Viver é uma graça perene que proporciona maravilhas a contemplar, pensamentos a elaborar, projetos a construir e sonhos a realizar. Viver é também uma tarefa a concretizar. Ninguém nasce perfeito e completo. Cada qual tem seu tempo e seu ambiente para escrever sua própria história, embora ameaçada e influenciada pelo meio social, cultural e religioso.
Viver pode ser ainda um desafio existencial. Por onde andar sempre haverá propostas desafiadoras. Tanto no campo biológico quanto no campo espiritual a humanidade vive atônita diante de fatos e acontecimentos que deixam a sensibilidade sem ação. Hoje se fala muito em crise de autoridade e em falta de honestidade. Está difícil o entendimento e o respeito entre as pessoas. Cada qual se julga o melhor e o mais bem informado.
Os pais estão perdendo a autoridade sobre os filhos. Os conselhos e as tentativas de correção e de orientação não produzem mais efeito. Os filhos se consideram donos de seus sentimentos e de seus atos.
Confiam mais nas redes sociais do que em seus pais. Agem mais pelos impulsos dos sentimentos do que pela seriedade da razão.
Nas escolas os professores também estão perdendo a autoridade. Não encontram razões suficientes e nem forças psicológicas para impor uma certa disciplina e a necessária ordem e poderem alcançar os resultados esperados tanto para a formação intelectual quanto para a formação da própria personalidade.
A religião também está se tornando cada dia mais distante dos anseios de felicidade e de vivencia da fé. A felicidade não consiste tanto em ter a consciência tranquila de viver na humildade e no amor a Deus e ao próximo. A felicidade parece estar justamente no oposto.
A pessoa se sente feliz quando consegue fazer um bom negocio, mesmo enganando e prejudicando o próximo. Considera feliz quem for bem sucedido. Não importam os meios.
E essa felicidade é apreciada ainda quando alguém consegue burlar as leis vigentes sem ser cobrado ou autuado. Há até um consenso dizendo que o mundo é dos espertos. E esse espírito toma conta das consciências negando a culpabilidade de certos atos. O pecado se tornou fraqueza de espírito. e para essa fraqueza existe remédio: a esperteza.
Até mesmo no relacionamento com Deus a indiferença está se alastrando e invadindo as consciências e a própria família. As obrigações religiosas estão perdendo espaço para o lazer, ou para serviços domésticos e outras ocupações sociais e esportivas.
O sagrado está sendo absorvido pelo profano. Continua, porém, existindo um certo medo de Deus. Medo de sua justiça e de sua reprovação a certos atos. Atribuem a ele principalmente certos castigos e certas catástrofes. Seriam demonstração de sua autoridade.
E Deus na é isso. As catástrofes naturais e os castigos corporais são consequências da natureza e da imprudência humana. São ainda consequências das limitações da ciência.
Por ter se afastado de Deus, a consciência passa a cobrar o retorno à fidelidade e comunhão com o mesmo Deus. E ele apenas aguarda com o coração repleto de amor e de misericórdia. Não fiscaliza. Apenas aguarda.