A sessão da Câmara de Vereadores de Campo Grande foi encerrada com menos de uma hora de duração devido à confusão gerada pela presença de 250 comissionados da administração do prefeito Alcides Bernal (PP).
O grupo, que era formado por diretores de escolas e a secretária de Política para Mulheres, Leyde Alves Pedroso, foi para o plenário para protestar contra o vereador Roberto Durães (PSC), que na sessão da última terça-feira (3) fez insinuações pejorativas contra a mãe de Alcides Bernal. O ex-secretário de Governo, Paulo Pedra, atualmente assessor do prefeito, também estava presente.
Os comissionados passaram a gritar "Gaeco", em referência à investigação que apura suposta compra de votos na Câmara durante processo que cassou Bernal. Houve bate-boca entre vereadores e servidores contratados. Não ficou definido se as 250 pessoas estavam no local a mando de Bernal ou com a anuência dele.
O tumulto cresceu mais porque servidores representados pelo Sindicato dos Servidores e Funcionários Municipais de Campo Grande (Sisem) estavam na sessão para protestar contra o reajuste de 2,79% apresentado pelo governo municipal, em tramitação na Casa de Leis. Os dois grupos promoveram gritaria, o que transformou a Câmara em uma bagunça.
Ainda houve princípio de agressão. O repórter da rádio Difusora, Élcio Pinheiro, 49 anos, estava fazendo transmissão ao vivo quando foi agredido por um suposto comissionado de Bernal e revidou.
"Ele não gostou que falei que tem um lado cobrando reajuste e o outro comprando as dores da mãe do prefeito. Cara louco", foi a versão de Pinheiro. O suposto comissionado foi retirado da briga e encaminhado, pela vereadora Luiza Ribeiro (PPS) e sua equipe, até uma área interna do plenário. Ele não quis se manifestar e foi levado para a Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário do Centro para registro de ocorrência policial.
SEM CONDIÇÕES
O presidente da Casa, João Rocha (PSDB) decidiu encerrar a sessão porque não havia mais controle da situação. Foi preciso que as luzes da Câmara fossem completamente apagadas para dispersar as pessoas presentes no plenário.
"Tem gente que era para estar trabalhando e acho que hoje não é feriado", disse Rocha, referindo-se aos comissionados. Ele destacou que a votação sobre o projeto de lei do Executivo sobre o reajuste dos servidores precisará ser analisado na próxima semana.
Luiza Ribeiro, da base aliada de Bernal na Câmara, justificou que não via motivo para o ato de João Rocha. "Não podemos tomar atitude de sair correndo e evitar o debate. Nada justifica encerrar a sessão em menos de uma hora", afirmou.
MEA-CULPA
No começo da sessão, Roberto Durães fez mea-culpa sobre o que havia dito da mãe de Alcides Bernal. "Peço que retirem essa minha fala da última sessão e peço desculpas à mãe de Bernal, que tem idade para ser minha mãe", declarou. Na sequência, o vereador deixou o local e não foi mais localizado.
Capitaneado pela chefia de comunicação da prefeitura, abaixo-assinado e petição estava sendo divulgado no plenário, antes do encerramento da sessão, para que fosse dado prosseguimento ao pedido de cassação de Durães.
O vereador afirmou que fez a declaração desastrosa porque teria ouvido que Alcides Bernal tinha questionado o trabalho da Câmara em visita feita no Jardim Noroeste.
VÍDEO DE TUMULTO NA CÂMARA
*Colaborou Gabriela Couto.