Artigos e Opinião

Crônica

A+ A-

Theresa Hilcar: "Tudo por um clique"

Theresa Hilcar: "Tudo por um clique"

Redação

22/08/2017 - 07h48
Continue lendo...

Viajar para quê? – é a pergunta que faço diante da horda de turistas com seus celulares na palma da mão em plena Place Concord.

Alguns chegam a carregar um equipamento tão absurdo quanto o nome: pau de selfie – para se fotografar em ângulos melhores.

Há algum tempo, nem tanto tempo assim, costumávamos viajar para conhecer e assimilar novas culturas, descobrir as belezas naturais, admirar a arquitetura local, saborear a comida, sentir os aromas, olhar as cores. Viajávamos para conhecer, aprender e desfrutar. 

A viagem, costumava-se dizer, tinha três etapas: a preparação, a viagem em si e as recordações na volta. Na primeira vez que saí do Brasil, recebi um conselho de ouro: olhe para cima, para os edifícios, telhados, olhe o céu.

Quando em Paris a amiga viajada sugeriu apenas que eu me sentasse em um café para ver o desfile das pessoas nas ruas. Segundo ela, este pequeno gesto de observação valeria a viagem.

Quase 30 anos depois desses conselhos, que sempre segui à risca e me foram valiosos, penso – com algum pesar – que a maioria das pessoas não viaja mais, apenas se deslocam. Mudam de paisagem. E só.

Viajar para quê? Para postar foto nas redes sociais do prato do restaurante, com a escultura famosa ao lado, a placa do museu enquadrada. As pessoas não viajam mais, elas fotografam, fazem o registro, a pose, simplesmente para mostrar a outras pessoas.

A ideia agora é compartilhar, e não desfrutar. Perdem, a meu ver, tempo e energia captando superficialmente o que poderia ser vivido em sua profundidade. A câmera do celular se tornou mais importante do que o olhar vivo, curioso, atento, aberto.

O aparelhinho substituiu os sentidos do prazer. Substituiu o andar vagaroso e contemplativo pela pressa de publicar o momento que, em vez de eterno, se tornará fugaz. 

Já contei aqui e vou repetir, certa vez na Índia e diante da minha total despreocupação em registrar os momentos, meu guia – um tanto indignado – não parava de perguntar: mas por que a senhora não tira fotos?

Eu respondia que guardava tudo nos meus olhos, e ele apenas sorria, balançando a cabeça com aquele jeito indiano que nunca sabemos se concordam ou não. Finalmente, e diante do Taj Mahal, ele não suportou mais a minha suposta indiferença.

Chamou um amigo com máquina a tiracolo e fez com que ele fizesse a tradicional fotografia em frente àquele que é considerado uma das maravilhas do mundo. Uma recordação, me disse, sem cobrar nem uma rúpia sequer pelo trabalho. Embora a foto seja bonita, não se compara à beleza que guardo na memória.

Viajar para quê? – é a pergunta que faço ao mineiro sentado a meu lado no aeroporto, ao ouvir suas reclamações sobre sua passagem por Barcelona. A principal delas, não poder fotografar tudo o que queria.

“Meus amigos vão ficar frustrados se não virem fotos minhas”, argumentou, revelando que quase saiu aos tapas com um guarda que lhe impediu de fotografar o interior de uma igreja. Mas e a cultura, arquitetura, a comida, não gostou de nada? Perguntei. Nada, respondeu. Estava mesmo era com saudade do feijão com arroz.

Não conheço Barcelona, mas imagino que o incauto viajante perdeu uma bela experiência. E, convenhamos, jogou dinheiro fora. Euros, inclusive.

Me contaram: uma distinta senhora americana foi a um dos mais famosos restaurantes do mundo, de propriedade do chef estrelado Joel Robuchon. Estava acompanhada de um casal de amigos franceses.

Ao final da refeição, um verdadeiro festival de iguarias. Na hora que veio a sobremesa, ela pediu desculpas aos amigos, tirou o celular da bolsa e disse: sei que o que vou fazer não é nada elegante, mas, diante de tanta beleza, arte e bom gosto, não resisto a uma foto.

Vocês me dão licença? No restaurante, deu-se um silêncio sepulcral diante do clique. Madame se esqueceu de que os franceses levam muito a sério as refeições. Mas quem se importa?

Claudio Humberto

"Não dá mais para esconder o elefante atrás do arbusto"

Senador Carlos Portinho (PL-RJ) sobre denúncias de censura no Brasil feitas nos EUA

20/04/2024 07h00

Continue Lendo...

'É o pior dos governos Lula', alerta Osmar Terra

Ex-ministro e deputado federal há quase 30 anos, Osmar Terra (MDB-RS) avaliou o terceiro mandato do presidente Lula (PT) como "o pior dos governos Lula". Em entrevista ao podcast Diário do Poder, no ar a partir deste sábado (20) no YouTube, o gaúcho afirmou que o petista promove "descaminho" na economia e "está muito mal assessorado". Disse ainda que Lula poderia ter promovido a pacificação política, como chegou a afirmar na campanha, mas ao invés disso "acirra" a polarização.

Acirramento

"Toda vez que abre a boca, fala mal do [ex-presidente Jair] Bolsonaro", criticou o deputado que foi ministro nos governos Temer e Bolsonaro.

Intento

"Parece proposital, para manter a polarização", analisou Osmar Terra sobre as críticas perenes de Lula ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Sem resultados

"Não estou vendo resultados concretos para a saúde pública brasileira na gestão (Nísia Trindade, no Ministério da Saúde)", afirmou Terra.

Perigo

Em relação às tensões entre o Legislativo e Supremo Tribunal Federal, Terra disse que "se passa dos limites, pode se tornar incontrolável".

PEC antidrogas 'some', mas vai passar na Câmara

Deputados desconfiam que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que criminaliza a posse de qualquer quantidade de drogas vai tramitar a passos de tartaruga na Câmara. Maurício Marcon (Pode-RS) estranha o sumiço da PEC desde a aprovação no Senado, "essa semana nem sequer comentamos". A avaliação geral, mesmo na base de Lula na Casa, é de que o texto vai ser aprovado. "Vai passar tranquilo, pode apostar", crava o vice-líder do governo, deputado José Nelto (PP-GO).

De lavada

No Senado, mesmo aliados de Lula, que é contra o projeto, votaram pela aprovação. O placar ficou em 52 a 9, com larga maioria para criminalizar.

Cenário adverso

Líder da Frente Evangélica, Eli Borges (PL-TO) crê na aprovação, mas com "cenário mais adverso", "aqui vamos ter trabalho", avalia.

Chá de sumiço

Kim Kataguiri (União-SP) diz que nem mesmo ouve-se falar sobre o tema na Câmara, "não sei nem se o [Arthur] Lira pauta. Vamos ver."

Justiça vai decidir

Virou representação na Justiça contra Vinicius Marques de Carvalho (CGU) o contrato entre a Novonor, ex-Odebrecht, e escritório de advogados do ministro. O Partido Novo vê conflito de interesse no caso.

Morte, impostos e...

Relator e principal defensor do Projeto da Censura (PL 2630) no Lula 3, o deputado Orlando Silva (SP), do Partido Comunista do Brasil, chamou de "inevitável" a regulação das redes sociais.

Recados

Até mesmo os indígenas resolveram dar um chega pra lá em Lula, que tem visto a popularidade do governo derreter. O petista não foi convidado para o principal ato indígena em Brasília, o Acampamento Terra Livre.

Bomba Pacheco

Problema para Estados e União: será do ministro Fernando Haddad (Fazenda) a missão de convencer senadores a vetarem o quinquênio, penduricalho bilionário para juízes inventado por Rodrigo Pacheco.

VAR Musk

Deltan Dallagnol, um dos principais procuradores da Lava Jato, fez longo apelo, em inglês, ao dono do X, Elon Musk. O ex-deputado denunciou o processo que cassou seu mandato e mais de 344 mil votos, em 2023.

Engana bobo

Reunião de emergência de Lula com ministros para acertar os rumos do governo, nesta sexta (19), foi vista com ceticismo por parlamentares. "Agora vai? Até parece!", duvidou a senadora Tereza Cristina (PP-MS).

Viagem, luxo

A Câmara vai convocar a ministra Anielle Franco (Igualdade Racial) para explicar a gastança com viagens mundo afora. Teve até passagem de R$54 mil, denuncia o deputado Kim Kataguiri (União-SP).

Checagem

Publicação de Sâmia Bomfim (Psol-SP) na rede social X recebeu alerta de que poderia "induzir o leitor" ao erro ao tentar associar a Starlink, que leva internet a locais remotos da Amazônia, ao garimpo ilegal.

Pensando bem...

...meio acerto é meio erro.

PODER SEM PUDOR

Reunião espírita

Leonel Brizola confiou ao economista Marlan Rocha a missão de percorrer o interior do País para organizar o PDT, que acabara de fundar. Ao chegar em Barreiras, na Bahia profunda, Marlan procurou um militante getulista histórico, Aluízio Mármore, e pediu para organizar uma reunião com velhos trabalhistas das redondezas. Mármore apenas sorriu: "Amanhã cedo pego você no hotel e vamos ao cemitério. Estão todos lá."

 

ASSINE O CORREIO DO ESTADO

ARTIGO

Vacinação: um pilar da saúde

18/04/2024 07h30

Continue Lendo...

Entre os muitos desafios enfrentados pelo sistema de saúde no Brasil, as estratégias de imunização se destacam como um pilar fundamental para a prevenção de diversas doenças. Reconhecer a relevância deste assunto e informar sobre a vacinação são ações essenciais para garantir o bem-estar coletivo e evitar novas epidemias e mais mortes.

Esta mobilização é urgente. Segundo dados do IBGE, mais de 60% dos municípios brasileiros não conseguiram atingir a meta de cobertura vacinal estabelecida pelo Ministério da Saúde em 2023. Este déficit é especialmente alarmante quando falamos das vacinas administradas durante o primeiro ano de vida, para a proteção dos bebês.

Um dos principais obstáculos para alcançarmos a taxas ideais de vacinação é a disseminação de informações incorretas e falsas, as fake news, amplificadas pelas redes sociais. Teorias infundadas e mitos sobre os efeitos colaterais das vacinas e de outros medicamentos têm afastado muitos brasileiros da imunização, comprometendo seriamente as estratégias de saúde pública.

Mais do que nunca, as informações claras e objetivas devem ser o propósito de todas e todos que trabalham pela Educação em Saúde em nosso país.

Diante desse cenário, iniciativas da sociedade civil desempenham um papel vital no apoio à incorporação de novas vacinas no Sistema Único de Saúde (SUS). A recente inclusão do imunizante contra a dengue é um exemplo do impacto positivo que a mobilização social pode ter na ampliação do acesso à prevenção e tratamento de doenças.

A Colabore com o Futuro, primeiro negócio social criado para atuar com advocacy em saúde da América Latina, trabalhou ativamente para a inserção da vacina contra a dengue no sistema público de saúde. O mesmo empenho está sendo colocado para a inclusão da vacina contra a Influenza Quadrivalente no Programa Nacional de Imunização (PNI), visando a proteção de pessoas com 80 anos ou mais. Além disso, defendemos a implantação da vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), uma medida fundamental para prevenir infecções respiratórias em recém-nascidos e crianças.

Devemos fortalecer os esforços de conscientização e educação sobre a importância da vacinação e lutar contra a desinformação. Por meio das consultas públicas, um processo simples de participação popular nas decisões estratégicas em Saúde, é possível opinar e contribuir para definição do que vai ser oferecido pelo SUS e pelos planos particulares.

A saúde é um direito básico de todos os cidadãos, e a imunização é uma ferramenta poderosa para proteger indivíduos e comunidades contra doenças evitáveis. Juntos, podemos construir um futuro mais saudável para o Brasil.

 

ASSINE O CORREIO DO ESTADO 

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).