Política

Entrevista

‘Exigiremos transparência no volume de arrecadação", afirma candidato ao Senado pelo Psol

Lucien Rezende pretende fazer reforma tributária e diz que o povo precisa saber para onde vai sua contribuição

cristina medeiros e milena crestani

25/08/2014 - 17h00
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A partir de hoje (25), e em todas as segundas-feiras, até o dia 29 de setembro - o Correio do Estado publicará as entrevistas com os candidatos ao Senado Federal representando Mato Grosso do Sul. O candidato Lucien Rezende, do PSOL, selecionado por ordem de sorteio, é quem inaugura o espaço. Tanto ele quanto os demais candidatos  comprometeram-se e cumprir a solicitação do envio das respostas na mesma data, 19 de agosto, evitando, assim, privilégios posteriores. Nesta entrevista, o candidato fala sobre como pretende atuar no Senado Federal em prol de Mato Grosso do Sul e de sua sociedade.

CORREIO PERGUNTA - Por que decidiu ser candidato ao Senado? Quais são suas principais pretensões?
LUCIEN REZENDE - 
Minha decisão é resultado do amplo debate da militância do partido que entendeu ser necessária uma candidatura para representar os interesses do povo de Mato Grosso do Sul e não os interesses da elite política e econômica de nosso Estado. Minhas principais pretensões são garantir investimentos no setor social, lutar por uma reforma política, tributária e do judiciário, de forma que reafirme os direitos dos cidadãos como prioridade. De cada R$ 100 em tributos, MS tem retorno de apenas R$ 5 em investimentos do governo federal. 

Acha que a reforma tributária pode corrigir tais discrepâncias, e como pretende defendê-la?
Mato Grosso do Sul é um dos estados da federação que mais contribui com a produção e consequentemente com a formação do PIB nacional, bem como com a formação de uma balança comercial positiva para o País. A reforma tributária é medida urgente para destravar o desenvolvimento de Mato Grosso do Sul e de outros Estados importantes do Brasil. Para defender a Reforma Tributária, meu mandato vai avançar para além do apoio dos congressistas. Vamos exigir a transparência no volume de arrecadação para que o povo entenda de forma clara como contribui e qual o resultado da sua contribuição; desta forma, com o povo consciente de sua participação na formação da riqueza nacional, vamos mobilizar a população para pressionar o Congresso e o Executivo, objetivando conquistar uma reforma que seja pautada pela justiça social. 

Qual a sua estratégia para que MS obtenha mais recursos junto ao governo federal?
Em primeiro lugar, vamos fazer um mandato ancorado nos movimentos sociais e na participação popular, ou seja, um mandato livre dos conchavos com os detentores do poder político e econômico do País. Vamos preservar uma relação harmoniosa e republicana com os colegas de parlamento, fortalecidas pelo lastro de projetos elaborados com perfeição técnica e com resultados garantidos para, desta forma, capitanear recursos que atendam às demandas de produção, de logística, de industrialização e principalmente que explore o potencial turístico e ambiental de nosso Estado. 

Como pretende agir para que os sul-mato-grossenses tenham melhorias nas áreas da saúde e da educação, por meio de emendas ou convênios?
Nosso mandato vai lutar para conquistar recursos para estas duas áreas. Saúde e educação são prioridades para o PSOL. Não aceitamos que o povo sofra tanto nas filas de hospital, nem que persista o analfabetismo e a falta de vagas nas universidades. Meu mandato vai lutar na defesa de investimento de 10% do PIB para a educação e de 10% do PIB para a saúde. As emendas e convênios que articularemos serão feitos exclusivamente com entidades públicas. Basta de jogar dinheiro público na iniciativa privada, que lucra com o péssimo atendimento de saúde e educação e que gera escândalos de corrupção recorrentes, como foi no recente caso da máfia do câncer em Mato Grosso do Sul. 

O Senado tem a missão de debater temas polêmicos que interferem no cotidiano de toda a sociedade. Qual sua opinião sobre a maioridade penal e a política de cotas?
Entendemos a maioridade penal como um equívoco e um retrocesso do pensamento jurídico e social. Vejo que quem defende a redução da maioridade penal não se apresenta para lutar pela redução da maioridade para ocupação de cargos públicos. Basta que observemos o Senado, que impõe uma idade mínima de 35 anos para desempenho das funções eletivas do legislativo federal. É bastante contraditória a questão: um menor a partir dos dezesseis pode ser preso, mas não pode dirigir, não é considerado capaz e não pode ser eleito? Nosso país possui um sistema carcerário que não reeduca e tampouco ressocializa o apenado; muito pelo contrário, provoca o avanço e o aprimoramento da criminalidade. Não se combate a criminalidade reduzindo a idade penal, mas sim, reduzindo as desigualdades sociais que geram a pobreza, a miséria e abandono do cidadão. Quero defender mais escolas, mais hospitais, mais universidades, mais emprego, mais oportunidades e menos, bem menos prisões e celas. Com relação à política de cotas, entendemos as mesmas como medidas de resgate dos direitos das classes menos favorecidas classificadas pela elite como minorias sociais. A política de cotas não é um favor, é uma conquista. Precisa ser apoiada por outras políticas de Estado para que se transforme de medida paliativa em ação política que garanta a ascensão social e a independência do beneficiado.

Considera que o político deve obedecer cegamente ao seu partido ou deve contrariá-lo em determinadas ocasiões, seguindo sua opinião própria e os preceitos que considera corretos?
No caso do PSOL, não se trata de obedecer cegamente. Nosso partido não tem dono ou “cacique” político. Nossas diretrizes e preceitos são resultado de amplo debate em nossos fóruns internos, e, portanto, seguir as recomendações partidárias não deve ser problema para qualquer um de nossos filiados, uma vez que cada um buscou sua filiação por vontade própria e independente. Penso que não se deva obedecer cegamente a ninguém, deve-se seguir fielmente a própria consciência. 

Hoje, muitas CPIs não alcançam os resultados esperados e acabam frustrando a população. Considera que tivemos evoluções neste papel fiscalizador do legislativo? O que precisa ser aperfeiçoado?
Fiscalizar e investigar os atos públicos é medida essencial para o estabelecimento da democracia. O problema é que na maioria das vezes as CPIs foram usadas com objetivos políticos ou eleitorais, sempre buscando favorecer algo ou alguém, ou seja, cheias de vícios e de parcialidade. Nossa democracia é jovem e evoluímos bastante nos últimos anos, mas precisamos mudar o sistema representativo político dos brasileiros. A reforma política é urgente para garantir ao povo participação efetiva na política. O Senado é um bom exemplo, veja que aqui em MS: existem candidaturas baseadas com apelo hereditário, outras com apoio de grupos de comunicação, outras com apoio do setor privado, enfim, representantes das elites políticas e econômicas. Apresentamos nossa candidatura como opção popular representativa das minorias políticas e sociais que são a maioria da população.

Espera

Motta aguarda assessoria jurídica da Câmara para definir posse de suplente de Zambelli

Primeira Turma do STF confirmou, ontem, 12, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que decretou a perda imediata do mandato de Zambelli

13/12/2025 21h00

Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta

Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta Foto: Câmara dos Deputados

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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), espera uma resposta da assessoria jurídica da Casa para definir o destino do mandato da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) até segunda-feira, 15.

A equipe de Motta afirmou à reportagem que a decisão deve tratar não necessariamente da cassação de Zambelli, mas da posse de Adilson Barroso (PL-SP). O prazo de 48 horas dado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) à Câmara menciona especificamente a posse do suplente, não a cassação da titular.

A Primeira Turma do STF confirmou, ontem, 12, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que decretou a perda imediata do mandato de Zambelli. O colegiado também chancelou a determinação para que a Mesa da Câmara dê posse ao suplente da deputada em até 48 horas, como prevê o regimento interno da Casa.

A decisão anulou a deliberação da própria Câmara de rejeitar a cassação de Zambelli, o que foi visto como afronta ao STF. Foram 227 votos pela cassação, 170 votos contrários e dez abstenções. Eram necessários 257 votos para que ela perdesse o mandato.

Moraes disse em seu voto que a deliberação da Câmara desrespeitou os princípios da legalidade, da moralidade e da impessoalidade, além de ter "flagrante desvio de finalidade".

O ministro afirmou que a perda do mandato é automática quando há condenação a pena em regime fechado superior ao tempo restante do mandato, já que o cumprimento da pena impede o trabalho externo.

Nesses casos, cabe à Casa legislativa apenas declarar o ato, e não deliberar sobre sua validade.

O STF condenou Zambelli em maio pela invasão de sistemas e pela adulteração de documentos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A pena é de 10 anos de prisão em regime inicial fechado, e tem como resultado a perda do mandato na Câmara.

A deputada, no entanto, fugiu do País antes do prazo para os recursos. Ela hoje está presa preventivamente na Itália, e aguarda a decisão das autoridades italianas sobre a sua extradição.

A votação em plenário na madrugada da quinta-feira, 11, contrariou a decisão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, que, na tarde desta quarta-feira, 10, tinha aprovado a cassação.

Zambelli participou por videoconferência da deliberação da CCJ e pediu que os parlamentares votassem contra a sua cassação, alegando ser inocente e sofrer perseguição política. "É na busca da verdadeira independência dos Poderes que eu peço que os senhores votem contra a minha cassação", disse.

No plenário, a defesa ficou com Fábio Pagnozzi, advogado da parlamentar, que fez um apelo para demover os deputados. "Falo para os deputados esquecerem a ideologia e agir como seres humanos. Poderiam ser o seus pais ou seus filhos numa situação dessas", afirmou. O filho da parlamentar, João Zambelli, acompanhou a votação. Ele completou 18 anos nesta quinta-feira.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), discursou pedindo pela cassação. "Estamos aqui para votar pela cassação que já deveria acontecer há muito tempo", disse.

O PL trabalhou para contornar a cassação, para esperar que Zambelli perca o mandato por faltas. Pela regra atual, ela mantém a elegibilidade nessa condição.

Caso tivesse o mandato cassado, ficaria o tempo de cumprimento da pena mais oito anos fora das urnas. Ela só poderia participar de uma eleição novamente depois de 2043. Estratégia similar foi feita com Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que deverá ter a perda do mandato decretada pela Mesa Diretora.

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Política

PT oficializa pré-candidatura de Fábio Trad ao governo do Estado

Nome de ex-deputado foi oficializado em encontro realizado neste sábado (13)

13/12/2025 18h00

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva Foto: Pedro Roque / Reprodução

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Ex-deputado federal, Fábio Trad foi oficializado como o postulante à governadoria estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT). A indicação ocorreu na tarde deste sábado (13), em reunião da cúpula petista na Capital, que contou com a presença do presidente nacional da sigla Edinho Silva e diversas lideranças do partido. 

Filiado ao partido desde agosto último, Fábio Trad migrou para o campo mais à esquerda após deixar o Partido Social Democrático (PSD), sigla a qual pertencia há 10 anos.

Fábio Trad, ressaltou o simbolismo político da visita do líder da sigla à Capital e afirmou que a presença da direção nacional recoloca o campo progressista sul-mato-grossense no centro do debate nacional.

“A vinda do presidente nacional do PT significa que a esquerda de Mato Grosso do Sul está, sim, no radar político nacional. Não é possível que um Estado da importância geopolítica de Mato Grosso do Sul não tenha um palanque competitivo, ideologicamente coerente com o campo progressista liderado pelo presidente Lula”, afirmou.

Ao Correio do Estado, o ex-deputado destacou que os partidos que compõem a frente progressista construirão um grande palanque para o Lula em Mato Grosso do Sul, voltado "às conquistas sociais e econômicas para o nosso povo", disse.

À reportagem, destacou que, a disputa pelo executivo estadual partiu de uma decição do presidente nacional do partido, decisão que viu com bons olhos.

"Sobre a construção em torno da minha participação na campanha, o presidente Edinho destacou a preferência do PT de MS para que a jornada seja encabeçada por mim. As definições estão se concretizando e eu espero contribuir com o presidente Lula para fazer em MS o papel que ele me incumbiu de exercer", declarou. 

Além de mirar o posto mais alto do executivo estadual, o partido deve priorizar a corrida pelo Senado, já que Soraya Thronicke (Podemos) e Nelsinho Trad (PSD), irmão de Fábio, não possuem vaga garantida para o próximo ano. 

"O presidente Lula está muito atento ao cenário aqui do estado e fará todo o esforço para que o campo progressista tenha êxito em todas as instâncias de disputa, inclusive o Senado com o companheiro Vander", disse. 

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva Ex-deputado Fábio Trad / Foto: Marcelo Victor / CE

À época de sua filiação, Trad já era cotado para disputar as eleições para governador no pleito geral de 2026, contudo, havia rechaçado o embate contra o atual governador Eduardo Riedel (PP) nas urnas.

Diferente dos irmãos, ele vem de uma formação mais à esquerda. Advogado formado na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), conheceu o movimento brizolista (ligado à Leonel Brizola).

Em Mato Grosso do Sul, já teve dois mandatos de deputado federal pelo PSD, onde sua família esteve abrigada durante quase toda década passada.

Após a pandemia de Covid-19, voltou-se mais à esquerda quando se colocou como um dos oposicionistas do então presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em 2022, não conseguiu se reeleger. Disputou a eleição pelo antigo partido e também foi derrotado na disputa pelo governo do Estado.

Em 2023, recebeu um cargo na Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), no governo Lula.

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