosa - organização criminosa, fraude ao caráter competitivo de licitação pública, corrupção ativa, peculato e concurso material de crimes.
  • Fernanda Regina Saltareli - organização criminosa, fraude ao caráter competitivo de licitação pública, corrupção ativa e concurso material de crimes.
  • Maxilaine Dias de Oliveira - fraude ao caráter competitivo de licitação pública.
  • Roberta de Souza - fraude ao caráter competitivo de licitação pública e concurso material de crimes.
  • Yuri Moraes Caetano - organização criminosa e concurso material de crimes.
  • Rafael Soares Rodrigues – peculato e concurso material de crimes.
  • Paulo Vitor Famea – corrupção passiva e concurso material de crimes.
  • Saulo Ferreira Jimenes - peculato

Todos são apontados como integrantes do esquema criminoso, cada qual a seu modo e com estrutura ordenada, caracterizada pela divisão de tarefas.

Claudinho Serra era o chefe do esquema de corrupção na Prefeitura de Sidrolândia, de onde foi secretário municipal de Finanças, Tributação e Gestão Estratégica de Sidrolândia (Sefate) e é genro da prefeita Vanda Camilo (PP).

A denúncia foi assinada pelos promotores do Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gecoc) Adriano Lobo Viana de Resende e Humberto Lapa Ferri, pela promotora de Justiça Bianka M. A. Mendes, e pelo promotor do Gaeco, Tiago Di Giulio Freire.

O MPMS requer que o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul receba a denúncia e que prossiga o feito nos termos do Código de Processo Penal e da lei especial, citando os denunciados e ouvindo e as testemunhas arroladas na sequência, até final decisão de condenação

Esquema

Segundo o MPMS, o esquema criminoso tinha como modo de operação a prática de fraude no caráter competitivo das licitações, valendo-se de diversas empresas vinculadas ao grupo criminoso; prática de preços muito baixos em comparação com o mercado, fazendo com que tais empresas sempre saíssem vencedoras; realização de vários empenhos pela Prefeitura de Sidrolândia, objetivando receber os valores pretendidos pelo grupo criminoso, independentemente da real necessidade da municipalidade; deliberação dos empresários sobre qual a margem de lucro relativa ao valor repassado a título de propina, em quais contratos públicos recairiam esses valores e sobre quais produtos recairiam as notas fiscais forjadas.

Claudinho Serra é apontado como o chefe do esquema. Segundo o MPMS,  na condição de ex-secretário municipal de Fazenda de Sidrolândia e atual vereador em Campo Grande, desempenharia o papel de mentor e de gestor da provável organização criminosa, perante a Prefeitura de Sidrolândia, que, mesmo não ocupando cargo atualmente dentro da Administração, continuaria a comandar a organização e a obter vantagens ilícitas perante a municipalidade.

O modo de operação utilizado pelo grupo é demonstrado em mensagens, que constam na denúncia, trocadas entre Ricardo José Rocamora Alves e Ueverton da Silva Macedo, o Frescura, no dia 23 de setembro de 2023, quando Rocamora inicia conversa com Ueverton enviando imagem de maços de dinheiro e, na sequênca, disse que havia notas fiscais para emitir até as 15 horas do mesmo dia, às quais ele se prontifica a fazer dentro do prazo.


 
Além disso, Ricardo Rocamora questionou se o empenho já estaria pronto, obtendo resposta positiva da parte de “Frescura”, dizendo que é pedido do “Chefe”, em referência a Claudinho Serra.

Ricardo Rocamora orientou Ueverton Macedo a falar com Tiago Basso, servidor da prefeitura e envolvido na organização criminosa, para emitir a nota fiscal relacionada, aleatoriamente, ao setor de obras, pois "Ele" (Claudinho Serra) queria o dinheiro no mesmo dia, R$ 8.450,00 para si e mais R$ 15.000,00 em favor de "Beleza".

Por esse motivo, "Frescura" enviou mensagem para que o valor acordado fosse transferido para Milton Matheus Paiva Matos, integrante da organização, que repassaria a parte de "Claudinho" e a dos demais beneficiários, conforme ordem deste.
 
Outro fato relevante apontado pelo juiz é o que aconteceu no dia 19 de janeiro do ano passado, quando "Frescura" enviou mensagem a Ricardo Rocamora para "ir devagar" na emissão de notas fiscais para a Secretaria de Fazenda de Sidrolândia, já que teria recebido informações de que Claudinho Serra seria nomeado para ocupar um cargo no Governo do Estado.

O magistrado citou ainda a empresa de publicidade Papo com Ton (Heberton Mendonça da Silva), que seria intermediária entre a Prefeitura de Sidrolândia e a empresa Art e Traço Publicidade e Assessoria Eireli, que venceu o Processo Licitatório 123/22, homologado em 11 de abril de 2022, com valor inicial de R$ 1.500.000,00.

Após 8 dias da homologação, foi criada a empresa Heberton Mendonça da Silva (Papo com Tom) e, em 22 de agosto de 2022, começam as investidas do servidor público Tiago Basso, pressionando a empresa vencedora da licitação, Art e Traço.
 
Essa atuação de Tiago Basso teria sido por orientação de Carmo Name Júnior, assessor de Claudinho Serra, sendo que, mesmo diante do questionamento acerca de irregularidades com a empresa Heberton Mendonça da Silva, Tiago Basso autorizou a liberação do pagamento pela empresa Art e Traço.
  
Por fim, o último fato citado é a retirada do ar do Portal da Transparência da Prefeitura de Sidrolândia, como demonstrou conversa realizada por Carmo Name Júnior, assessor de Claudinho Serra. Nesse bate-papo, ele recebe orientação destinada a repassar ao “Chefe” (Claudinho Serra) sobre o modo de obstar o conhecimento público acerca das diárias pagas pela municipalidade, de modo que a solução encontrada foi a retirada do próprio Portal da Transparência do ar, subtraindo dos órgãos de controle e da sociedade o conhecimento acerca da transparência das contas públicas.

CAMPO GRANDE

Beto Pereira promete zerar filas em creches e vê chance em ser "desconhecido"

Pré-candidato compara momento com ascenção de Eduardo Riedel e Reinaldo Azambuja e faz parâmetro entre feitos da atual gestão municipal com o período de quando foi prefeito por Sidrolândia

19/04/2024 11h33

Para pré-candidato município vive "abismo e caos financeiro" e promete desde extinguir pontos de ônibus sem cobertura até replanejar transporte público Reprodução

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Sabatinado na manhã desta sexta-feira (19), em rodada de entrevista dos principais pré-candidatos à prefeitura de Campo Grande iniciativa do Correio do Estado e CBN , o tucano Beto Pereira sinalizou algumas de suas intenções caso chegue ao Executivo Municipal, entre elas: zerar a fila por vagas em creches; replanejar o transporte público e, se comparando com Riedel e Azambuja, disse não se importar com pesquisas de popularidade eleitoral, vendo uma oportunidade no fato de ser "desconhecido". 

"Não são importantes os números quantitativos, mas o sentimento qualitativo do perfil de quem vai gerir a Capital. Riedel é o último grande exemplo na candidatura ao Governo, o próprio Reinaldo quando disputou estar conhecido entre 50% dos campo-grandenses e com 10% na pesquisa já mostra nossa competitividade", disse. 

Para Beto Pereiro, esse "desconhecimento" por parte do eleitorado se dá pelo fato de que não disputou até hoje uma eleição majoritária em Campo Grande, diferente dos demais candidatos que basicamente, segundo o parlamentar estão "na boca do povo" por disputarem repetidos pleitos na Capital. 

"Sentimento que permeia sobre o campo-grandense e que busca incansavelmente, porque se frustrou por 12 anos nas suas escolhas, por alguém que tenha capacidade, interlocução e que possa devolver esperança para Campo Grande". 

Ainda, o pré-candidato esclareceu que sua experiência enquanto prefeito pelo município de Terenos, aliada às vastas alianças formadas entre seu partido (PSDB) com demais siglas, devem garantir uma gestão equilibrada na Capital. 

"Prefixo 3246, pergunte sobre a gestão de Beto. As pessoas que ali residem vão dar o testemunho e aval para qualquer tipo de pretensão. Com orçamento pequeno em cidade pequena fizemos grandes realizações. No déficit habitacional, 500 casas erguidas. Em relação de proporção, seriam 30 mil novas moradias edificadas pelo poder público em Campo Grande", argumenta o político. 

Visão para a Capital

Beto salienta a situação atual, de 10 mil crianças aguardando por uma vaga em creches de Campo Grande, e afirma que "pode apresentar solução porque já enfrentamos esses problemas". 

"Em parceria com o setor produtivo, vamos buscar apoio do Governo Federal para construção e edificação; apoio do Governo do Estado, que tem um alinhamento político com compromissos que assumimos para Campo Grande e todo esse envolvimento da sociedade possibilitará o município zerar vaga em creche", frisa. 

Ele aponta também para um descumprimento ao Plano Nacional de Educação, por parte da atual gestão municipal da Capital, de que 50% das escolas deveriam funcionar em período integral neste ano, ou 30% das matrículas. 

"Com mais de 100 unidades no ensino fundamental, apenas 6 estão em período integral. É outra realidade no Governo do Estado onde mais de 60% das escolas são nesse modelo e 1 em cada 3 alunos da rede estadual de ensino estudam na modalidade integral"

Sobre transporte público, Beto Pereira listou que 39 km das linhas de ônibus, na Capital, não possuem sequer pavimentação, dizendo que isso gera atraso e complexidade ao transporte municipal. 

"Temos que extinguir os pontos de ônibus sem abrigos. Os terminais têm que ter manutenção periódica. Não pode esperar anos por um simples reparo no banheiro. Precisamos exigir que os veículos tenham condição e idade mínima para trafegar.

Precisamos remodelar e investir em sinalização com temporizador. Em momento que discute inteligência artificial, não podemos não usar tecnologia para melhorar Campo Grande", cita ele.

Já quando o assunto é saúde, ele lista que os passos para lidar com os atuais problemas enfrentados por Campo Grande nesse setor, como a falta de medicamentos, por exemplo, são: 

  1. Seriedade,
  2. Planejamento e
  3. Começar a atender a saúde no básico. 

"82% da população migra diretamente a uma UPA porque não acredita no atendimento básico de saúde. Lá não existe remédio, insumo, porque a condição de trabalho é insalubre. Se ele [paciente] recebe a prescrição de uma endoscopia, encontra uma fila de 11 meses", comenta Beto.

O tucano ainda incita que os problemas de Campo Grande não acontecem por falta de dinheiro, uma vez que o município tem cerca de dois bilhões de reais em orçamento e "não dão conta de licitar Não dão conta de licitar os remédios da farmácia básica e fralda geriátrica só por decisão judicial. 

Beto também faz questão de destacar sua posição de quem, segundo ele, "sempre defendeu meritocracia", quando o assunto é sobre o trato do município para com os profissionais médicos da rede de saúde campo-grandense. 

"Existe o que é base: salário, insalubridade e claro, você bonificar profissionais por meritocracia é uma oportunidade a ser construída, fiz isso enquanto prefeito na educação". 

Lidando com polêmicas

Entre os problemas a serem enfrentados por Beto, caso vença o pleito desse ano e chegue ao cargo de prefeito, como ele bem lista, entre outros pontos, passam pelo setor econômico e de investimentos, e valorização de servidores

"Tem um paradoxo. A folha de pagamento, o gasto com pessoal, cresceu 49% nos últimos 5 anos, mas não contemplou o servidor de carreira, não se traduziu em pagar direitos, como insalubridade, periculosidade, quinquênios. Onde foram depositados esse mais de 1 bilhão de reais por ano? Justamente na folha secreta, cargos em comissão e planos de trabalho", expõe. 

No que ele considera um "abismo e caos financeiro", explica que caso vença uma das atitudes logo que assumir como prefeito, será sentar com as categorias para planejar e escalonar os cumprimentos das ordens judiciais impetradas ao município de Campo Grande. 

"Existem várias decisões, o município vem descumprindo ordens judiciais de pagamentos de servidores e não enxergando disposição da prefeitura de encarar uma decisão judicial".  

Além disso, o pré-candidato foi abordado sobre o Projeto de Emenda à Constituição (PEC) do Penduricalho, aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado, que tem impacto estimado de R$ 40 bilhões anuais federalmente, que respingam aos Estados em efeito cascata, se colocando contra essa "legalização". 

"Na outra legislatura fui signatário de uma PEC, de Pedro Cunha Lima, chamada 'dos penduricalhos', que extinguia todo e qualquer desse tipo. Existe uma supremacia constitucional... ninguém pode receber mais que o presidente do Supremo Tribunal Federal. Sou contra", apontou.  

Beto ainda faz questão de comentar um "apagamento" por parte de Campo Grande, diante dos esforços estaduais em se mostrar e angariar investimentos nacionais e internacionais do setor privado, citando como exemplo o MSDay que aconteceu no ano passado em São Paulo e tem edição marcada para Nova York. 

"Onde chamou empresários e mostrou potencialidades de MS para investidores, demonstrando ambiente favorável e não vimos a participação de Campo Grande. Agora vai para o MSDay em Nova York para mostrar para esses investidores, e enxergamos a necessidade de CG fazer o mesmo. A importância de cuidar dos investimentos. 

Para Beto Pereira, é necessário receber esse investimento com obrigação de ser agente facilitador e fiscalizador, sinalizando que sua pretensão, se eleito, é levar o município atrás do investidor.

"E não ele [empresário] que virá suplicando apoio. Investidor, na minha gestão vai ser tratado com tapete vermelho".

E se tratando de polêmica, o pré-candidato flamenguista não escapou de responder sobre quando acompanhava uma disputa do seu time, com seu nome constando como "em missão oficial". 

Beto alega que não houve nenhum tipo de subsídio para aquela viagem, que foi feita em família, afirmando que ele foi o responsável por custear todas as despesas 

"Dos membros da mesa, o único aqui de MS sou eu. O terceiro suplente e, por isso, todas às vezes que me ausento, dentro da classificação da Câmara, você está em missão. Foi uma classificação errônea que o sistema fez de estar em missão oficial. Naquela ocasião iniciam os trabalhos legislativos. Não havia comissões formadas ou votação nominal, por isso da minha ausência", pontuou. 

Alianças e vice

Beto argumenta que sua permanência no cargo legislativo, ao invés de adentrar em alguma pasta no governo de Eduardo Riedel, não prejudicou sua imagem, argumentando que seu partido (PSDB) tem candidato, arco de aliança, cogitando inclusive Jaime Verruck (que migrou do Partido Progressistas para o PSD e é braço direito do governador) como seu vice-prefeito. 

"Ele não filiou ao PSD, ele saiu do PP [brinca Beto Pereira]. Fico feliz do Jaime sair do PP e vir para o PSD, dentro do nosso arco. Tem uma competência de gestão e poder de articulação muito grande, o partido ganha muito. Mas existe algo pacífico", indica. 

Beto cita que o representante da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Educação (Semadesc) já colabora significativamente com seu projeto, subsidiando dados que servem de comparativo para o Tucano, cogitando a possibilidade da aliança, mas sem excluir as pontes construídas até então. 

"Ao longo do período tivemos a formação, durante a janela partidária, de uma frente ampla em favor de Campo Grande. Tivemos manifestação do PSD, PODEMOS, PSB, REPUBLICANOS. A indicação do vice virá da aliança que foi formada. Não existe compromisso de que será deste ou daquele partido e não será observado de forma pragmática a decisão do vice, mas sim para somar", expõe. 

 

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