Política

MUDANÇA DE LEGENDA

Partido com mais investigados na Lava Jato é beneficiado por troca-troca na Câmara

Partido com mais investigados na Lava Jato é beneficiado por troca-troca na Câmara

FOLHAPRESS

19/03/2016 - 06h00
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Na véspera do prazo final para que os políticos possam trocar livremente de partido, a Câmara recebeu até às 19h desta sexta-feira (18) a informação de que 68 dos 513 deputados mudaram de legenda, uma movimentação que atinge 13% da Casa.

Sigla com o maior número de congressistas investigados no esquema de corrupção da Petrobras (21 de 38), o Partido Progressista foi o mais beneficiado -perdeu dois deputados, mas filiou até agora outros dez, elevando sua bancada em 20%, de 40 para 48 cadeiras.

Entre os que ingressaram no partido está o ex-relator do processo de cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Fausto Pinato (SP), que deixou o PRB. Entre os que saíram, o polêmico deputado Jair Bolsonaro (RJ), que foi para o PSC.

Outros partidos que se beneficiaram com o troca-troca foram o PR -perdeu 4 e ganhou 10-, o oposicionista DEM, que ganhou 6 deputados, e o nanico PTN, que filiou 8 deputados, tendo perdido 2.

Entraram nesse troca-troca o presidente do Conselho de Ética da Casa, José Carlos Araújo (BA), que saiu do PSD e foi para o PR, e o atual relator do processo de cassação de Cunha, Marcos Rogério (RO), que trocou o governista PDT pelo oposicionista DEM.

Longe de passar por qualquer questão ideológica, a grande parte das mudanças se deu devido à negociação com as legendas para o comando dos partidos nos Estados e, consequentemente, o controle sobre a verba do Fundo Partidário. A verba é o principal recurso oficial que os candidatos terão daqui para frente para aplicar em suas campanhas à reeleição -R$ 868 milhões distribuído aos 35 partidos no ano passado.

Entre as exceções estão a de Bolsonaro, que quer disputar a Presidência da República em 2018, a mudança da ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina, que ingressou no PSOL após discordar da linha de apoio do PSB ao impeachment de Dilma Rousseff, e a do deputado Delegado Waldir, que trocou o PSDB pelo PR para disputar o governo de Goiás.

As 68 migrações não alteraram de forma relevante a correlação de forças entre governo e oposição, até porque essa definição não tem obedecido fronteiras partidárias nessa época de crise política aguda.

FUMAÇA

Entre os partidos que mais perderam deputados o destaque é o Partido da Mulher Brasileira, criado recentemente e que atraiu mais de 20 deputados federais no nascedouro.

A sigla, que contava com 19 deputados antes da abertura da janela do troca-troca, perdeu 17 cadeiras e agora só tem 2 vagas. Entre os que saíram estão as duas únicas deputadas da legenda, Dâmina Pereira (MG), que foi para o PSL, e Brunny (MG), que entra no PR.

Apesar da debandada, o PMB continuará a receber verbas do Fundo Partidário como se tivesse 20 deputados.

O Fundo Partidário é calculado de acordo com o número de votos que os candidatos a deputado federal da legenda receberam na última eleição. O PMB terá direito a R$ 1,1 milhão ao mês. Pelas regras do atual troca-troca, o deputado que sai nesta janela não leva o dinheiro do fundo para a nova sigla.

Ou seja, mesmo nanico o PMB receberá valores similares a de partidos como o PPS, PC do B e PV. Na época de sua criação, quando não havia certeza da aprovação da janela partidária, o PMB atraiu deputados insatisfeitos com suas siglas justamente com a promessa de controle dos diretórios estaduais.

Outro partido que perdeu muitos deputados foi o Pros -7 saíram e 3 entraram. Partidos que ganharam deputados prometem ir à Justiça para levar para eles o Fundo Partidário proporcional às novas filiações.

A janela de 30 dias para o troca-troca se abriu em fevereiro por meio de uma emenda à Constituição aprovada pelo Congresso Nacional.

A migração de políticos entre as siglas existiu sem amarras até 2007, quando o Tribunal Superior Eleitoral editou regras de fidelidade para tentar barrar a prática. As brechas na lei e a morosidade da Justiça, porém, fizeram com que a medida nunca tenha tido eficácia completa.

Em 2015, o próprio STF afrouxou essas regras ao liberar trocas para cargos majoritários -presidente, governadores, senadores e prefeitos.

CRIME ORGANIZADO

Fronteira com MS, Paraguai fecha acordo com EUA para combater facções criminosas

A região é rota de tráfico de drogas para o Brasil, Argentina e Uruguai. O plano estratégico prevê o estabelecimento ou ampliação de tropas norte-americanas de importância estratégica

16/12/2025 16h15

Marco Rubio,  secretário de Estado

Marco Rubio, secretário de Estado Reprodução: rede social

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Paraguai e Estados Unidos selaram nesta segunda-feira (15), um acordo de cooperação militar que prevê a atuação de militares americanos no país sul-americano. Atualmente, na região, a Casa Branca tem acordos similares com Panamá, Equador, Bahamas e Trinidad e Tobago.

O Acordo Estatutário de Forças (Sofa, na sigla em inglês) regulamenta a atuação de militares e civis do Departamento de Defesa americano em países estrangeiros. O pacto foi assinado pelo secretário de Estado, Marco Rubio, e o chanceler paraguaio, Ruben Ramirez Lezcano.

O objetivo, segundo o governo americano, é facilitar a resposta conjunta a interesses de segurança regional em comum para os dois países, em uma referência velada a cartéis de droga que atuam na região.

“Ao estabelecer uma estrutura para as atividades do pessoal militar e civil dos EUA no Paraguai, este acordo abre novas portas para nossos esforços coletivos para promover a segurança e a estabilidade em nosso hemisfério”, disse Rubio em sua conta no X.

“Se observarmos o problema fundamental no hemisfério, o mais grave que enfrentamos é o dessas organizações terroristas transnacionais, que em muitos casos não são terroristas por ideologia, mas têm uma base financeira e econômica”, acrescentou.

Nova Doutrina Monroe

O acordo, apesar de não autorizar operações armadas ou criação de bases, abre caminho para a cooperação e treinamento militar entre os dois países, e vem a público dias depois de os EUA divulgarem sua nova Estratégia de Segurança Nacional, que prevê uma ampliação da presença militar na América Latina.

Na ocasião, o documento evocou a Doutrina Monroe, que ficou conhecida no século 19 sob o lema “América para os americanos”, e defendeu uma hegemonia dos EUA sobre a região frente às potências europeias.

O plano estratégico divulgado na semana passada prevê o estabelecimento ou ampliação de acesso de locais de importância estratégicas para o governo americano.

No centro do continente e cercado por importantes fontes de água doce e rotas de narcotráfico, o Paraguai se encaixa nesse perfil.

Hoje, os EUA têm ainda bases militares no Equador, na Colômbia e no Peru, operadas pelo Comando Sul.

Há anos, a presença de grupos armados ligados ao Hezbollah na tríplice fronteira entre o Paraguai, Brasil e Argentina preocupa o governo americano.

A região também é ponto de rota para o escoamento de drogas para o Brasil, Argentina e Uruguai.

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LEVANTAMENTO

Contas públicas em MS: cidades do interior exibem superávit milionário

Análise de dados dos balanços de 2024 e orçamentos de 2025 revela os municípios agrícolas estão com a gestão em dia

16/12/2025 15h34

O prefeito de Costa Rica, Cleverson Alves dos Santos (PP), atribui o resultado à disciplina fiscal

O prefeito de Costa Rica, Cleverson Alves dos Santos (PP), atribui o resultado à disciplina fiscal Divulgação

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O cenário das finanças públicas dos municípios do interior de Mato Grosso do Sul nos anos de 2024 e 2025 desenha um mapa positivo. Liderados pelo exemplo de eficiência de Costa Rica, essas cidades exibem caixas robustas e capacidade de investimento.
 
A reportagem analisou dados abertos, relatórios de gestão fiscal e leis orçamentárias dessas cidades e a conclusão é que o tamanho da arrecadação deixou de ser garantia de solvência: o segredo do sucesso está no controle rígido das despesas obrigatórias.
 
Na região norte do Estado, Costa Rica consolidou-se em 2025 como o principal case de sucesso administrativo de Mato Grosso do Sul. Com uma população de pouco menos de 30 mil habitantes, o município apresenta indicadores de solvência superiores aos da Capital.
 
Dados do movimento financeiro da tesouraria municipal, publicados em 9 de dezembro de 2025, confirmam que a cidade atingiu uma disponibilidade financeira total de R$ 44.061.054,25. O montante, que inclui todas as fontes e fundos municipais, blinda a cidade contra oscilações econômicas e garante a execução de obras sem depender exclusivamente de repasses estaduais ou federais.
 
O prefeito Cleverson Alves dos Santos (PP) atribui o resultado à disciplina fiscal. "Todas as nossas despesas obrigatórias serão quitadas", assegurou o gestor, confirmando não apenas o pagamento em dia, mas a concessão de um abono de natal e final de ano: R$ 1 mil para servidores gerais e valores entre R$ 1 mil e R$ 2 mil para servidores da Educação.
 
O diferencial competitivo de Costa Rica está na estrutura de seus gastos. O município iniciou o ano comprometendo apenas 31,87% com a folha. Essa "gordura" fiscal permitiu que o município aprovasse um orçamento recorde de R$ 262 milhões em 2025, garantindo investimentos de 27% da receita em Saúde, quase o dobro do mínimo constitucional exigido.
 
Além de garantir o pagamento dos servidores ativos até o dia 22 de dezembro, a prefeitura programou as férias de 90% do funcionalismo para janeiro, otimizando a máquina pública durante o recesso escolar e administrativo.
 
Embora Costa Rica lidere os indicadores proporcionais, outros municípios também conseguiram descolar-se da crise. Três Lagoas, impulsionada pela indústria da celulose, teve um orçamento bilionário de R$ 1,4 bilhão para 2025 e mantém índices elevados de investimento em infraestrutura.
 
O município aplicou no segundo quadrimestre de 2025 o dobro do mínimo exigido pela Constituição em Saúde, enquanto a lei obriga 15%, o município investiu 30,79% de suas receitas de impostos na área, somando mais de R$ 296 milhões empenhados. Na educação, o investimento também superou o piso, atingindo 26,93%.
 
Fenômeno similar ocorre em Maracaju. Impulsionada pela soja, a prefeitura destinou 25,67% de recursos próprios para a Saúde até agosto de 2025, um aporte de R$ 32,3 milhões que garante serviços exclusivos no interior sem depender integralmente de repasses estaduais. 
 
A solidez fiscal permitiu à Câmara de Maracaju aprovar uma suplementação de 35% no orçamento de 2025, dando "carta branca" para o Executivo remanejar recursos e acelerar obras.
 
Na fronteira, a realidade impõe cautela. Ponta Porã enfrenta uma frustração de receitas severa: a arrecadação até agosto de 2025 foi de R$ 417 milhões, menos da metade da previsão anual de R$ 900 milhões. 
 
A quebra de arrecadação do ITBI e a estagnação econômica forçaram o município a projetar um orçamento mais enxuto para 2026, cortando R$ 100 milhões da previsão inicial. Ainda assim, a gestão optou por blindar os repasses constitucionais da Educação (projetado em 27%) e da Saúde.
 
Em Corumbá, a aplicação em saúde do orçamento atingiu 18,13%, pouco acima do piso de 15%. A rede de saúde de Corumbá enfrenta custos logísticos adicionais devido ao isolamento geográfico e à necessidade de transporte de pacientes (UTI aérea/fluvial). 
 
Na educação, a aplicação registrada até agosto foi de 24,89%. Embora tecnicamente abaixo dos 25% naquele momento do ano, é padrão na administração pública que os empenhos se acelerem no último quadrimestre para atingir a meta legal. O orçamento projetado no PPA 2026-2029 prevê R$ 1,5 bilhão somados para Saúde e Educação.
 

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