Política

derrotas no Congresso

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Governo teme que mágoa do PMDB após eleições resulte em mais derrotas na Câmara

Governo teme que mágoa do PMDB após eleições resulte em mais derrotas na Câmara

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A falta de apoio do PT ao PMDB na disputa eleitoral em alguns Estados pode custar caro ao governo. A mágoa do maior partido da base aliada se reflete nos resultados do plenário da Câmara dos Deputados e preocupa o Executivo, que teme novas derrotas no Congresso, principalmente em matérias que terão impacto direto nas contas da presidente Dilma Rousseff.

Para semana que vem, está prevista a votação do orçamento impositivo, projeto que obriga o Executivo a repassar o dinheiro das emendas parlamentares que forem aprovadas pelo Congresso no orçamento anual do governo.

Atualmente, o governo não tem essa obrigação e segue o orçamento aprovado por deputados e senadores apenas como uma recomendação de gastos.

O presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), é um dos peemedebistas que saíram derrotados da eleição e devem cobrar a conta do governo. Ele disputou o governo do Rio Grande do Norte e perdeu no segundo turno para Robinson Faria (PSD), que recebeu o apoio do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na análise do cientista político da UnB (Universidade de Brasília) David Fleischer, com um presidente ressentido na Câmara dos Deputados, a vida de Dilma vai se complicar ao final do primeiro mandato.

— O PMDB está saindo da eleição bastante chateado. Ele [Henrique Eduardo Alves] vai dificultar muita coisa na Câmara. Naturalmente, Dilma e o PT não vão esperar nada dele.

Os analistas também avaliam que há casos de estranhamento entre PT e PMDB em outros Estados que vão ser resolvidos no Congresso. Por isso, o professor de administração pública da UnB José Matias-Pereira acredita que os próximos dois meses vão exigir muita negociação do Planalto.

— As mágoas que ele [Eduardo Alves] está trazendo não são só dele, muitos políticos da base do governo que estão chegando bastante arranhados. Serão dois meses nos quais o nível de inquietação vai ser alto. Como presidente da Câmara, ele tem essa prerrogativa de tirar da gaveta matérias que eventualmente poderiam criar problemas, inclusive no próprio controle das contas públicas.

Negociação

Outro projeto que também tem impacto nas contas do Executivo e está na pauta da próxima semana é a PEC (Propostas de Emenda à Constituição) 170, que altera a Constituição e garante proventos integrais às pessoas que se aposentarem por invalidez. Atualmente, os aposentados nessa categoria recebem o benefício de acordo com o tempo que contribuíram com a Previdência Social.

A PEC 155, que acaba com a contribuição previdenciária dos servidores públicos inativos, também pode entrar na pauta. Na última terça-feira (28), o governo sofreu a primeira derrota após a reeleição de Dilma ao ter o projeto de criação de conselhos populares derrubado pelos deputados.

Temendo novas derrotas na Câmara e preocupado com os custo que a mágoa do PMDB pode gerar no orçamento, o ministro Casa Civil, Aloizio Mercadante, chamou o presidente da Câmara para uma reunião nesta quinta-feira (30).

De acordo com Alves, Mercadante quis saber quais serão os assuntos que entrarão na pauta nos próximos dias e pediu “ponderação” sobre projetos que podem comprometer as contas públicas.

— A preocupação que ele revelou foi com as questões fiscais, o que preocupa muito em votações que venham, portanto, comprometer [as contas do governo].

Nos bastidores da Câmara, a informação é de que praticamente toda a bancada do PMBD está insatisfeita com o governo e pretende dificultar a vida do Planalto. O líder do partido na Casa, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), já protagonizou alguns levantes peemedebistas contra a orientação do governo nas votações em plenário.

Em junho deste ano, Cunha foi um dos principais articuladores para derrubar o projeto de Marco Civil da Internet, o que exigiu muita negociação, com participação até de ministros do governo. Para o ano que vem, Eduardo Cunha quer a presidência da Casa.

Novo presidente

A presidência da Câmara é um cargo que pode virar tema de barganha entre PT e PMDB. O PMDB já deu carta branca para Eduardo Cunha articular sua candidatura entre os colegas deputados.

No entanto, o PT já sinalizou que quer brigar pelo cargo, reivindicando o direito de presidir a Casa por ter a maior bancada e a alternância de poder, já que PMDB ficou com a presidência no último biênio. Partidos de oposição também não descartam formar um bloco e lançar um nome para a disputa.

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, minimiza a crise entre PT e PMDB na Câmara dos Deputados e acredita que a derrota na questão dos conselhos populares foi um caso isolado.

— Alguns setores do PMDB tomaram a decisão de nos derrotar, eu não confundo isso com o conjunto do partido até porque o PMDB é muito mais que um aliado, é parte do governo na medida que o vice-presidente Michel Temer preside também o PMDB.

Em junho do ano passado, quando o PMDB confirmou o nome de Temer na chapa de Dilma, a insatisfação de parte do diretório nacional ficou clara nas urnas. Das 673 pessoas que votaram na convenção nacional, 275 preferiam que o PMDB se descolasse do PT nas eleições - o equivalente a 40% dos votos válidos.

Política

Moraes diz que Justiça está acostumada a combater 'mercantilistas estrangeiros' e 'políticos extremi

Fala ocorre em meio à união entre Bolsonaro e o bilionário Elon Musk nas críticas ao ministro

19/04/2024 19h00

Ministro Alexandre de Moraes Arquivo/

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O ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), afirmou nesta sexta-feira (19) que a Justiça Eleitoral está "acostumada a combater mercantilistas estrangeiros" e "políticos extremistas".

A fala é uma indireta a união entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o bilionário Elon Musk, dono do X (ex-Twitter), nas críticas às decisões de Moraes sobre a retirada de conteúdos das redes sociais durante a campanha eleitoral de 2022.

"A Justiça Eleitoral brasileira está acostumada a combater mercantilistas estrangeiros que tratam o Brasil como colônia. A Justiça Eleitoral brasileira e o Poder Judiciário brasileiro estão acostumados a combater políticos extremistas e antidemocráticos que preferem se subjugar a interesses internacionais do que defender o desenvolvimento no Brasil" afirmou o ministro na cerimônia de assinatura dos planos de trabalho para a construção do Museu da Democracia da Justiça Eleitoral, no centro do Rio de Janeiro.

Na presença do governador Cláudio Castro (PL), aliado de Bolsonaro, Moraes afirmou que a Justiça Eleitoral "continuará defendendo a vontade do eleitor contra a manipulação do poder econômico das redes sociais, algumas delas que só pretendem o lucro e a exploração sem qualquer responsabilidade".

"Essa antiquíssima mentalidade mercantilista que une o abuso do poder econômico com o autoritarismo extremista de novos políticos volta a atacar a soberania do Brasil. Volta a atacar a Justiça Eleitoral com a união de irresponsáveis mercantilistas ligados às redes sociais com políticos brasileiros extremistas", disse o magistrado.

Governo

Lula quer procurar Lira, Pacheco e outros ministros do STF para diminuir tensão entre Poderes

Lula e os ministros do Supremo fizeram na segunda uma análise da conjuntura política atual e diagnosticaram que há muitos focos de tensão entre os Poderes é preciso diminui-los

19/04/2024 17h00

O petista se reuniu na última segunda-feira (15) com uma ala do Supremo. Agência Brasil

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O presidente Lula (PT) pretende buscar Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que comandam a Câmara e o Senado, respectivamente, além de outros ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), em um esforço para diminuir as tensões entre os Poderes.

Nesta sexta-feira (19), Lula já trata da sua articulação política em um almoço no Palácio do Planalto. Participam os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Rui Costa (Casa Civil) e Paulo Pimenta (Secom), além de líderes do governo no Congresso Nacional.

Também estão presentes os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE); no Senado, Jaques Wagner (PT-BA); e no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP). A reunião acontece logo após a participação da cerimônia do Dia do Exército, no quartel-general da força. O almoço teve início por volta das 12h30.

O petista se reuniu na última segunda-feira (15) com uma ala do Supremo, formada pelos ministros Gilmar Mendes, Flávio Dino, Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin. O encontro ocorreu na casa de Gilmar. Estavam também no jantar os ministros Ricardo Lewandowski (Justiça) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União).

Na ocasião, Lula disse que pretendia buscar outros magistrados para conversas. O próprio presidente do STF, Luís Roberto Barroso, por exemplo, ficou de fora do encontro do início da semana. Na mesma linha, o presidente quer conversar com Lira e Pacheco.

Lula e os ministros do Supremo fizeram na segunda uma análise da conjuntura política atual e diagnosticaram que há muitos focos de tensão entre os Poderes é preciso diminui-los.

Embora não conste em sua agenda, há a possibilidade de Lula se reunir com Padilha e líderes aliados nesta sexta. Um dos objetivos do encontro seria para articular algumas dessas movimentações.

De um lado, o Senado e a Câmara têm demonstrado irritação com decisões da corte, sobretudo do ministro Alexandre de Moraes. Como consequência, ameaçam dar seguimento a projetos que miram o STF. O Senado já aprovou no ano passado uma PEC (proposta de emenda à Constituição) que restringe decisões monocráticas.

Na Câmara, deputados querem abrir um grupo de trabalho para tratar das prerrogativas parlamentares, para avaliar eventuais exageros do Supremo. Também sugerem que podem abrir uma CPI para mirar o STF e TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Atualmente, há oito delas que aguardam a formalização, entre elas uma que pretende investigar "a violação de direitos e garantias fundamentais, a prática de condutas arbitrárias sem observância do processo legal, inclusive a adoção de censura e atos de abuso de autoridade por membros do STF e do TSE [Tribunal Superior Eleitoral]".

Lira indicou esta semana aos líderes que deverá instalar CPIs, mas reservadamente deputados acham difícil a ofensiva prosperar.

Em outra frente, parlamentares, incluindo Lira, estão incomodados com a articulação política do governo. O presidente da Câmara chegou a dizer que o ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) é seu "desafeto pessoal" e o chamou de incompetente.

Lula reagiu dizendo que só por "teimosia" não tiraria Padilha do cargo. O presidente, porém, tem pregado um apaziguamento das tensões. O receio do presidente é que o clima acabe por afetar o andamento de projetos prioritários para o governo no Congresso, além de a tensão avançar para uma crise entre Parlamento e Supremo.
 

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