Os advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmaram, na tarde desta terça-feira (24), que vão apresentar à Justiça documentos referentes ao apartamento vizinho ao de Lula em São Bernardo do Campo (SP), que é investigado na Operação Lava Jato.
Ex-presidente Lula é acusado de receber um apartamento em São Bernardo do Campo como propina da Odebrecht;
Defesa de Lula nega acusação e diz que havia um contrato de locação com a ex-primeira-dama Marisa Letícia;
Cópias de recibos de locação foram anexados ao processo, e MPF considerou documentos "ideologicamente falsos";
Defesa de Lula diz que vai apresentar recibos originais.
Os documentos, que, segundo a defesa do ex-presidente, devem ser entregues ainda na tarde desta terça-feira, incluem o contrato original de locação, 31 recibos originais de locação, e uma carta do empresário Glaucos da Costamarques para Marisa Letícia.
Na carta, que é deste ano e informa mudanças na conta bancária do proprietário do imóvel, de acordo com o advogado Cristiano Zanin, não há referências a alugueis atrasados. "Se tivesse algum débito, ele teria registrado aqui. É o que se espera", afirmou.
A propriedade do apartamento faz parte da denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF), que acusa o político de receber propina da Odebrecht em decorrência de contratos entre a empresa e a Petrobras.
Também é investigada a compra de um terreno onde, de acordo com os procuradores, seria construída a nova sede do Instituto Lula.
De acordo com a denúncia, o imóvel foi comprado por Glaucos da Costamarques, a pedido do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula. Ambos também são investigados na operação.
Costamarques disse ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato, que estabeleceu um contrato de locação do apartamento em 2011, mas que começou a receber os alugueis a partir de 2015.
Ele também afirmou que assinou no mesmo dia, enquanto estava hospitalizado, os recibos de pagamentos de aluguel apresentados pela defesa de Lula. O ex-presidente nega a acusação do MPF.
Recibos sob investigação
Para contestar a versão, a defesa de Lula apresentou à Justiça as cópias dos 31 recibos, para comprovar que a família de Lula paga os aluguéis regularmente. Alguns deles possuem erros de grafia semelhantes, além de datas que não constam no calendário.
O MPF, por sua vez, contestou a originalidade dos 26 primeiros recibos. Os procuradores abriram um incidente de falsidade criminal, procedimento para investigar a origem de provas anexadas a um processo. Para eles, os recibos são "ideologicamente falsos".
Moro determinou, então, no dia 9 de setembro, que a defesa do ex-presidente Lula esclarecesse se possui os originais dos recibos e que, caso eles existam, sejam apresentados.
No dia 11 de outubro, a defesa do ex-presidente apresentou, via sistema eletrônico da Justiça Federal, outros seis recibos de 2011, sendo que um já fazia parte dos 26 primeiros recibos, e informou estar com os originais.
A defesa também protocolou outros documentos referentes à locação do imóvel, como uma carta de
Glaucos Costamarques para Marisa, solicitando que o pagamento fosse efetuado em um banco diferente.