A decisão de amar ou de odiar faz parte da maneira de pensar e de conduzir o próprio viver. Existem pessoas que aparentam indiferença perante o sofrimento alheio. Existem pessoas que dramatizam um pequeno acidente acontecido no percurso. E existem pessoas que encaram com naturalidade a situação e procuram uma saída ou solução sensata. Os extremos não são os melhores. O melhor de tudo é o equilíbrio com que se analisa a realidade.
O Mestre dos mestres, atento aos acontecimentos, notou que seus seguidores estavam um tanto constrangidos diante de sua nova mensagem. Chamou-os junto a si e lhes disse: “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Amem o seu próximo e odeiem seu inimigo’. Eu, porém, lhes digo, amem os seus inimigos e rezem por aqueles que perseguem vocês!” (Mt. 5,43-44).
Essa é uma proposta desafiadora. Não é fácil para ninguém amar as pessoas que tenham causado algum mal, ou que se declarem inimigas. Seria bem mais cômodo seguir a lei dos antigos amando quem nos ama e odiando a quem nos odeia. E é isso o que acontece na realidade. Ninguém aceita suportar ofensas, calúnias ou traições permanecendo no silêncio.
Esquecemos que o amor vem acompanhado da cruz. A cruz e o amor andam juntos. Um completa o outro. Um não vive sem o outro. O amor é fruto da maturidade. E a maturidade se alcança na medida em que aceitar a cruz e com ela suportar os incômodos, oferecendo o sublime de sua fé e a entrega pessoal nas mãos sábias e misericordiosas de Deus.
Assim, aprenderemos que o amor só é maduro quando aceitarmos a cruz da responsabilidade e do compromisso. E sua maturidade se manifestará na medida em que aceitarmos e convivermos com as limitações e as dificuldades que acompanham nosso relacionamento, pois não existe ninguém perfeito. Todos a caminho da perfeição.
E nesse caminho sempre haverá algo a corrigir, a perdoar e a incentivar. Então, o amor vai se revelando, fortalecendo e amadurecendo. Então, haverá ambiente de alegria e de convivência solidária. Haverá gratuidade. Não haverá cobrança; pois, onde existir cobrança, não haverá amor. Onde houver imposição, haverá a morte do amor.
Essa lição e esse aprendizado vêm do próprio Deus, que nos revela o jeito com que ele ama a cada um e a cada uma: “Ele faz nascer o sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos e injustos” (Mt. 5,45). Não discrimina. Ama e serve a quem quer que seja, pois ele é o amor, a bondade, a misericórdia e a salvação. No seu coração, há lugar para cada um.
Ninguém poderá esquecer que o amor vem acompanhado da cruz. E a cruz, por vezes, poderá parecer pesada e dolorida, mas terá o peso possível de ser suportado. E, quando parecer peada e difícil demais, será porque o amor está fraco demais. Onde existe o amor, nada será pesado ou difícil demais.
Quem ama saberá carregar a cruz de cada dia com alegria e confiança. Quem ama saberá aliviar as dores dos demais, saberá perdoar as fraquezas e saberá se dispor como guia rumo à felicidade reservada a quem ama a cruz que lhe é confiada.