Política

DELAÇÕES PERIGOSAS

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Delação indica que Puccinelli e Giroto
cobraram propina para campanha

João Amorim teria intermediado cobrança de 10% sobre valor de crédito da empreiteira

RODOLFO CÉSAR

17/04/2017 - 21h24
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O ex-governador de Mato Grosso do Sul André Puccinelli (PMDB) e o ex-deputado federal Edson Giroto foram citados em delação de executivo da Odebrecht por ter supostamente cobrado e recebido dinheiro de propina para a campanha de 2010.

O executivo da empreiteira, João Antônio Pacífico Ferreira, relatou o pagamento com detalhes, em delação premiada. Foi dado, inclusive, datas e ele assegurou que há planilha para comprovar o esquema. O empreiteiro João Alberto Amorim Krampe dos Santos também foi citado como intermediário na negociação.

O caso consta em documentos levados ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas nenhum dos três responde a inquérito.

Na delação, Pacífico afirmou que para a empresa conseguir receber um crédito milionário, precisava pagar 10% do valor a título de "auxílio de campanha". O saldo do crédito era de R$ 79 milhões, valor corrigido em 2010, mas na negociação com o Governo do Estado, a Odebrecht concedeu desconto de 70%, o que equivalia a um pagamento de R$ 23,4 milhões.

O executivo comentou que essa quantia arrastava-se há mais de quatro anos e em uma das tentativas de receber, um contato da empresa, chamado Pedro Augusto Carneiro Leão, procurou Puccinelli entre 2006 e 2007 (o período não ficou claro na delação, apenas menciona que André tinha sido eleito quando foi requisitado). As tratativas só surtiram efeito em 2010, no ano de eleição.

"Somente em 2010 (...), após contatos com o governador André Puccinelli e com Edson Giroto, Pedro Leão, com a minha ciência e autorização, conseguimos formalizar um novo acordo para quitação do saldo (que era devido pelo Estado à empreiteira)", disse Pacífico em sua delação.

Durante as tratativas, Puccinelli mencionou sobre a eleição. "O governador André Puccinelli lhe disse (a Pedro Leão), expressamente, que estava buscando reeleição e precisava de apoio financeiro", detalhou Pacífico.

TOMA LÁ DA CÁ

O delator explicou que depois dessa conversa sobre candidatura, o ex-governador pediu que Pedro Leão tratasse diretamente com Edson Giroto.

"Condicionou a assinatura do acordo (para pagamento de créditos a Odebrecht) ao pagamento a pretexto de auxílio de campanha de 10% sobre o valor a ser recebido (R$ 23,4 milhões), equivalente a R$ 2,34 milhões", explicou o delator sobre a propina a ser repassada para a campanha de Puccinelli, que se reelegeu.

Pacífico alegou que foi obrigado a fazer esse pagamento para que houvesse o recebimento dos créditos. "Não deveria ter pago. O certo era não pagar, mas para não deixar de receber os créditos, eu autorizei o pagamento (da propina)", afirmou.

Questionado se esse acordo foi formalizado, o executivo sinalizou que houve documentação.

INTERMEDIÁRIO

A negociação ainda envolveu o nome do empreiteiro João Alberto Krampe Amorim dos Santos. Ele fora indicado para conversar com Pedro Leão depois que a proposta tinha sido feita.

O retorno sobre o "sim" para a propina foi dado a Amorim, classificado pelo executivo da Odebrecht como "pessoa de confiança do governador André Puccinelli".

Durante a delação, João Antônio Pacífico disse que a primeira parcela recebida pela empresa foi em 23 de agosto de 2010. Por outro lado, os R$ 2,34 milhões foram quitados em parcelas nos dias 1, 2 e 3 de setembro de 2010. O delator mencionou que houve pagamento em quatro parcelas, mas não citou expressamente uma quarta data.

O crédito da Odebrecht de R$ 23,4 milhões continuou a ser pago nos dias 28 de setembro de 2010, 25 de outubro de 2010 e em 14 de janeiro de 2011.

A propina teria sido repassada em dinheiro e paga em São Paulo. Não fica apontado claramente quem viajou para receber. Ao mesmo tempo, a negociação sobre o acordo foi feita no Parque dos Poderes, na sede do Governo do Estado.

EXCEDENTE

Como estava em campanha para deputado federal, Edson Giroto também recebeu dinheiro da empreiteira. João Antônio Pacífico afirmou que foram pagos R$ 300 mil a ele.

Nas planilhas da empresa, o nome do ex-deputado é "Carrossel" e o valor foi quitado em 15 de outubro de 2010, segundo o executivo. O pagamento aconteceu em São Paulo e não estava condicionado ao acordo.

PRESTAÇÃO DE CONTAS

Nos documentos que constam na prestação de contas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de 2010, não constam ambos os pagamentos a Puccinelli e Giroto. A pesquisa foi feita tanto a partir do filtro "Odebrecht", como pelos valores mencionados na delação.

OUTRO LADO

André Puccinelli defendeu-se que toda a negociação foi acompanhada da Procuradoria Geral do Estado. Ele também afirma, categoricamente, que não pediu vantagem pessoal nas tratativas. Veja a nota.

"Sobre notícias de doação de campanha envolvendo meu nome, tenho a esclarecer que:

1 – O governo do estado negociou com o ACOMPANHAMENTO  da PGE  (Procuradoria Geral do Estado ) uma dívida do governo do PT de 79 milhões por 24 milhões em quatro parcelas fixas e mensais.

2 – EU não pedi qualquer vantagem pessoal mesmo porque tendo exigido junto com a PGE (SETENTA  POR  CENTO  DE  DESCONTO), seria inverossímil acreditar que contribuíssem para minha campanha.

3 – Estou à disposição da justiça, como sempre estive, e sou político que sempre abriu mão dos sigilos bancário e fiscal desde o primeiro mandato eletivo, até hoje."

A reportagem não conseguiu contato com Edson Giroto até a publicação desta matéria.

VÍDEO DA DELAÇÃO

Política

Djalma Santana acredita em renovação no partido caso vença as eleições municipais do MDB

O chefe de gabinete do vereador Dr. Loester, relatou para a reportagem que deve ouvir mais os jovens para trazer nova ideias ao MDB de Campo Grande.

15/04/2024 18h39

Fotos: Eduardo Miranda/ Correio do Estado

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Com o objetivo de trazer novos ares e abrir as portas do partido para o eleitorado jovem, o candidato à presidência municipal do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), Djalma Santana, aposta em sua experiência para conquistar os votos na escolha de quem vai comandar o diretório municipal do partido em Campo Grande. 

Ao Correio do Estado, o chefe de gabinete do vereador Dr. Loester relatou que os vereadores Dr. Jamal Salem, Wanderley Cabeludo e Wilson Domingos também devem disputar a presidência municipal do partido. Contudo, considerando que seus concorrentes devem participar das próximas eleições municipais, Djalma Santana acredita que esse fator, aliado à sua experiência, pode ser um diferencial para vencer a disputa pelo diretório municipal. 

Atualmente, o partido conta com 45 membros eleitos apenas em Campo Grande, e todos já garantiram que devem votar na escolha do novo presidente municipal do MDB. 

"O que ouvi diretamente do André Puccinelli é que ele não irá interferir nas eleições, e confio plenamente nele. Ao buscar informações entre os membros, percebi que meu nome é um dos mais comentados. Por isso, acredito que tenho o potencial e serei o novo impulso do MDB no município".

Quando questionado sobre quais seriam suas ideias para liderar o diretório municipal do MDB, Djalma Santana respondeu que sua principal bandeira é a renovação do partido.

"Hoje, o MDB é um partido muito fechado para novas ideias, e precisamos entrar os bairros e ouvir mais a população. É crucial a aproximação deles e estejamos abertos a novas perspectivas, além de dar mais oportunidades para que os jovens sejam ouvidos", detalhou.

Djalma Santana prosseguiu relatando sobre a importância de dar mais ouvidos aos jovens, utilizando como exemplo o PT (Partido dos Trabalhadores) e a renovação de seus candidatos, destacando a pré-candidata à prefeitura de Campo Grande, Camila Jara (PT). 

“Olha essa moça [Camila]. Ela iniciou como vereadora, venceu como deputado federal e agora é candidata à prefeitura de Campo Grande. Isto é renovação. Hoje temos somente o André [Puccinelli] e precisamos preparar os jovens para o futuro, trazer eles ao partido”, relatou. 

“Precisamos também fomentar o segmento jovem do MDB, até porque a população acaba enjoando das mesmas pessoas. Os jovens têm ótimas ideias, meus filhos palpitam todos os dias e escuto eles. Precisamos oxigenar o partido e levar eles até o filiado. Temos hoje 10 mil, precisamos fazer 15 mil, somente em Campo Grande”, emendou Djalma Santana. 

Chapas 

Além de Djalma, mais três nomes correm por fora para a presidência do MDB. De acordo com Santana, a sua experiência pode ser fundamental para trazer novas ideias do partido. 

 “Hoje posso dizer que sou das antigas na política. Vou usar exemplo de um time de futebol. Eu iniciei a minha vida política na base, em 1988. Mas antes, fui militante em 1985 e comecei mesmo buscando a bola atrás do gol na política quando fui office boy para Ramez Tebet em 1982. Conheço muito bem as ideias do partido e essa experiência pode me ajudar a trazer boas ideias ao MDB”, relatou. 

Candidaturas

A eleição da diretoria municipal do MDB de Campo tem quatro possíveis candidatos à presidência. Os vereadores Dr. Jamal, Wanderley Cabeludo e Wilson Domingos devem disputar as eleições. 

Apesar da forte concorrência,  o chefe de gabinete do vereador Dr Loester acredita que pode sair vencedor. “Nunca me candidatei a vereador, deputado e a nada. Por isso, gostaria de ter essa chance em mãos e oxigenar o partido com ideias novas”, relatou. 


Escolha do novo presidente do MDB de Campo Grande. 

O presidente estadual do MDB, ex-senador Waldemir Moka, informou neste final de semana que o diretório municipal do partido em Campo Grande vai escolher na próxima semana o novo presidente para ocupar o lugar de Ulisses Rocha, que se desfiliou da legenda para ingressar no PP e assumir o cargo de secretário-adjunto da Secretaria Municipal de Governo e Relações Institucionais (Segov).

“Já conversei com a ex-deputada estadual Antonieta Amorim, que é a 1ª vice-presidente municipal do MDB na Capital e retorna na próxima semana de São Paulo (SP), para assumir interinamente a função. Ela vai convocar uma reunião do diretório municipal para declarar a vacância do cargo de presidente e, dessa forma, poder convocar uma nova eleição”, explicou.

No entanto, conforme o Correio do Estado apurou, o secretário-geral do MDB, Djalma Santana, o vereador Jamal Salem, os ex-vereadores Vanderlei Cabeludo e Mário César e Wilson Domingos estão interessados em assumir o cargo.

Desfiliação

Questionado sobre a forma como Ulisses Rocha saiu da presidência municipal do partido e ingressou de imediato no PP, o presidente estadual do MDB disse que viu a situação com naturalidade.

“O Ulisses viu no PP a melhor oportunidade de poder disputar o cargo de deputado estadual em 2026. Para nós, foi ruim, mas é uma coisa natural e só temos a agradecer pelo tempo dele destinado ao MDB e desejar boa sorte”, declarou.

Waldemir Moka lembrou que, quando o PSDB foi criado em Mato Grosso do Sul, também ficou sozinho no MDB. “Saiu todo mundo do partido e fiquei sozinho. Foi todo mundo para o PSDB, mas depois reconstruímos o partido. Por isso, vejo com naturalidade e vou continuar sendo amigo dele”, assegurou.

Ele ainda completou que não existe isso de que a saída dele “implodiu” o MDB de Campo Grande. “Ele sempre foi uma peça importante, principalmente para o ex-governador André Puccinelli, mas, ninguém é insubstituível”, finalizou.

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Política

Vereadores debatem a escassez de medicamentos na rede pública de saúde em audiência pública

Parlamentares relataram problemas no estoque e também na gestão de adquirir novos medicamentos

15/04/2024 16h22

Fotos: Câmara Municipal/ Divulgação

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Na manhã de hoje (20), os vereadores da Câmara Municipal de Campo Grande debateram a falta de medicamentos da rede pública de saúde da Capital. A  escassez de medicamentos no Sistema Único de Saúde (SUS), vem chamando a atenção da sociedade e dos vereadores para entender a dimensão do problema.  

A audiência foi convocada pela Comissão Permanente de Saúde, composta pelos vereadores Dr. Victor Rocha (presidente), Prof. André Luis (vice), Dr. Jamal, Tabosa e Dr. Loester.

“É um tema recorrente dentro da saúde pública de Campo Grande. Fizemos vistorias e há falta de medicamentos e uma deficiência de informação, pois boa parte desses medicamentos são distribuídos pela Farmácia Popular, e muitas vezes o usuário não sabe”, afirmou o vereador Prof. André Luís.

Ainda de acordo com o  vereador, pensa em ouvir ainda mais a população para diminuir ainda mais o problema na rede pública de saúde. 

“Queremos ouvir todas as partes envolvidas para tentar uma melhor solução. De que maneira nós, do poder público, poderemos diminuir esse problema? Precisamos melhorar os sistemas e saber de que forma podemos otimizar para que haja uma solução adequada”, acrescentou.

O grande problema da falta de remédios do Sistema Único de Saúde (SUS) vem de anos. Desde de 2015, tramita na Justiça uma Ação Civil Pública proposta pelo MPE (Ministério Público Estadual) um projeto na tentativa de resolver o problema da falta constante de medicamentos. 

Segundo o vereador Dr. Victor Rocha, as reclamações chegam frequentemente aos parlamentares. Ele sugeriu ainda uma auditoria para fazer o levantamento das compras de medicação e a reabertura da farmácia da UPA Universitário.

“Muitas vezes, a população vai ao posto para pegar uma medicação e temos visto uma constância de reclamação. Quando tem dipirona, não tem paracetamol. Aqui é a caixa de ressonância da população e temos recebido essa demanda. No início do ano, tínhamos 40% de falta de medicamentos. De 250 medicamentos básicos, mais de 100 estavam em falta ou com estoque reduzido”, lembrou.

Durante a sessão, a secretária Municipal de Saúde, Rosana Leite de Melo, relatou que dos dos 243 medicamentos da rede, 107 estavam em falta, tanto na rede como no almoxarifado.  Segundo o balanço apresentado na audiência, a Sesau já conta com 203 medicamentos em estoque disponíveis para a população. O investimento no período passou de R$ 7,5 milhões.

“Me incomoda muito um usuário que, muitas vezes, não ganha um salário mínimo, ter que tirar do bolso medicação que é nossa obrigação, mesmo que seja R$ 10 ou R$ 20. Infelizmente, temos uma carga de doenças muito grande e nossa população tem um consumo elevado. Vamos fortalecer nossa rede com protocolos e planejamento, supervisionar os processos, e sempre avaliar. Esse é o segredo de uma boa gestão”, afirmou.

Em sua fala, o vereador Sandro Benites, que foi secretário de Saúde, afirmou que a falta de remédios sempre aconteceu. 

“Infelizmente, dentro da Prefeitura, a secretária, hoje, é a ordenadora de despesas. Ela é responsável pela compra de medicamentos. Porém, a gente só compra através da Secretaria de Compras. Isso é uma burocracia gigantesca que você não consegue corrigir no final de uma gestão. É preciso que a secretaria tenha autonomia, ou então a gente entra na vala comum”, defendeu.

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