Política

ENTREVISTA

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"Quero ser um senador incansável", diz Antonio João

Candidato ao Senado critica voracidade arrecadatória da União e defende
mudança na política de benefícios fiscais em Mato Grosso do Sul

CRISTINA MEDEIROS E MILENA CRESTANI

22/09/2014 - 08h00
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No dia 25 de agosto, o Correio do Estado deu início à publicação de série de entrevistas com os candidatos de Mato Grosso do Sul ao Senado. Por ordem de sorteio, já foram publicadas as respostas de Lucien Rezende (25), Alcides Bernal (1º), Ricardo Ayache (8) e Simone Tebet (15). Hoje, os leitores podem acompanhar as propostas apresentadas pelo empresário e jornalista Antonio João. Todos os candidatos  comprometeram-se e cumpriram a solicitação do envio das respostas na mesma data, 19 de agosto, evitando privilégios posteriores. Nesta entrevista, Antonio João fala que pretende ser um empregado dos sul-mato-grossenses e não apenas um “fazedor de discursos”. Defende a reforma tributária no País e também mudanças em nosso Estado. Defende uma política diferenciada de benefícios fiscais para que mais municípios possam receber indústrias. 

CORREIO PERGUNTA – Por que decidiu candidatar-se ao Senado? Quais são suas principais pretensões?
ANTONIO JOÃO – O que  me motivou a disputar uma cadeira ao Senado foi, em primeiro lugar, a vontade de contribuir com o Brasil e com Mato Grosso do Sul. Em segundo lugar, meu enorme desejo de ser um senador diferente, que trabalhe com eficiência, passando longe de atos negativos e de denúncias de corrupção e de irregularidades. Quero ser um senador incansável, um dedicado empregado dos sul-mato-grossenses, não apenas um fazedor de discursos.  Não serei um político radical, mas também não serei negligente e tolerante. É possível fazer muito e quero fazer esse muito. E preciso do apoio dos eleitores que desejam a mudança de verdade, com Reinaldo Azambuja e Aécio Neves.

De cada R$ 100 em tributos, MS tem retorno de apenas R$ 5 em investimentos do governo federal. Acha que a reforma tributária pode corrigir tais discrepâncias e como pretende defendê-la?
O governo da União é uma sanguessuga insaciável. A voracidade arrecadadora do Ministério da Fazenda é quase inacreditável. Ano após ano, as receitas aumentam e os benefícios diminuem. Chega a ser uma covardia. A reforma tributária é essencial para o desenvolvimento do Brasil. Mas tem que começar, também, com a reforma aqui em nosso Estado. Por exemplo, reduzindo cada vez mais e paulatinamente os efeitos extremamente perniciosos do ICMS Garantido, que bitributa o comércio. E ampliar os limites positivos da lei que beneficia o pequeno e o médio empresário. Se no Brasil o nível de isenção de impostos é de mais de três milhões e meio de reais, aqui no Mato Grosso do Sul não passa de um milhão e 600 mil. Isso tudo reduz acentuadamente a competitividade do setor comercial. E o governo de Mato Grosso do Sul é o mais cruel nesse setor.  Mas as alterações terão que ocorrer gradativamente, o que será um progresso.

Qual a sua estratégia para que MS obtenha mais recursos junto ao governo federal?Trabalhar com muita seriedade. Não me omitir e nem simplesmente desaparecer do cenário político, transformando-se em senador que só aparece em tempos de eleições e nada mais. Um candidato ao Senado Federal não pode mentir nem falsear com a verdade, garantindo que trouxe bilhões de reais para o desenvolvimento do nosso Estado. Tem que trabalhar e mostrar o que ainda pretende fazer pelo crescimento regional e dos municípios, a cada dia que passa mais endividados e escorchados. Brasília lida com bilhões e bilhões de reais. E, para nós, chegam as tais merrecas que todos conhecem. Mesmo porque o tal Programa de Aceleração de Crescimento, o PAC, é vergonhoso, uma tapeação, porque não se trata de auxílio financeiro da União, mas de caros empréstimos a estados e municípios. Uma vergonha!

Como pretende agir para que os sul-mato-grossenses tenham melhorias nas áreas da saúde e educação, por meio de emendas ou convênios?
Tivesse eu, no Senado, na época em que inventaram que deveríamos fazer a Copa do Mundo, eu teria protestado à exaustão, para deixar o futebol de lado, para cuidarmos da população. Quarenta bilhões de reais foram gastos. Poderiam ser construídos mais de 50 grandes hospitais, milhares de creches e centenas de escolas. Nada foi feito. E ainda perdemos a Copa, com derrotas humilhantes. Pior ainda está para vir: mais 60 bilhões para as Olimpíadas, em 2016, no Rio de Janeiro. Para novas derrotas, porque não foram criados incentivos para nossos atletas. E não serão construídos hospitais, escolas creches e, muito menos, feitos investimentos para garantir a segurança dos brasileiros, contra o narcotráfico, por exemplo, aumentando nosso efetivo policial nas fronteiras. O Brasil está abandonado também nesse aspecto. A Polícia Federal está com baixo efetivo e não consegue atuação sequer satisfatória. É preciso investir mais, porque nossos jovens e crianças estão correndo risco, cada vez maior, de serem atraídos para o vício das  drogas. 

Na sua avaliação, o que MS precisa para tornar-se mais competitivo em termos econômicos e transformar-se em um estado com novas indústrias e oportunidades de emprego?
Para aumentar a nossa competitividade, é preciso um governo que trabalhe com prioridades e com visão de futuro. Trazer indústrias é muito importante, mas a lei atual só beneficia a região fronteiriça com São Paulo. Por isso, grandes indústrias estão em Três Lagoas. Falta uma política de benefícios fiscais diferenciada, para que todos sejam contemplados. E a lei atual deve ser alterada nesse sentido, beneficiando todos os municípios. Hoje, a isenção de ICMS é igual para todos os municípios de Mato Grosso do Sul. Assim, Campo Grande, Dourados, Ponta Porã, por exemplo, mais distantes das fronteiras com São Paulo e Goiás são preteridas na medida em que as distâncias encarecem os produtos. Se continuar dessa forma, a industrialização seguirá desigual ou quase nula. E quem cabe trabalhar para mudanças nesse sentido é o governador. Tenho discutido muito essa injustiça com o candidato ao governo Reinaldo Azambuja e a sua vice, professora Rose. Senador não traz indústrias. Quem fala algo deste tipo mente de forma escancarada. A atual vice-governadora poderia ter feito gestões nesse sentido, mas não fez.  

O Senado tem a missão de debater temas polêmicos, que interferem no cotidiano de toda a sociedade. Qual sua opinião sobre a maioridade penal e a política de cotas?
Sou a favor da redução da maioridade penal. Acho nossas leis muito brandas e, por isso, menores estão matando impunemente as pessoas. Isso é um absurdo, e os tempos modernos estão criando monstros, protegidos pela atual legislação. Se a gente olhar, por exemplo, para o setor educacional, estudantes ameaçam e agridem professores e nada acontece, porque são menores. Os bandidos usam as nossas crianças para traficar e para matar e pagam para que elas assumam suas culpas, sabendo que serão libertadas quase que imediatamente. As leis são brandas demais e essa legislação só incentiva a criminalidade. Quanto às políticas de aborto, sou cristão e não aceito que uma mãe ou um pai contratem assassinos para matar seus filhos ainda no útero. Hoje, os métodos anticoncepcionais são tão diversos e eficientes que não há justificativa para gravidez indesejada. Autoridades ligadas ao setor saúde deveriam estar mais atentas a este problema, orientando nossos jovens para que evitem a fecundação. Quanto à política de cotas, acho que deveriam ficar restritas aos deficientes e não aos negros. Obrigatoriedade de cotas faz parecer que são incapazes e não são. Tenho dezenas de negros em meu rol de amizades. Muitos doutores, outros não. Mas não vejo diferença pela cor da pele. E se milhares chegaram a um futuro brilhante sem auxílio das tais cotas, porque hoje elas teriam de existir. Negro é negro, não é idiota.

Considera que o político deve obedecer cegamente seu partido ou deve contrariá-lo em determinadas ocasiões, seguindo sua opinião própria e os preceitos que considera corretos?
Obediência cega só às leis de Deus. Político que não concorda com os posicionamentos de seu partido deixe-o. Simples assim.

Hoje, muitas CPIs não alcançam os resultados esperados e acabam frustrando a população. Considera que tivemos evoluções neste papel fiscalizador do Legislativo? O que precisa ser aperfeiçoado?
Todas as CPIs são frustrantes. Nenhuma exceção, que eu conheça. Todas são manipuladas e, atualmente, mais ainda. A ponto de os inquiridores e inquiridos serem treinados à exaustão para responderem de modo a agradar os governantes. Em resumo e na visão popular, uma autêntica palhaçada. Melhor não ter. Por isso, nem são acompanhadas pelos brasileiros. A única exceção ficou com a CPI dos Correios: naquele caso, os envolvidos nas denúncias, que motivaram as ações dos parlamentares, nem foram punidos. Mas acabaram presos os que se envolveram em outros atos de corrução, que surgiram no decorrer das investigações. Parte da cúpula do Partido dos Trabalhadores foi cumprir pena na Penitenciária da Papuda, em Brasília. Mas quase todo os mensaleiros já estão soltos e curtindo a vida. Inacreditavelmente, posando de heróis.

CAMPO GRANDE

Rose garante que sua pré-candidatura é irreversível e vai deixar Sudeco dia 30

A ex-deputada federal também do acordo que fez com o ex-governador André Puccinelli para as eleições deste ano

23/04/2024 08h00

Rose Modesto (União Brasil) foi a quarta entrevistada pela parceria CBN com Correio do Estado Foto: Eduardo Miranda/Correio do Estado

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A ex-deputada federal Rose Modesto (União Brasil), que foi a quarta da série de entrevistas que a Rádio CBN Campo Grande e o Jornal Correio do Estado estão fazendo com seis pré-candidatos à prefeitura da Capital, reforçou, ontem, que sua pré-candidatura é irreversível, tanto que no próximo dia 30 de abril deixará o comando da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco).

“Penso que seria bom a turma do ‘deixa disso’ nem tentar atuar dessa vez para fazer eu desistir da minha pré-candidatura, pois não vai dar certo. E não é por uma vaidade, não é por uma obsessão para ser prefeita de Campo Grande.

Eu sinceramente estou aqui, de verdade, com a missão que penso ser a que o eleitor espera.E eu sinto isso nas ruas, andando e, lógico, não é todo mundo, mas uma boa parte espera essa candidatura minha à prefeitura”, reforçou.

Ela argumentou que dessa vez, realmente, é uma decisão tomada. “Eu estou pronta e muito motivada. Tudo tem um tempo e me sinto muito mais preparada, inclusive, do que quando disputei a eleição para prefeita em 2016. Conheço Campo Grande, estudei muito a cidade ao longo desses últimos oito anos e as minhas experiências como gestora pública me deixaram motivada a encarar esse desafio”.

Rose completou que é uma “honra poder ser prefeita de uma cidade tão linda, mas é um desafio muito grande pegar essa cidade linda, mas tão judiada e precisando de cuidados em todas as áreas”.

“Por isso, a importância de alguém com experiência e com preparo. Vou escolher a melhor equipe pra poder fazer de Campo Grande uma cidade com mais oportunidades para todo mundo, quero resgatar o nosso orgulho”, afirmou.

POLARIZAÇÃO

Questionada sobre a polarização nacional entre direita, representada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e esquerda, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a pré-candidata garantiu que sempre foi e sempre será de centro. 

“Olha só, na eleição de 2022, nós tínhamos dois candidatos da direita no segundo turno e o Eduardo Riedel (PSDB) venceu. Ele ganhou porque compreendeu que, para vencer era importante fazer política com a direita e esquerda, mas sem abrir mão das bandeiras que defendia, independentemente se eram da esquerda ou da direita”, ressaltou.

A ex-deputada federal garantiu que sua vida pública sempre foi pautada nesse sentido.

“Fui eleita deputada federal, não tive o apoio do Bolsonaro, mas votei nas pautas da direita. Votei, por exemplo, pelo voto auditável, que é uma pauta de direita, como votei a favor do Vale Gás, que é da esquerda. Votei em ambos porque os dois interessavam a maioria da população, então, é dessa forma tem de fazer”, disse.

Segundo Rose Modesto, na questão de alianças políticas, não importa se é da esquerda, se é da direita, o que importa é que, ao longo dos 14 anos de vida pública, sempre foi a mesma.

“Uma mulher cristã e que defende as pautas de direita que são importantes para a cidade avançar e as da esquerda que são importantes no campo social, ajudando a transformar a vida de quem mais precisa”, afirmou.

“Hoje eu estou no governo federal, apesar de inclusive não ter apoiado o Lula, mesmo assim, ele me deu uma oportunidade de comandar a Sudeco. Fui indicada pelos governadores de Goiás, Ronaldo Caiado, do Mato Grosso, Mauro Mendes, e de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, mesmo tendo disputado a eleição contra ele. Entretanto, os três entenderam que o meu nome era importante para estar no governo federal. E é dessa forma que vou buscar as alianças, tanto no primeiro, quanto no segundo turno, para poder fazer de Campo Grande uma cidade melhor”, disse.
 

TRATO COM ANDRÉ

Ainda na entrevista, a pré-candidata foi questionada sobre o fato de o ex-governador André Puccinelli (MDB), que também é pré-candidato a prefeito da Capital, ter afirmado que ela não teria cumprido o combinado de que um apoiaria o outro que estivesse melhor nas pesquisas.

“Na verdade, eu tenho sempre um bom diálogo com toda a classe política e com o André não é diferente. E, em uma das reuniões que a gente teve, ele falou, ainda decidindo se seria ou não pré-candidato, que, quem estivesse melhor nas pesquisas, teria o apoio do outro. E aí é preciso entender o que é estar melhor, pois nem sempre quando você está com três, quatro, cinco ou seis pontos percentuais na frente, representa estar melhor”, detalhou.

Rose completou que pesquisas internas encomendadas pelo União Brasil mostraram que a rejeição dela era pequena, ou seja, que teria poder de crescimento nas intenções de votos.

“A capacidade de pessoas que podem votar em mim é maior do que o percentual de pessoas que poderiam votar no André. Então, na minha avaliação pessoal e técnica, acredito que estou melhor e, por isso, vou buscar o apoio dele”, garantiu.

 

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Política

Lula pede um disque-reclamação de seu próprio governo

Presidente pediu que seus auxiliares criem um canal de reclamação, para que as pessoas possam telefonar e assim não ficar "xingando" em público

22/04/2024 22h00

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva

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O presidente Lula (PT) pediu nesta segunda-feira (22) que os seus auxiliares criem uma espécie de disque-reclamação, para que as pessoas possam telefonar e assim não ficar "xingando a gente" em público.

O pedido do presidente foi feito durante discurso, por ocasião do lançamento do Acredita, um programa para estimular o crédito para empreendedores e famílias de baixa renda, além de renegociar dívidas de pequenos negócios.

O presidente não deu detalhes de sua proposta. "Duas coisas que nós temos que fazer, [ministro da Fazenda, Fernando] Haddad. Uma, e eu não sei se é no ministério do Márcio [França], que a gente deveria criar uma espécie de um 190, de um 180, um telefone para que as pessoas pudessem telefonar e se queixar se as coisas não estão acontecendo", afirmou o presidente.

"Porque muitas vezes as pessoas não têm a receptividade que elas imaginavam e não tem para quem reclamar. Então, ao invés de as pessoas ficarem xingando a gente, é importante que a gente tenha ao menos um ouvidor para que as pessoas possam se queixar que o Sebrae, não é tudo aquilo que o Décio [Lima] prometeu, que o seu ministério não é tudo aquilo que se prometeu", completou.

O governo federal conta com a plataforma FalaBR, onde os usuários podem fazer denúncias, pedir providências via ouvidoria e registrar reclamações, elogios e sugestões.

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