Artigos e Opinião

OPINIÃO

Therezinha Selem: "É preciso acabar com o E Nem Tô Aí ... no Brasil"

Dra. Honoris Causa em Educação Superior pela UCDB

Redação

20/01/2015 - 00h00
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Se observarmos a China, do ponto de vista de seu desenvolvimento econômico, não foram tantos os anos que a separa de uma escala de quase pobreza para a potência mundial de nossos dias.  No meu entender a razão fundamental é que eles tiveram a inteligência de começar pelo caminho correto. PREPARARAM CÉREBROS.

Embora ideologicamente fechados, não tiveram dúvidas de buscar, no mundo, os melhores professores para ensinar aos seus jovens o Conhecimento. EURECA....daí pra frente o país andou sozinho, e os resultados saltam aos olhos quando se sobrevoa o padrão de desenvolvimento atingido em poucas décadas. SERÁ que É tão DIFÍCIL aprender com eles?

Quando comecei a minha carreira profissional assumi um compromisso pesado para os meus recém-completados 18 anos de idade: Professora do Preparatório ao Exame de Admissão ao Ginásio. Era o vestibular da época em que o curso primário - séries iniciais do Ensino Fundamental  - podia ser realizado fora do sistema escolar, mas o que garantia a passagem para o Ginásio, era o bendito Exame de Admissão, festejado como se hoje fosse, passar no Exame da Ordem - OAB para os advogados.

O que eu precisava ensinar àqueles alunos? ‘ Sabatinados’ ao final do ano, por uma equipe do MEC, totalmente desconhecida e que o professor desta fase preparatória só avistava de longe...muito longe, e cuja avaliação o atingia também. Se a turma era bem-sucedida o professor era competente e se não fosse....Rua....Muito bem. O professor devia basicamente ensinar a Língua Portuguesa e Matemática. Isto  é fácil de entender. Se a pessoa não decodifica o que lê acaba sendo incapaz de entender História, Geografia, Física e todo o resto. A Matemática ensina o mecanismo do pensamento lógico.  E este mecanismo é a base do pensar em sua plenitude - da Literatura a problemas domésticos. São duas ferramentas alavancadoras do caminhar de cada um. É o BÁSICO.

É o alicerce sobre o qual se constrói o pensamento, que mobiliza o Agir e que se fundamenta no Sentir.

Pois é. Chegamos às notícias de jornais do dia.

Que avaliação se pode fazer do Sistema de Ensino a partir do grande  Exame de Admissão da atualidade - o ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio - também de competência do mesmo MEC de antigamente - porta de entrada para o Ensino Superior no Brasil.
1- 6,2 milhões de estudantes fizeram o exame
2- destes, 1/2 milhão é incapaz de ler e entender um texto em sua própria língua.
3- dos 6 milhões, apenas 250 pessoas tiveram a pontuação máxima - e nem são considerados excepcionais por especialistas, são apenas bons alunos, capazes de escrever a respeito de “qualquer assunto” pois sabem decodificar o que leem. (Um destes 250 é egresso do Colégio Militar de Campo Grande - Danilo Erly, que merece os parabéns por ser Um Bom Aluno).

Assim como um professor, do meu começo, era avaliado pelo resultado de sua turma de alunos e não permanecia na instituição de ensino - no meu caso, Colégio Dom Bosco - se os alunos não fossem bem-sucedidos - claro, meu contrato de trabalho era para ensinar as matérias e conteúdos exigidos pelo sistema, logo, meu compromisso era ensinar e Ponto.

..... Gostaria de saber quem está cobrando dos professores estes vergonhosos resultados?  A que tipo de “repreparo” estes professores estão sendo submetidos? Que penalidades estão recebendo pelo massivo insucesso dos seus alunos?  Que medidas efetivas estão sendo tomadas pelo governo para que esta situação se reverta?  Que relação existe entre Mérito e Resultado para o professor que corresponda a esta relação para o aluno “aquele que não aprende, aquele indisciplinado, aquele sem limites?”  E por aí vai a lista dos “defeitos do Aluno”. Perfeito.

Mas onde está a lista correspondente dos professores? Mudou a relação contratual de trabalho?  ENSINAR o aluno a aprender Não é mais a finalidade deste contrato? Se não se cumpre o contrato Tudo fica por isto mesmo?

Juro que ando cansada de ver a doença da Desculpite que tomou conta da classe de docentes.  É a antiga chorumela - o professor ganha mal, logo não se pode exigir muito dele. Coitadinho! Tá. E daí?

Qual a responsabilidade Social deste profissional com o seu País?

Que se Brigue e muito, nos Sindicatos para que o Professor seja remunerado de forma digna. Isto é inegociável. Mas as esferas são diferentes. Não há como misturá-las. Não é o País que vai pagar o pato.
É preciso que se dê um basta aos resultados acachapantes do nosso sistema de ensino - em todas as avaliações internas e as mais vexatórias - quando comparadas com as de outros países. Morro de VERGONHA como brasileira.

Há muito, está passada a hora de se dizer BASTA! a tudo isto. Está na hora dos pais, dos empresários - que tem que importar colaboradores porque os daqui  não servem pela incompetência, dos professores dedicados e que fazem a sua parte com responsabilidade e que se sentem humilhados pela imagem que a sua classe profissional exibe, os governantes, que vão para os palanques carregando a bandeira da EDUCAÇÃO boa de voto...

Que TODOS digamos NÃO ao E ...NEM TÔ Aí... que tomou conta de nosso país.
Há mais de 50 anos eu repito o mesmo mantra - A Educação é o caminho mais curto e mais seguro para o desenvolvimento da sociedade em todos os seus vieses.
 

EDITORIAL

As bolhas que nos afastam da realidade

Enquanto uma parte do Estado amplia suas zonas de conforto, outra é pressionada a fazer mais com menos, arcando com o desgaste político e social das escolhas difíceis

17/12/2025 07h15

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A expressão “estar em uma bolha” deixou de ser apenas uma gíria de internet para se transformar em um retrato cada vez mais fiel da forma como a sociedade vem se organizando. Nas redes sociais, algoritmos direcionam conteúdos, opiniões e notícias de acordo com preferências previamente identificadas.

O resultado é um ambiente confortável em que quase tudo confirma aquilo que o indivíduo já pensa. Divergir passa a ser exceção e confrontar ideias, um incômodo evitado.

Fora do ambiente digital, a lógica das bolhas também se impõe. O isolamento crescente em condomínios fechados, verticais ou horizontais, reduz o contato cotidiano com o diferente. Ao limitar o convívio, o indivíduo perde a oportunidade de compreender realidades distintas da sua própria.

Torna-se, ao mesmo tempo, mais desconfiado e mais desinformado, conhecendo o mundo mais pelo “ouvir dizer” do que pela experiência direta. A realidade passa a ser filtrada, editada e, muitas vezes, distorcida.

As bolhas criam falsas impressões. Quando se consolidam em grupos, reforçadas pelo sentimento de pertencimento, geram uma perigosa falta de sintonia com o restante da sociedade. Problemas coletivos passam a ser relativizados, minimizados ou simplesmente ignorados.

A empatia dá lugar à autoproteção e o interesse público acaba substituído pela preservação de privilégios.

Nesta edição, mostramos um exemplo concreto dessa desconexão: o aumento do duodécimo para quase todas as instituições de Mato Grosso do Sul, mesmo após um ano marcado por crise financeira, enquanto cresce a sobrecarga sobre o Poder Executivo.

É sobre ele que recai, de forma quase exclusiva, o peso de enfrentar as dores reais da sociedade: da falta de recursos para serviços essenciais às demandas crescentes por saúde, educação, transporte e assistência social.

Essa discrepância orçamentária não é apenas um dado técnico. Ela reforça as bolhas institucionais. Enquanto uma parte do Estado amplia suas zonas de conforto, outra é pressionada a fazer mais com menos, arcando com o desgaste político e social das escolhas difíceis.

Trata-se de um desequilíbrio que aprofunda a sensação de injustiça e distancia ainda mais as instituições da realidade vivida pela população.

Seria desejável que integrantes das instituições que recebem repasses de duodécimo saíssem de suas bolhas. Que vivessem mais intensamente a realidade fora de gabinetes, relatórios e planilhas.

Que entendessem que, em tempos de dificuldades financeiras, reforçar privilégios e ampliar confortos institucionais não é apenas insensível, é socialmente injusto.

Romper bolhas não é simples, mas é necessário. Para indivíduos, para grupos e, sobretudo, para instituições públicas. A democracia e a justiça social exigem mais contato com a realidade concreta e menos acomodação em mundos protegidos. Caso contrário, seguiremos administrando percepções, e não problemas reais.

ARTIGOS

A Interpol e as lições do roubo ao Louvre: quando a cultura exige proteção global

O que alguns insistem em tratar como luxo é, na verdade, expressão de identidade coletiva, memória histórica e soberania cultural

16/12/2025 07h45

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A Interpol é amplamente reconhecida por seus sistemas de avisos e pela atuação no combate ao crime organizado transnacional.

O recente episódio envolvendo o Louvre, porém, recoloca em evidência um ponto ainda subestimado no debate público: crimes não violentos, como o roubo de bens culturais, também demandam tutela internacional qualificada.

O tráfico de obras de arte e de patrimônio histórico segue sendo um delito de baixo risco e alto lucro, alimentado pela opacidade do mercado e pela fragmentação das respostas estatais.

O que alguns insistem em tratar como luxo é, na verdade, expressão de identidade coletiva, memória histórica e soberania cultural. A Interpol parte dessa premissa, ao reconhecer a cultura como interesse jurídico protegido, merecedor da mesma atenção dedicada à vida, à segurança e à integridade física.

Nesse contexto, o Banco de Dados de Obras de Arte Roubadas da organização cumpre papel central: dar rastreabilidade a um mercado em que o patrimônio cultural pode, com facilidade, converter-se em saque.

A existência do banco de dados não é apenas simbólica. Ela permite a identificação de peças subtraídas, inibe a circulação ilícita e oferece suporte técnico às investigações nacionais.

Ainda assim, a eficácia do sistema depende de algo que nem sempre acompanha a velocidade do crime: cooperação internacional efetiva e compartilhamento ágil de informações entre agências de aplicação da lei.

Há espaço evidente para aprimoramentos. A ampliação do banco de dados com atualizações em tempo real, a integração mais ampla de museus, casas de leilão e colecionadores privados, além de protocolos obrigatórios de verificação de procedência, fortaleceriam significativamente o combate ao tráfico ilícito.

Do mesmo modo, penalidades mais rigorosas e treinamento especializado para forças policiais e autoridades alfandegárias são medidas indispensáveis para reduzir a atratividade econômica desse tipo de crime.

O episódio do Louvre serve como alerta. Proteger bens culturais não é capricho elitista nem pauta secundária: é defesa da memória, da identidade e do patrimônio comum da humanidade.

Quando uma obra é roubada, perde-se mais do que um objeto, perde-se um fragmento da história coletiva. A resposta, portanto, precisa ser global, coordenada e à altura desse valor.

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