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Venildo Trevizan: "Chamados a cultivar"

Frei

Redação

18/11/2017 - 02h00
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Somos muitas vezes surpreendidos pela beleza de um jardim, pela exuberância de uma floresta, pelo encanto de uma flor e pela grandiosidade de uma paisagem. São surpresas que, na maioria dos fatos, podem se tornar comuns e sem tantas novidades para quem deseja sonhar.  

Muitos são os que perdem esse encanto original e passam a tratar essas belezas com interesses meramente comerciais. Não encantam mais. Tornam-se meios de comércio e negociação. Triste realidade por se tornarem objetos, e não sujeitos que conduzam as pessoas ao encanto e à reflexão e que proporcionem enriquecimento do espírito e descoberta de novos valores e de novas surpresas.

O bom em tudo isso é que não faltam motivos para o encanto, para a admiração e para a reflexão. O importante é acreditar que somos chamados a cultivar esses encantos e essas descobertas. Não podemos perder de vista os sonhos perante o belo, o grandioso e o sobrenatural que desafiam a inteligência humana por sua originalidade.

Não podemos deixar que o comércio ou a indústria destruam essas maravilhas tão generosamente semeadas e distribuídas pelo Criador. É preciso manter e cuidar essas realidades como dádiva de Deus e como compromisso nosso em fazer com que tudo concorra para a honra e a glória dessa humanidade tão carente de fé.

É importante lembrar aquilo que o próprio Criador confidenciou no início da criação ao homem e à mulher: “Cresçam e se multipliquem; encham e submetam a terra; dominem os peixes do mar, as aves do céu e todos os seres vivos. Entrego a vocês todas as ervas que produzem sementes e todas as árvores que produzem frutos. Tudo será alimento para vocês” (Gen.1,28-30).

Essa confiança do Criador para com as criaturas deve nos levar a uma reflexão mais séria sobre nossa responsabilidade diante dessa grandiosa e maravilhosa dádiva confiada a nós. Nossas atitudes e nosso comportamento dentro dessa maravilha deverá despertar sentimentos de alegria e atitudes de competentes administradores.

Deus nos chama para cultivar essa obra que é dele, mas que é confiada a nós, pois ele continua acreditando em nós. E felizmente a humanidade está se dando conta dessa tamanha responsabilidade. Resta saber se seremos capazes de recuperar as florestas que destruímos, as águas que poluímos, o ar que envenenamos e a natureza que devastamos.

Resta saber se vamos recompor os rios que estão secando, as nascentes que desapareceram e os animais que estão sendo eliminados. Resta saber se conseguiremos recuperar a paz perdida nas guerras. Resta saber se conseguiremos novamente implantar a solidariedade entre os povos, especialmente com os mais empobrecidos.

Então poderemos voltar a cultivar o bom humor e a alegria em nossos lares e em nossos ambientes. Voltaremos a cultivar o verdadeiro amor entre os povos. Voltaremos a sorrir com espontaneidade. Voltaremos a confiar no abraço de acolhida e de congraçamento. Voltaremos a celebrar a presença amorosa de Deus.