O ex-senador e sócio-proprietário do Jornal Correio do Estado, Antonio João Hugo Rodrigues, respondeu com humor a afirmação do senador Delcídio do Amaral de que em outra encarnação teria sido “um caso mal resolvido” e que o ex-senador “alimentaria uma paixão platônica” por ele, como forma de justificar o conteúdo desfavorável ao petista publicado em matérias nacionais e replicadas no Correio do Estado.
Em seu perfil pessoal no Facebook, Antonio João disse: “Caráio! Fiquei muito preocupado com a afirmação do lindão do Pantanal. E resolvi ir a um médico especializado, desses que hipnotizam o cliente e faz a tal da regressão. Fui parar em outra encarnação. Me vi em um campo verde, no Pantanal, cheio de capim mimoso. Eu era um pequeno mas valente jegue. E olhava, embevecido, para uma linda égua pantaneira, pelagem baia, mais à frente. Receptiva. Devassa... Lindona... Saí da hipnose mais tranquilo. Espero que o senador não faça a regressão. Acho que vai doer. Muito”.
A afirmação de Delcídio foi feita em entrevista ao Jornal Boca do Povo. Citado por três delatores como um dos políticos que recebeu propina da Petrobras, o senador disse ser vítima de perseguição noticiosa e que a manchete publicada no Portal Correio do Estado, mente quando diz que “delator preso disse que fez doações ao senador”, se referindo a matéria publicada com base no depoimento do empresário Júlio Camargo, que afirmou ter privilegiado o petista ao fazer doações para campanhas e que foi divulgada pelo Jornal Nacional.
Delcídio fez ainda ameaças, dizendo que vai acionar a Justiça contra o jornal e “desta vez, eles irão se surpreender”.
As informações do Correio do Estado são replicadas da imprensa nacional desde a primeira fase da Operação Lava Jato, que apura esquema de lavagem de dinheiro e corrupção na Petrobras. O nome do senador foi citado como beneficiário do esquema e apareceu nos principais veículos de imprensa nacional.
Delcídio já foi apontado como um dos políticos que recebeu propina da Petrobras por três presos no âmbito da Lava Jato. A Veja disse que o dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa (apontado pela Polícia Federal como chefe do grupo de empreiteiras que comandavam o roubo aos cofres da estatal), afirmou em delação premiada ter repassado R$ 500 mil para a campanha do senador em 2010. Já o ex-diretor da área de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, teria dito que o senador obteve recursos para sua campanha em 2002, segundo a IstoÉ, enquanto o Jornal Nacional divulgou teor do depoimento do ex-consultor da Toyo Setal e da Camargo Corrêa, Júlio Camargo, que disse ter ‘privilegiou alguns amigos, como o doutor Delcídio’ nas doações das empresas.