Definitivamente o mundo mudou para os seres humanos no último século. Há apenas 100 anos atrás não existiam aviões comerciais e a quantidade de carros era infinitamente menor ao que são encontrados nas ruas hoje em dia. Desta forma o transporte populacional era restrito a animais ou a nossas próprias pernas, fazendo com que tivéssemos uma vida mais ativa e menos sedentária.
Nos dias de hoje, a maioria das pessoas restringe sua prática esportiva em academias e clubes.
Com o celular ao alcance das mãos, o carro na garagem e a tecnologia a nosso favor, o gasto energético se limitou enormemente e o exercício físico dos menos sedentários se restringe há apenas uma hora diária. Entretanto esta quantidade de atividade física despendida ainda é limitada uma vez que o exercício não está mais completamente integrado à vida cotidiana da maioria das pessoas. Esta mudança tem ocasionado também a geração de problemas como obesidade, hipertensão ou síndromes metabólicas que podem congregar múltiplos problemas.
Mas, seria o exercício tão essencial? A resposta imediata é sim. Entretanto, como colocado por qualquer educador físico, o exercício pode ser maravilhoso, mas na medida correta. O exercício físico quando bem trabalhado individualmente ou coletivamente, levando em conta a limitação de cada pessoa, traz inúmeros benefícios como maior tônus muscular, redução dos níveis de colesterol e glicemia e também um maior controle sobre a pressão arterial.
Embora apenas uma hora de caminhada por dia não seja muito, esta atividade ainda faz uma enorme diferença a um corpo acostumado a ser desafiado dia a dia nos últimos milhares de anos.
Entretanto, novos estudos têm demonstrado que estes são apenas alguns dos poucos efeitos benéficos do exercício. Sabe-se ainda que o treinamento físico pode estimular a multiplicação de neurônios limitadamente e também auxiliar em suas conexões, facilitando o melhor estudo e aprendizagem. O exercício também modula a resposta imune, ampliando o sistema de defesa do organismo a múltiplas infecções. Além disso um trabalho pioneiro de um grupo brasileiro utilizando modelos animais mostrou que o treinamento físico pode alterar a composição de microrganismos intestinais também conhecida por microbiota. Sabe-se que que a microbiota pode estar diretamente envolvida em inúmeras doenças como a obesidade. Assim o exercício, ao modular a microbiota, não só auxilia no emagrecimento por gastar energia, mas também por reduzir as bactérias que auxiliam na absorção de gorduras. Entretanto, vale ressaltar que nem todo exercício é benéfico. Aos atletas de fim de semana, saibam que sair correndo em alta velocidade após muitos dias deitado no sofá pode trazer problemas mais sérios como distensões musculares e arritmias cardíacas, por exemplo.
Além disso também podemos considerar que os atletas de ponta que desenvolvem treinamento em altíssima intensidade como maratonistas ou tri-atletas, também podem apresentar problemas severos como hipertrofia cardíaca e em alguns casos arterioscleroses.
Devemos lembrar que como toda máquina sempre é necessária uma boa manutenção. Quando um motor é extremamente forçado ou nunca utilizado, a máquina, nesse caso o corpo humano, para de funcionar corretamente apresentando defeitos que podem ser facilmente consertáveis ou não. Assim, devemos manter a máxima de que tudo deve ser melhor quando feito na medida correta e o corpo humano agradecerá por um exercício bem feito. A ciência está vigilante ao nosso lado, atuando sabiamente para solucionar os problemas de nossa sociedade.