Política

Teto dos Gastos

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Especialistas sugerem reforma
tributária como alternativa à PEC

Pesquisador disse que agronegócio poderia participar de esforço fiscal

AGÊNCIA SENADO

25/10/2016 - 20h00
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Participantes de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), nesta terça-feira (25), apontaram aperfeiçoamentos pontuais do sistema tributário brasileiro como alternativas ao congelamento dos gastos públicos por 20 anos, previsto na chamada PEC do Teto dos Gastos, que tramita na Câmara como a Proposta de Emenda à Constituição 241/2016.

André Calixtre, técnico de planejamento e pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), disse que haveria uma arrecadação anual de R$ 49 bilhões com a regulamentação do Imposto sobre Grandes Fortunas, previsto na Constituição mas até hoje não cobrado pelo governo.

Pesquisador do Ipea, Fernando Gaiger não apoiou a criação de novos impostos, mas apontou a possibilidade de uma receita adicional de R$ 100 bilhões, “nos cálculos mais conservadores”, com o fim de distorções na tributação do Imposto de Renda (IR). Somente com a correção de uma delas, a isenção do IR sobre o total dos lucros distribuídos às pessoas físicas, haveria a possibilidade de arrecadação de R$ 68,2 bilhões.

Para Gaiger, existem muitos “espaços importantes” para crescimento da tributação direta, como o aperfeiçoamento dos mecanismos de cobrança dos impostos de Transmissão de Bens Imóveis Inter Vivos e de Transmissão Causa Mortis e Doação. Uma das ideias do pesquisador é, além de tributar mais, estabelecer alíquotas progressivas — quanto maior o valor, mais elevada a alíquota.

Outro imposto que precisa ser aperfeiçoado, na avaliação de Gaiger, é o Territorial Rural (ITR), que considerou “uma vergonha nacional”. Segundo ele, o ITR é o único imposto que diminuiu em termos nominais, apesar do crescimento do agronegócio.

"O agronegócio brasileiro é altamente beneficiado e participa muito pouco do esforço fiscal", defendeu o pesquisador do Ipea.

Outro participante da audiência, o professor Felipe Rezende, do Departamento de Economia da Hobart and William Smith Colleges (EUA), reconheceu a necessidade um novo regime fiscal no país, mas com um desenho diferente do proposto na PEC do Teto dos Gastos.

Segundo Rezende, a adoção de metas de superávits estruturais pressupõe o ajuste do resultado fiscal de acordo com as flutuações das condições econômicas e de preços de ativos, “que são inerentes às economias de mercado”.

Como os outros palestrantes, ele defendeu uma reforma tributária e a preservação dos investimentos públicos, que considerou ameaçados pela PEC.

GASTOS

Autor do requerimento para a realização da audiência, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que, no momento em que o país vive sua pior recessão, “em que as famílias não gastam e as empresas que estão endividadas também não gastam, só há um jeito de sair dessa crise, que é o Estado gastando”.

Lindbergh disse  a situação fiscal só se resolve com crescimento da economia, o que a seu ver poderia acontecer ao se romper o "círculo vicioso de ajuste fiscal, economia estagnada e frustração de receita, que realimenta a crise".

A presidente da CAE, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), lamentou a ausência de um representante do governo no debate de um tema que vai mexer muito na vida do povo brasileiro.

"As pessoas não estão tendo consciência do que isso vai impactar. Acho que o governo tinha que estar aqui para falar sobre esse assunto, inclusive para fazer a sua defesa, dizer por que está mexendo na área fiscal só pela despesa e não pela tributação."

Gleisi Hoffmann disse que sua posição não é só fazer uma crítica à PEC do Teto dos Gastos, mas também apresentar alternativa. Para ela, a progressividade tributária é fundamental, “uma das alternativas mais concretas e mais importantes em termos de política fiscal depois de discutir déficit estrutural e outras medidas”.

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) sugeriu que a CAE edite uma publicação com o resumo das propostas alternativas à PEC. Segundo ela, os debates já promovidos pela comissão mostraram que é possível outro caminho para tirar o Brasil da crise.

CHIQUINHO-BRAZÃO

Processo de cassação de Chiquinho Brazão será instaurado na Câmara em abril

O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e líderes partidários acordaram que não vai haver sessões na próxima semana

27/03/2024 15h00

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O pedido de cassação do deputado Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ) apresentado pela bancada do PSOL já está no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, segundo o presidente do colegiado, Leur Lomanto Júnior (União Brasil-BA).

O deputado diz que o processo chegou no colegiado nesta quarta-feira (27) e que a ideia é que ele possa começar a ser analisado na segunda semana de abril, quando haverá novas sessões na Câmara.

O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e líderes partidários acordaram que não vai haver sessões na próxima semana, por causa do prazo final da janela partidária (quando os vereadores que querem concorrer às eleições de 2024 podem trocar de partido).

"Como a semana que vem está prejudicada pelo prazo das filiações partidárias, os membros do conselho não estarão em Brasília. Então a reunião será feita na semana seguinte. Para instaurar o processo e o sorteio do relator", diz Lomanto Júnior.

Ele afirma que a matéria seguirá o trâmite normal, como todas as outras representações que são analisadas pelo colegiado. "Mas, obviamente, por envolver prisão de parlamentar tem que ter uma atenção maior", diz.

Brazão foi preso na manhã de domingo (24) sob suspeita de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL). À noite, a executiva nacional da União Brasil determinou a expulsão do parlamentar do partido com o cancelamento de filiação partidária, numa decisão unânime entre os presentes.
A bancada do PSOL na Câmara protocolou a representação por quebra de decoro parlamentar na segunda (25).

"O autor intelectual da morte de Marielle Franco e Anderson Gomes não pode estar como representante da Câmara dos Deputados. Sua cassação é urgente e sua presença, uma vergonha para a Casa", diz o documento.

Os parlamentares afirmam também que Brazão "desonrou o cargo para o qual foi eleito, abusando das prerrogativas asseguradas para cometer as ilegalidades e irregularidades" expostas na representação.

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ELEIÇÕES 2024

PSD convida o vice-governador para se filiar e disputar prefeitura de Dourados

O senador Nelsinho Trad, presidente estadual do partido, confirmou as negociações com Barbosinha para a filiação

27/03/2024 08h00

O vice-governador Barbosinha, durante evento político no interior do Estado com o senador Nelsinho Trad Reprodução

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O vice-governador José Carlos Barbosa, mais conhecido como “Barbosinha”, deve trocar o PP pelo PSD para concorrer à prefeitura de Dourados nas eleições do próximo dia 6 de outubro.

A informação foi confirmada pelo senador Nelsinho Trad, presidente estadual do PSD, ao Correio do Estado, explicando que as negociações do partido com o vice-governador já estão bem adiantadas e podem ser concretizadas nos próximos dias.

“Sim, existe essa tratativa, que foi iniciada pelo deputado estadual Pedro Pedrossian Neto, mas, ainda não se concretizou, só se concretiza depois que o Barbosinha assinar a ficha de filiação ao PSD”, pontuou, explicando que o governador Eduardo Riedel (PSDB) está ciente do convite feito ao vice-governador.

O senador completou para o Correio do Estado que Barbosinha é um quadro importante para o PSD e para qualquer outro partido do Estado, pois se trata do vice-governador.

“Por onde ele passou sempre se destacou e fez um bom mandato, então, nada mais natural que o PSD fosse buscar a sua filiação”, ressaltou, completando que já comunicou sobre o convite o presidente nacional do partido, Gilberto Kassab. 

“Não tem como em uma situação dessa o presidente Kassab não estar participando das tratativas e de forma ativa no processo. Temos até o dia 6 de abril para fazer essa troca partidária e, até lá, vamos ter de aguardar a resposta do Barbosinha”, adiantou.

"Existe essa tratativa, que foi iniciada pelo deputado estadual Pedro Pedrossian Neto, mas, ainda não se concretizou, só se concretiza depois que o Barbosinha assinar a ficha de filiação ao PSD”, Nelsinho Trad explicando o convite ao vice-governador para se filiar ao partido

Nelsinho acrescentou que a confirmação do convite ao vice-governador aconteceu em uma agenda política no município de Deodápolis (MS) no início deste mês. 

O presidente estadual do PSD pontuou que a vinda de Barbosinha não é apenas para disputar a prefeitura de Dourados, mas também para ajudar na reestruturação da legenda, que perdeu e está perdendo nomes importantes nos últimos dias.

PRÉ-CANDIDATURA

No início do mês deste mês, em entrevista ao programa “A Hora da Verdade”, da Rádio Grande FM, o vice-governador já tinha confirmado que seria pré-candidato a prefeito de Dourados nas eleições municipais deste ano e inclusive informou sua pretensão ao governador Eduardo Riedel.

Ele explicou que não tinha confirmado antes a sua pré-candidatura porque como vice-governador não poderia deixar questões políticas locais sobreporem o desenvolvimento de Dourados e os vínculos do município com o governo do Estado.

“Eu entendia que, me posicionando politicamente de forma antecipada, poderia colocar o assunto político acima do desenvolvimento de Dourados. Por essa razão e para, sob nenhum aspecto de eventual discordância política local, prejudicar o relacionamento do município de Dourados com o governo do Estado, não falava da minha intenção de sair candidato”, disse.

No entanto, ressaltou o vice-governador, chegou o momento de falar que o seu nome está à disposição para participar do processo eleitoral municipal.

“Porém, agora, a população de Dourados terá de se manifestar sobre isso porque eu não posso ser candidato de mim mesmo. Eu não posso postular essa condição só por minha vontade, é preciso que a população seja consultada”, argumentou.

Barbosinha lembrou que na eleição passada, quando disputou o cargo de prefeito, era considerado o velho e o atual prefeito Alan Guedes (PP) “era o novo, o douradense de nascimento e criou-se essa grande expectativa em torno dele”. 

“Penso que, quem se dispõe a ocupar um cargo Executivo, precisa ter histórico de vida, ter um legado de prefeito aos 23 anos de idade, de advogado, de professor universitário, de cidadão sul-mato-grossense de coração, mas goiano de nascimento e que escolheu Dourados para poder viver”, pontuou, referindo-se ao próprio currículo.

Ele completou também a experiência como presidente da Sanesul, quanto teria pegado a estatal quebrada e a transformou em uma das maiores companhias de saneamento do Brasil, bem como da modernização da Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) sob a sua gestão e dos dois mandatos como deputado estadual. 

“Coloquei tudo isso à disposição de Dourado na eleição passada, mas o eleitor optou por outro caminho e, com o respeito que tenho ao eleitor, quando proclamaram o resultado, eu parabenizei o prefeito eleito, desejei que Deus o abençoasse e cuidasse do seu mandato, além de agradecer aos votos que recebi e penso que é assim que todo político tem de se comportar. Agora, mais uma vez estou colocando o meu nome à disposição para que o eleitor de Dourados diga se deseja me manter como vice-governador lá em Campo Grande ao lado do governador Riedel, ou se quer essa experiência na administração da cidade”, reforçou.

Barbosinha também fez questão de dizer que não é candidato por vingança ao resultado da última eleição.

“Minha candidatura é porque acredito que a população deseja mudança e quero apresentar projetos qualificados para poder promover essas mudanças que Dourados precisa. Há muito tempo o município precisa de um choque de gestão”, garantiu.

O vice-governador revelou que conversou com o governador Eduardo Riedel e ele teria respeitado a decisão de colocar o seu nome para disputar a prefeitura de Dourados. 

“Agora, eu sei que isso depende da resposta que a população vai dar nas pesquisas e nos indicadores eleitorais porque a população pode entender que o Barbosinha tem de continuar em Campo Grande como vice-governador. Ou que o Barbosinha tem de disputar as eleições para que possa, na eventualidade, colocar toda essa experiência a serviço do município”, assegurou.

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