Artigos e Opinião

OPINIÃO

Sônia Puxian: "Deu, deu, não deu, faço outra coisa"

Jornalista

Redação

24/02/2017 - 01h00
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Na conversa por telefone com uma amiga, ela me contou que conheceu numa festa uma senhora muito simpática e vaidosa, aparentando uns 65 anos. Ao perguntar a idade, ela  respondeu de imediato: “76 anos”.

Surpresa, ela perguntou qual o segredo dessa jovialidade, e a senhora respondeu: “Sou calma! Não esquento a cabeça com nada. Deu, deu, não deu, faço outra coisa...”.

Ah, e disse também que é muito vaidosa. Então anote aí dois ingredientes básicos para manter a juventude: tranquilidade e vaidade. Hummm...

Sabe de uma coisa? Essa história de desabafar e ficar falando coisas desagradáveis a toda hora não leva a nada.

Você já reparou que quanto mais falar sobre assuntos negativos, você revive aquele momento ruim?

Isso faz mais mal do que bem. O correto é falar uma única vez, tentar corrigir e deletar. Lembre-se do que disse a senhora da festa “Deu, deu, não deu faço outra coisa”.

Bater na mesma tecla não leva a nada, cria mal-estar e a questão não se resolve. Agindo assim você perde a oportunidade de voltar sua atenção para algo melhor, mais positivo e construtivo. Por que você não escolhe falar de coisas boas? Faz bem para a saúde física e mental.

Veja o que diz Nathaniel Branden: “Quanto mais inteligente somos, maior o nosso potencial de conscientização, mas o princípio de viver conscientemente continua o mesmo, independente do nível de inteligência. Viver conscientemente significa estar cônscio de tudo o que afeta os nossos atos, propósitos, valores e metas, e comportar-se de acordo com o que vemos e sabemos”.

É importante “conscientizar-se” do material que ocupa o nosso pensamento, porque ele vai agir em nossas ações diárias e em nosso comportamento seja ele no trabalho, em família ou na vida social. 

E lembre-se também de cultivar boas amizades, um amigo é alguém que está sempre ao seu lado, em qualquer circunstância. Como é bom pronunciar o seu nome. Dá um certo conforto e segurança saber que temos alguém que está sempre presente em qualquer situação. Se tiveres encontrado um amigo verdadeiro conserva-o, pois ele vale muito.

É claro que primeiro é necessário ter a certeza de que é um legítimo amigo. E é fácil perceber essa legitimidade.

Ele está presente nos momentos importantes de sua vida e da sua família. Ele entra e sai com naturalidade e é sempre bem recebido. Diz o que pensa e não esconde sua verdadeira opinião. Quando chega, traz alegria e quando sai, deixa saudade...

A vida tem lá seus percalços, mas já pensou na possibilidade de viver uma vida certinha, sem problemas, sem contradições, onde tudo acontece da mesma maneira, sem nenhum obstáculo?

De certa maneira pode ser confortável, mas a longo prazo essa mesmice se tornaria monótona e sem chance de testar sua competência e agilidade em resolver as questões difíceis que atravessam seu caminho.

Por outro lado, você mesmo já presenciou situações de estresse e dificuldade onde pode colocar em prática sua inteligência e habilidade em resolver o problema e sentir-se mais forte e confiante ao ver tudo resolvido.

Essa sensação de vitória gera bem estar e a certeza de que em qualquer situação é possível sair-se bem dela, seja através de esforço e luta, ou deixando de lado quando a solução não aparece.

Lembre-se mais uma vez do que disse a senhora: “Deu, deu, não deu faço outra coisa”.

Isso deixa à mostra a possibilidade de lutar quando for necessário e obter o mérito da questão bem resolvida, ou então deixar pra lá.

Muitas vezes é comum as pessoas insistirem em algo que não vai dar certo. Tentou e não deu? Mude de posição, vá para o outro lado e conquiste novas possibilidades...

Quer saber? Todos sabem a hora certa de agir ou parar, use o bom senso e faça sua escolha. Ela vai aparecer. Tenham todos ótimos dias e sucesso... 

EDITORIAL

O paralelo entre o consórcio e a Enel

A greve dos motoristas de ônibus, motivada pela incapacidade financeira do concessionário de honrar os salários de seus empregados, é o fundo do poço de um contrato problemático

18/12/2025 07h15

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A população de Campo Grande caminha para viver uma semana lamentável na prestação de serviços essenciais, em especial no transporte público.

A iminência de paralisações, a insegurança sobre a continuidade das linhas e o desgaste cotidiano enfrentado pelos usuários expõem, de forma escancarada, um sistema que já vinha dando sinais claros de esgotamento. O que se vê agora não é um episódio isolado, mas o ápice de uma crise que se arrasta há anos.

A greve dos motoristas de ônibus, motivada pela incapacidade financeira do concessionário de honrar o pagamento dos salários de seus empregados, representa o fundo do poço de um contrato problemático.

Um contrato que resulta em um serviço aquém do esperado, marcado por frota envelhecida, atrasos constantes, superlotação e uma satisfação baixíssima da população. Quando trabalhadores deixam de receber e usuários ficam sem transporte, fica evidente que o modelo fracassou.

A situação revelada durante a greve escancara uma verdadeira falência contratual. Não se trata apenas de um colapso financeiro, mas também de uma falência de credibilidade junto aos usuários, às instituições e ao próprio poder concedente.

O paralelo com a crise vivida pela concessionária de energia elétrica Enel, em São Paulo, é inevitável. Assim como ocorreu no setor elétrico paulista, o problema deixou de ser apenas técnico ou pontual e passou a comprometer a confiança no serviço prestado e na capacidade de resposta da concessionária.

A demonstração mais clara desse cenário lamentável foi a intervenção da Justiça no Consórcio Guaicurus, decidida nesta semana. Ainda que se discuta se a intervenção será, de fato, efetivada ou em que moldes ocorrerá, o simples fato de o Judiciário ser chamado a intervir já evidencia a gravidade da situação.

Quando contratos de concessão chegam a esse ponto, é sinal de que todos os mecanismos de fiscalização e correção falharam ao longo do caminho.

Independentemente do desfecho jurídico, o que se impõe é a necessidade urgente de mudar a forma de prestar o serviço de transporte público em Campo Grande. Não se resolve um problema estrutural com medidas improvisadas, paliativos ou decisões baseadas em achismos.

É indispensável uma ampla revisão do modelo, com estudos técnicos consistentes, um desenho financeiro sustentável e metas claras de qualidade e eficiência.

Há cerca de dois anos, o governo do Estado, que tem acumulado experiência em parcerias público-privadas, dispôs-se a auxiliar o Município na busca por soluções. Não está claro, até agora, se essa ajuda foi efetivamente buscada ou aproveitada pela administração municipal.

O fato é que oportunidades de cooperação técnica e institucional não podem ser desperdiçadas quando está em jogo um serviço essencial para a vida urbana.

O que está absolutamente claro é que algo precisa ser feito – e com urgência. Mais do que uma greve de motoristas, a situação vivida nesta semana é um grito coletivo por melhoria do transporte público.

É o clamor de trabalhadores que querem receber em dia, de usuários que exigem dignidade e de uma cidade que não pode continuar refém de um sistema falido. Ignorar esse alerta é condenar Campo Grande a repetir, indefinidamente, os mesmos erros e as mesmas crises.

ARTIGOS

Greve de ônibus em Campo Grande expõe falhas de gestão e fragilidade institucional

Quando um serviço essencial entra em colapso, evidencia-se a ausência de planejamento, de fiscalização eficiente e de mecanismos de mediação capazes de prevenir crises que afetam diretamente a vida da população

17/12/2025 07h45

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A greve de ônibus em Campo Grande vai além de um impasse pontual entre trabalhadores, empresas e poder público, ela escancara a precariedade da gestão atual e a fragilidade das instituições responsáveis por garantir a prestação adequada dos serviços públicos.

Quando o transporte coletivo – um serviço essencial – entra em colapso, evidencia-se a ausência de planejamento, de fiscalização eficiente e de mecanismos de mediação capazes de prevenir crises que afetam diretamente a vida da população.

As instituições que deveriam zelar pela entrega de valor à sociedade falham ao permitir que conflitos previsíveis cheguem a esse nível. A gestão pública, ao não exercer seu papel regulador com firmeza e transparência, transfere para o cidadão o custo da ineficiência administrativa.

A falta de diálogo estruturado, de contratos bem fiscalizados e de políticas de mobilidade consistentes cria um ambiente de instabilidade permanente, no qual greves se tornam recorrentes e quase naturalizadas.

O impacto econômico é imediato e amplo. Trabalhadores enfrentam dificuldades para chegar aos seus empregos, empresas perdem produtividade, o comércio registra queda no movimento e serviços essenciais operam de forma precária.

A economia como um todo sai perdendo, pois a interrupção do transporte coletivo afeta cadeias produtivas inteiras e aprofunda desigualdades, penalizando principalmente quem depende exclusivamente do ônibus para se deslocar.

Além disso, a paralisação traz consequências diretas para a saúde e o bem-estar de todos. Com a dificuldade de deslocamento, equipes responsáveis pelos serviços de asseio e conservação também são prejudicadas, resultando em deterioração das condições sanitárias em diversos ambientes, como escolas, supermercados, condomínios, etc.

Esse cenário favorece a proliferação de doenças, aumenta riscos ambientais e compromete a qualidade de vida.

Mais grave ainda é o prejuízo à cidadania. O direito de ir e vir é comprometido, assim como o acesso a serviços básicos, e a população passa a perceber o Estado como incapaz de cumprir sua função básica de garantir serviços públicos de qualidade.

Isso corrói a confiança nas instituições e reforça a sensação de abandono e descrédito na gestão pública.

A greve de ônibus, portanto, não deve ser vista apenas como um problema trabalhista ou operacional, mas como um sintoma de falhas estruturais.

Superar esse cenário exige uma gestão mais profissional, instituições fortalecidas, transparência nos contratos e um compromisso real com a entrega de valor ao cidadão. Sem isso, crises semelhantes continuarão a se repetir, com custos sociais, econômicos e sanitários cada vez mais elevados.

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