Política

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Fiscalização sobre doações para campanha vai analisar produção de TV

A partir de hoje, TSE divulga prestação de contas parcial de candidatos

RODOLFO CÉSAR

15/09/2016 - 06h00
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A fiscalização sobre o uso do dinheiro de doações aos mais de 600 candidatos aos cargos de prefeito e vereador em Campo Grande já começaram, antes mesmo da apresentação da prestação de contas parciais. O limite para entregar essa declaração venceu na terça-feira (13) e hoje o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) disponibiliza os dados pela internet ao eleitor.

O combate às doações ilegais, o chamado caixa dois, tem sido o foco da Justiça Eleitoral. A questão tornou-se assunto dominante com as investigações da Polícia Federal que resultaram nos casos do Mensalão e agora, mais em voga, a Operação Lava Jato.

Nesta eleição, uma equipe de 15 pessoas, entre técnicos de controle interno e servidores do cartório eleitoral, todas ligadas ao Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul (TRE-MS), fazem levantamentos, desde o início da campanha, para serem analisados.

Até mesmo a estrutura de propaganda na televisão e no rádio faz parte de elementos que podem ser questionados e exigir que os políticos tenham que dar explicações da origem dos recursos para garantir a produção apresentada.

“Se a gente pegar o Mensalão, a Lava Jato, as situações com relação ao nosso Estado de malversação do dinheiro público, em todas as situações têm relação com o financiamento de campanhas eleitorais. Isso é uma realidade terrível. Antes isso era travestido na empresa, que doava sob promessa de ter participação em obras no caso de uma futura administração”, apontou o juiz eleitoral Wilson Leite Corrêa, que será o responsável por julgar as prestações de contas em Campo Grande.

LIMITES

A partir deste ano, entre as mudanças previstas na legislação, foram instituídos limites de gastos e de contratação de pessoal. Uma maneira de tentar regular o tamanho das campanhas.

Para prefeito da Capital, nenhum candidato pode ultrapassar o teto de R$ 6,659 milhões para o primeiro turno e R$ 2 milhões no segundo turno. O máximo de cabos eleitorais que podem ser contratados também tem limite, e é de 865 pessoas.

No caso do vereador, o teto de gasto é de R$ 643 mil, com limite de 242 contratações de pessoal. "Pense um vereador que pode contratar 242 pessoas e contra 1 mil. Certamente ele terá problemas com relação ao abuso de poder econômico”, indicou o magistrado.

PUNIÇÃO

A consequência em infringir alguma das regras impostas pode levar à perda do registro da candidatura ou mesmo do diploma, caso o infrator tenha sido eleito.

“O candidato não pode pensar que não vai ter consequência no caso de cometer abuso de poder econômico. Se identificarmos uso de receita ilícita, ultrapassagem dos limites estabelecidos em lei, seja no que é pertinente ao recebimento de doações ou no total gasto, no número de pessoas contratadas, ele pode perder o registro ou o diploma. Sem contar os processos criminais, como por exemplo por falsidade de documentos, de declarações", elencou o juiz Wilson Leite Corrêa.

ACOMPANHAMENTO

O responsável por julgar a prestação de contas das centenas de postulantes a um cargo de vereador ou ao de prefeito afirmou que já há informações sendo levantadas que geraram indícios de irregularidades.

Somente nos primeiros 15 dias de campanha, iniciada em 16 de agosto, houve identificação de 26 suspeitas encaminhadas para a mesa do juiz.

“Nós ainda estamos descobrindo, mas o volume da campanha, o número de pessoas que está trabalhando, a forma de propaganda no rádio e na televisão. Têm candidatos com muita pouca campanha de arrecadação e estão apresentando programas de televisão que são caríssimos. Esse dinheiro precisa estar saindo de algum lugar. Isso vai ser apurado e no momento certo os dados serão cruzados”, informou o magistrado.

DENÚNCIAS

Além do trabalho de levantamento interno de informações por parte dos servidores do TRE-MS, as pessoas podem realizar denúncias.

Como foram criados mecanismos que funcionam a partir de aplicativos de celular, esse processo passou a ficar mais fácil de ser enviado à Justiça Eleitoral.

Fotos e filmagens também podem ser anexadas para garantir que haja prova da suspeita. Quem encontrar alguma irregularidade, pode informar sem a necessidade de se identificar. O aplicativo que permite essa ação é chamado de Pardal Denúncias e está disponível tanto para sistemas Android e iOS.

Política

Moraes diz que Justiça está acostumada a combater 'mercantilistas estrangeiros' e 'políticos extremi

Fala ocorre em meio à união entre Bolsonaro e o bilionário Elon Musk nas críticas ao ministro

19/04/2024 19h00

Ministro Alexandre de Moraes Arquivo/

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O ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), afirmou nesta sexta-feira (19) que a Justiça Eleitoral está "acostumada a combater mercantilistas estrangeiros" e "políticos extremistas".

A fala é uma indireta a união entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o bilionário Elon Musk, dono do X (ex-Twitter), nas críticas às decisões de Moraes sobre a retirada de conteúdos das redes sociais durante a campanha eleitoral de 2022.

"A Justiça Eleitoral brasileira está acostumada a combater mercantilistas estrangeiros que tratam o Brasil como colônia. A Justiça Eleitoral brasileira e o Poder Judiciário brasileiro estão acostumados a combater políticos extremistas e antidemocráticos que preferem se subjugar a interesses internacionais do que defender o desenvolvimento no Brasil" afirmou o ministro na cerimônia de assinatura dos planos de trabalho para a construção do Museu da Democracia da Justiça Eleitoral, no centro do Rio de Janeiro.

Na presença do governador Cláudio Castro (PL), aliado de Bolsonaro, Moraes afirmou que a Justiça Eleitoral "continuará defendendo a vontade do eleitor contra a manipulação do poder econômico das redes sociais, algumas delas que só pretendem o lucro e a exploração sem qualquer responsabilidade".

"Essa antiquíssima mentalidade mercantilista que une o abuso do poder econômico com o autoritarismo extremista de novos políticos volta a atacar a soberania do Brasil. Volta a atacar a Justiça Eleitoral com a união de irresponsáveis mercantilistas ligados às redes sociais com políticos brasileiros extremistas", disse o magistrado.

Governo

Lula quer procurar Lira, Pacheco e outros ministros do STF para diminuir tensão entre Poderes

Lula e os ministros do Supremo fizeram na segunda uma análise da conjuntura política atual e diagnosticaram que há muitos focos de tensão entre os Poderes é preciso diminui-los

19/04/2024 17h00

O petista se reuniu na última segunda-feira (15) com uma ala do Supremo. Agência Brasil

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O presidente Lula (PT) pretende buscar Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que comandam a Câmara e o Senado, respectivamente, além de outros ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), em um esforço para diminuir as tensões entre os Poderes.

Nesta sexta-feira (19), Lula já trata da sua articulação política em um almoço no Palácio do Planalto. Participam os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Rui Costa (Casa Civil) e Paulo Pimenta (Secom), além de líderes do governo no Congresso Nacional.

Também estão presentes os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE); no Senado, Jaques Wagner (PT-BA); e no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP). A reunião acontece logo após a participação da cerimônia do Dia do Exército, no quartel-general da força. O almoço teve início por volta das 12h30.

O petista se reuniu na última segunda-feira (15) com uma ala do Supremo, formada pelos ministros Gilmar Mendes, Flávio Dino, Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin. O encontro ocorreu na casa de Gilmar. Estavam também no jantar os ministros Ricardo Lewandowski (Justiça) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União).

Na ocasião, Lula disse que pretendia buscar outros magistrados para conversas. O próprio presidente do STF, Luís Roberto Barroso, por exemplo, ficou de fora do encontro do início da semana. Na mesma linha, o presidente quer conversar com Lira e Pacheco.

Lula e os ministros do Supremo fizeram na segunda uma análise da conjuntura política atual e diagnosticaram que há muitos focos de tensão entre os Poderes é preciso diminui-los.

Embora não conste em sua agenda, há a possibilidade de Lula se reunir com Padilha e líderes aliados nesta sexta. Um dos objetivos do encontro seria para articular algumas dessas movimentações.

De um lado, o Senado e a Câmara têm demonstrado irritação com decisões da corte, sobretudo do ministro Alexandre de Moraes. Como consequência, ameaçam dar seguimento a projetos que miram o STF. O Senado já aprovou no ano passado uma PEC (proposta de emenda à Constituição) que restringe decisões monocráticas.

Na Câmara, deputados querem abrir um grupo de trabalho para tratar das prerrogativas parlamentares, para avaliar eventuais exageros do Supremo. Também sugerem que podem abrir uma CPI para mirar o STF e TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Atualmente, há oito delas que aguardam a formalização, entre elas uma que pretende investigar "a violação de direitos e garantias fundamentais, a prática de condutas arbitrárias sem observância do processo legal, inclusive a adoção de censura e atos de abuso de autoridade por membros do STF e do TSE [Tribunal Superior Eleitoral]".

Lira indicou esta semana aos líderes que deverá instalar CPIs, mas reservadamente deputados acham difícil a ofensiva prosperar.

Em outra frente, parlamentares, incluindo Lira, estão incomodados com a articulação política do governo. O presidente da Câmara chegou a dizer que o ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) é seu "desafeto pessoal" e o chamou de incompetente.

Lula reagiu dizendo que só por "teimosia" não tiraria Padilha do cargo. O presidente, porém, tem pregado um apaziguamento das tensões. O receio do presidente é que o clima acabe por afetar o andamento de projetos prioritários para o governo no Congresso, além de a tensão avançar para uma crise entre Parlamento e Supremo.
 

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