O ser humano, de acordo com o livro do Gênesis,2, é formado do pó da terra e voltará a ser pó. Isso para revelar a ligação íntima existente com a natureza. Celebramos o Dia do Trabalho, dia do trabalhador, dia daquele e daquela que constroem o mundo com os calos de suas mãos. Regam a criação com seu suor. E celebram a colheita com o coração agradecido.
É sua a tarefa de serem jardineiro e jardineira para celebrar a harmonia desejada por Deus. É sua a tarefa de cultivar o planeta para que continue sendo o jardim do Edem regado com águas cristalinas e produzindo flores e frutos abundantes e poderem saciar a fome e celebrar a alegria da comunhão com Deus e com o universo.
Mas o ser humano não entende assim. Ao descobrir a fecundidade da mãe terra passa a explorá-la abusando de sua bondade e de sua riqueza. Tira dela, não só o que necessita, mas também o que enriquecerá sua ganância de ter sempre mais. Agride impiedosamente sugando até a última gota de sua água potável e jogando nela todos os detritos e venenos produzidos por suas indústrias e por suas máquinas mortíferas.
Creio que já esteja cansada de tantos maus tratos. Creio que esteja implorando uma trégua amigável. Não sei se todos estão entendendo esse anseio e esse apelo. Sei que os que trabalham nas lavouras estão se dando conta de que os agro-tóxicos não conseguem mais os efeitos desejados. As doenças estão mais poderosas do que os venenos. A mãe terra está se vendo derrotada. As águas poluídas perderam o poder sagrado de alimentar a vida e as árvores.
Já surge um apelo frágil, mas esperançoso: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos seres humanos que ainda possuem alma e sentimentos”. É hora de despertar para a paz. É hora de fazer aliança com a paz tão querida de Deus e tão esperada pela mãe terra.
Essa paz querida de Deus é bem diferente da paz que o mundo quer. A paz de Deus não é mera ausência de conflitos. Ela é presença de esforço corajoso de mudar esse mundo de ódio em mundo de amor. Ela é discernimento e escolha de um caminho que leve as pessoas serem solidarias com os mais humilhados, mostrando o caminho da luz que conduz à alegria de serem todos irmãos e irmãs no mesmo Deus e Pai.
Essa paz vem de Deus na pessoa de Jesus Cristo para formar uma nova humanidade alicerçada no testemunho alegre de quem se colocou a serviço do amor, da misericórdia e do perdão. Assim se revela o segredo da grandeza e da riqueza da paz que vem de Deus.
Essa é a paz que falta em muitos corações. Enquanto o coração estiver dominado pelo egoísmo e pela ganância estará longe de entender e partilhar o que ela significa e o que ela traz.
Só o coração que se abrir para a paz de Deus será capaz de transformar a tristeza em alegria, o medo em entusiasmo, a solidão em solidariedade, o orgulho em humildade e o ódio em perdão. Essa paz continua inquietante para os gananciosos e esperança para os simples. Pois só os corações alimentados pela simplicidade verão a gloria de Deus.