Política

entrevista

‘Fidelidade partidária é fundamental’, diz Alcides Bernal

Candidato fala sobre como pretende atuar no Senado Federal em prol de MS

CRISTINA MEDEIROS E MILENA CRESTANI

01/09/2014 - 18h00
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No último dia 24 de agosto, o Correio do Estado deu início à publicação de série de entrevistas com os candidatos ao cargo de governador e senador por Mato Grosso do Sul. Por ordem de sorteio, já foram publicadas as respostas de Evander Vendramini (24) e Lucien Rezende (25). Ontem, teria sido a vez do candidato Delcídio do Amaral, que declinou do convite, não enviando suas respostas. Hoje, o entrevistado é o candidato ao Senado Alcides Bernal. Todos os candidatos  comprometeram-se e cumpriram a solicitação do envio das respostas na mesma data, 19 de agosto, evitando privilégios posteriores. Nesta entrevista, Bernal fala sobre como pretende atuar no Senado Federal em prol de Mato Grosso do Sul e de sua sociedade.

CORREIO PERGUNTA - Por que decidiu candidatar-se ao Senado? Quais são suas principais pretensões?
ALCIDES BERNAL -

Em 2012, a população nos confiou o seu voto. Ao assumirmos a administração municipal encontramos uma situação caótica, especialmente na saúde, pois a cidade sofria com uma grave epidemia de dengue. Enfrentamos e vencemos essa epidemia com ousadia e muito trabalho. E, sem gastar com propaganda, fizemos muito em pouco tempo. Porém, ao rompermos com as velhas práticas, incomodamos os grupos que haviam sido retirados do poder por meio do voto popular. Inconformados, esses grupos roubaram o mandato do povo. Dessa forma, nossa candidatura nasceu pelo clamor do povo por justiça em Mato Grosso do Sul e pela vontade de fazer com que a democracia prevaleça e que nosso Estado não viva sob a forma de tirania. Acreditamos que todo poder emana do povo e que o mesmo é soberano. Assim, suas escolhas devem ser respeitadas e não usurpadas de forma criminosa, como ocorreu em Campo Grande, onde nosso mandato foi retirado pela vontade de uma minoria e orquestrado por 23 vereadores. Entendemos que, assim, poderemos restabelecer a democracia e o direito do voto que foi cerceado dos nossos eleitores. Disputar esta eleição é fortalecer o direito do povo de ter sua escolha respeitada. A alternância do poder é necessária e contribui com a redução de toda corrupção.

De cada R$100 em tributos, MS tem retorno de apenas R$5 em investimentos do governo federal. Acha que a reforma tributária pode corrigir tais discrepâncias e como pretende defendê-la?
A reforma tributária é parte essencial do desenvolvimento do País, assim como também a reforma política. Enquanto senador pretendo participar ativamente dessas discussões, defendendo os interesses dos brasileiros e principalmente dos sul-mato-grossenses. Iremos avaliar juntamente com profissionais da área os melhores caminhos para que a reforma aconteça verdadeiramente, de forma efetiva e que contribua com o crescimento de todo o País, de forma especial com o do nosso Estado.

Qual a sua estratégia para que MS obtenha mais recursos junto ao governo federal?
Diálogo, planejamento, além de uma atuação forte e determinada. O Partido Progressista, ao qual pertencemos, tem uma bancada forte e unida, que trabalha em prol do País. Por meio dele, iremos garantir recursos para que a população de Mato Grosso do Sul tenha seus direitos garantidos e possa desfrutar de benefícios e melhoria em sua qualidade de vida. Além disso, o PP nacional está à frente de um dos Ministérios mais importantes, que é o Ministério das Cidades, que sempre nos oportunizou com investimentos que transformaram a nossa Capital. As obras do PAC nos dão a certeza de que teremos no governo federal um grande companheiro para o desenvolvimento de todo o Mato Grosso do Sul.

Como pretende agir para que os sul-mato-grossenses tenham melhorias nas áreas da saúde e educação, por meio de emendas ou convênios?
Não há falta de recursos em nosso País. Porém, hoje, a corrupção é responsável por desviar uma parcela significativa do dinheiro que deveria chegar às pessoas por meio de obras e serviços públicos. Queremos utilizar o nosso mandato para combater a corrupção e dessa forma garantir que cada vez mais brasileiros sejam beneficiados com os recursos públicos. Dinheiro público é dinheiro do povo, portanto deve ser utilizado com muita responsabilidade. Nem sempre gastar milhões de reais em recursos significa promover o desenvolvimento e a qualidade de vida para as pessoas. Garantir a saúde e educação para todos os cidadãos transcende um compromisso de campanha, ou uma obrigação. Isso está além da política e é um compromisso com cada ser humano de nosso Estado.

Além disso, pretendemos manter um diálogo constante com a população, para que dessa forma tenhamos conhecimento das demandas e possamos propor emendas que garantam recursos realmente necessários.  Nossa meta é beneficiar cada um dos 79 municípios sul-mato-grossenses, por meio de obras e serviços públicos, especialmente nas áreas da saúde e da educação, que garantirão um futuro melhor e com qualidade de vida a todos.

Na sua avaliação, o que o MS precisa para tornar-se mais competitivo em termos econômicos e tornar-se um Estado com novas indústrias e oportunidades de emprego?
Preso aos mandos e desmandos de grupos políticos e econômicos que estão no poder há muitos anos, o Estado de Mato Grosso do Sul não consegue desenvolver-se efetivamente e consequentemente não consegue atender às necessidades da sua população. É preciso liberdade para crescer, por meio da moralização dos serviços e obras públicas. O rompimento definitivo com as velhas oligarquias políticas e econômicas irá moralizar o  Estado de Mato Grosso do Sul e livrar a sua população dos velhos ranços e vícios que tanto atrasam o seu crescimento humano e estrutural. Enquanto senador da República, vamos trabalhar nesse sentido e ajudar o Estado a conquistar um desenvolvimento real e que beneficie sua população, especialmente a mais carente.

O Senado tem a missão de debater temas polêmicos que interferem no cotidiano de toda a sociedade. Qual sua opinião sobre a maioridade penal e a política de cotas?
Não se resolve o problema da criminalidade com passe de mágica; apenas diminuir a maioridade penal não garante a redução da violência. É preciso estabelecer uma política pública que insira os adolescentes na sociedade, oferecendo a eles educação, saúde, opções de lazer e principalmente oportunidade para que consigam construir para si mesmos um futuro próspero.  Nesse sentido há de se atuar em duas esferas: a prevenção e a punição. Mas acredito que para tomar uma decisão sobre um tema tão polêmico como esse é preciso consultar a sociedade, que vivencia no dia a dia os problemas resultantes pela violência praticada por menores de idade. Por priorizar sempre as pessoas, o PP tem compromisso com a implementação de políticas públicas específicas de gênero, raça, entre outros. Para o PP, o Estado deve respeitar os direitos de todos e os princípios constitucionais. Em relação às cotas, acreditamos que as mesmas em alguns casos específicos são necessárias, porém não podem resultar em exclusão, pois aí estariam indo contra o seu propósito. Antes de implantá-las ou não, é preciso realizar um estudo aprofundado para que as mesmas atendam às necessidades reais das minorias, sem afetar a sociedade como um todo.

Considera que o político deve obedecer cegamente seu partido ou deve contrariá-lo em determinadas ocasiões, seguindo sua opinião própria e os preceitos que considera corretos?
Fidelidade partidária é fundamental, pois se o detentor do mandato não respeita as diretrizes do partido que o ajudou a se eleger, como respeitará outros princípios? Em Campo Grande, tivemos a prova de que quando não há fidelidade partidária, a democracia corre perigo, quando parlamentares movidos por interesses próprios roubaram o mandato do povo, contrariando até mesmo instruções de seu próprio partido. É necessário uma maior cobrança dos parlamentares nesse sentido, especialmente em se tratando dos compromissos assumidos com a população. O voto é uma prova de confiança e uma vez quebrada essa confiança, toda a classe política é afetada, pois fica desacreditada.

Hoje muitas CPIs não alcançam os resultados esperados e acabam frustrando a população. Considera que tivemos evoluções neste papel fiscalizador do legislativo? O que precisa ser aperfeiçoado?
Nos dias de hoje, a atuação parlamentar ganha cada vez mais publicidade e consequentemente é mais cobrada por parte da população. Porém, temos visto muitas discrepâncias, onde CPIs são usadas como chamariz de mídia e não cumprem o seu papel.

Apesar do papel fiscalizador do legislativo estar evoluindo, ainda não atende à necessidade de transparência e moralidade exigidas pela população. É preciso acabar com velhas práticas que levam a acordos nada honestos e que acabam prejudicando a sociedade como um todo. E uma forma de se fazer isso é renovando e escolhendo candidatos que estão ao lado da população e não se dobram às pressões dos grupos políticos e econômicos que atuam apenas em benefício próprio.

Perfil
Alcides Jesus Peralta Bernal

Corumbaense. Mudou-se para Campo Grande aos 15 anos. Formado em Direito pela FUCMAT (UCDB). Casado e tem 3 filhos. Radialista por vocação há mais de 20 anos. Iniciou a vida política pela Câmara Municipal de Campo Grande (2004) e reeleito em 2008. Alcides Bernal foi um dos vereadores mais votados na Capital. Em 2010 foi eleito deputado estadual. É membro da Comissão de Direitos do Consumidor e também dos Direitos Humanos. Alcides Bernal foi eleito prefeito de Campo Grande em 2012. Teve seu mandato cassado em 2013.

 

Política

STF forma maioria de votos contra marco temporal de terras indígenas

Os seis votos foram dos ministros Gilmar Mendes, relator, Flavio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli

17/12/2025 18h15

Indígenas bloquearam ontem parte da MS-156, em Dourados, em protesto contra o julgamento

Indígenas bloquearam ontem parte da MS-156, em Dourados, em protesto contra o julgamento Dourados News/Clara Medeiros

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O Supremo Tribunal Federal (STF) formou nesta quarta-feira (17) maioria de votos pela inconstitucionalidade do marco temporal para demarcação de terras indígenas. 

Até o momento, a Corte tem placar de 6 votos a favor e nenhum contra a restrição às demarcações. A maioria foi formada pelos votos dos ministros Gilmar Mendes, relator, Flavio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli. Ainda faltam quatro votos.

A votação virtual começou na segunda-feira (15) e fica aberta até quinta-feira (18), às 23h59.

Luta contra o marco temporal

Em 2023, o STF considerou a tese do marco temporal inconstitucional. Além disso, o marco também foi barrado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que vetou parte da Lei nº 14.701/2023, aprovada pelo Congresso Nacional. Contudo, os parlamentares derrubaram o veto presidencial e promulgaram a medida.

Dessa forma, voltou a prevalecer o entendimento de que os indígenas somente têm direito às terras que estavam em sua posse no dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal, ou que estavam em disputa judicial na época.

Após a votação do veto presidencial, o PL, o PP e o Republicanos protocolaram no STF ações para manter a validade do projeto de lei que reconheceu a tese do marco temporal.

Por outro lado, entidades que representam indígenas e partidos governistas também recorreram ao Supremo para contestar novamente a constitucionalidade da tese.

É neste cenário de divergência que o Supremo voltou a analisar a matéria.

Em paralelo ao julgamento no Supremo Tribunal Federal, o Senado aprovou, na semana passada, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 48/2023, que insere a tese do marco temporal na Constituição Federal, em novo capítulo da briga entre Legislativo e Judiciário.

Mato Grosso do Sul

A decisão interessa, principalmente, o Estado de Mato Grosso do Sul, que possui a terceira maior população de indígenas do país. De acordo com último Censo, divulgado pelo IBGE em 2022, Mato Grosso do Sul saiu de 77.025 originários em 2010 para 116.346 mil. A população de MS fica atrás apenas do Amazonas (490,8 mil) e da Bahia (229,1 mil).

Os cinco maiores municípios de MS em população indígena são: Campo Grande (18.439), Dourados (12.054), Amambai (9.988), Aquidauana (9.428) e Miranda (8.866).

Do total de indígenas em MS, 68.534 mil pessoas moram em terras indígenas, e outros 47.812 residem fora.

A Terra Indígena Dourados tem a 6ª maior população residente indígena do País, com um total de 13.473 mil. 

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FAMÍLIA RAZUK

Um dia após ser condenado a perda do mandato, deputado Neno vota à distância na Assembleia

Com isso, não comparecendo à assembleia, Razuk não correu o risco de ser notificado da condenação ou da perda do mandato

17/12/2025 15h00

Neno Razuk não compareceu à sessão plenária da ALEMS desta quarta-feira

Neno Razuk não compareceu à sessão plenária da ALEMS desta quarta-feira Marcelo Victor/Correio do Estado

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O deputado estadual Roberto Razuk Filho, o Neno Razuk (PL) foi condenado ontem (16) pela 4ª Vara Criminal de Campo Grande a 15 anos, 7 meses e 15 dias de reclusão, em regime fechado, por ser indicado como chefe de uma organização criminosa voltada ao jogo do bicho. 

No entanto, a condenação não impedia o deputado de comparecer à Assembleia Legislativa nesta quarta-feira (17) para a última plenária do ano. Mesmo assim, o parlamentar não compareceu à Casa e participou da votação das cinco propostas aprovadas na ALEMS. 

Mesmo com a sentença, Razuk terá o direito de recorrer à decisão em liberdade. Ao Correio do Estado, o advogado André Borges, da defesa do parlamentar, afirmou que vai recorrer da sentença e que o "processo está longe de encerrar". 

Com o não comparecimento na Assembleia, o deputado não correu risco de ser notificado da condenação e nem prestar esclarecimentos à imprensa. 

Neno Razuk não compareceu à sessão plenária da ALEMS desta quarta-feira O voto do deputado apareceu durante as deliberações das propostas na última sessão plenária da ALEMS de 2025 nesta quarta-feira (17) / Fonte: Reprodução

Sentença

A investigação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) apontou que Neno Razuk seria o líder de uma organização criminosa que estaria praticando, de forma intensa, as práticas em Campo Grande após as prisões de Jamil Name e Jamil Name Filho durante a Operação Omertà, deflagradas em 2019 pelo MPMS contra as milícias armadas. 

Segundo as investigações, após as prisões, a família Name teria vendido seus pontos "na marra" e com uso de violência para um grupo de São Paulo, em uma tentativa de roubo a um malote do jogo do bicho que chamou a atenção das autoridades para investigar a situação. 

No documento que decretou 20 prisões preventivas de alvos da quarta fase da Operação Successione e 27 mandados de busca e apreensão, no mês passado, a família Razuk é "conhecida há décadas pela exploração ilegal do jogo do bicho e com expertise nas negociatas relacionadas ao ilícito". 

Além do crime da jogatina ilegal, também foram citados os de "assalto à mão armada e lavagem de dinheiro", especialmente na região de Dourados. 

Nas investigações da Gaeco, o clã da família Razuk tinha o plano de expandir a organização criminosa para o estado de Goiás. 

Segundo a averiguação dos fatos, o grupo realizava estudos com o apoio de organizações do estado goiano, como investidores e figuras influentes, para derrubar a liderança local da jogatina, que era comandado por Carlinhos Cachoeira, um bicheiro local.  

Com um financiamento de R$ 30 milhões de um investidor ainda não identificado, a missão era levar a uma "guerra pelo controle do jogo do bicho que atingiria ambos os Estados", como consta na investigação. 

As penas aplicadas pelo Judiciário somam mais de 100 anos de reclusão e multas que ultrapassam R$ 900.000,00 (novecentos mil reais), além da perda de mandato do deputado estadual Neno Razuk.

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