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Sônia Puxian: Asfalto
buraco ou remendo?

Sônia Puxian é Jornalista e coordenadora de Comunicação da Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais de Campo Grande

Redação

30/11/2014 - 00h00
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Campo Grande - cidade bonita, arborizada, lindas avenidas, ruas largas, pôr de sol de indescritível beleza, qualidade de vida, pessoas amáveis e hospitaleiras, extensas áreas urbanas e rurais favoráveis ao cultivo de grãos e criação de gado, mas quando o assunto é trafegar por suas ruas o que se vê é um asfalto cheio de buracos... O cenário oferece vários formatos: “Asfalto, buraco ou remendo”. UGH! 

É demasiadamente desagradável dirigir em Campo Grande: os remendos no asfalto já cansado de ser pinçado aqui e acolá levam o motorista a uma prática nova no trânsito: “o drible!”. É mister desviar dos buracos, quem sabe cair em outro e se dar por feliz ao trafegar por sobre os remendos, que desenham lindas figuras geométricas distribuídas entre quadrados e retângulos.  

Bom humor
Se você tiver um pouco de bom humor pode escolher qual remendo está mais sobressalente e ficar se divertindo enquanto desvia de um lado para outro. A suspensão do carro que se vire, se é que ainda está inteira. O mais importante é não cair nos buracos, e olha que eles estão em pontos estratégicos, como que dizendo: “AH! Te peguei”.  Eles estão distribuídos em vários trechos, como pegadinhas. Ou seja, se você desviar de um cai no próximo, estão sincronizados. 

E por falar em “sincronizados” os semáforos são a próxima atração do trânsito! Para na primeira quadra, depois para na segunda, na terceira, e assim por diante... Um trajeto que seria rápido demora muito por conta das inúmeras paradas que são demoradas. Cansativo! Esses sim poderiam ser sincronizados para liberar o tráfego.

Navegar pelo mar de remendos 
Ninguém quer ter uma roda distorcida porque caiu numa vala, nem a suspensão do carro colocada à prova diante de tanta tremedeira ao passar pelas ruas de paralelepípedos formadas pelos remendos. O remendo é necessário, mas tem que ser bem prensado para ficar no mesmo nível do asfalto. 

A questão aqui colocada não é mencionar a dificuldade em se navegar pelo alto-mar dos remendos como se fossem ondas, mas buscar solução. Qual seria? Fazer novo asfalto nas principais vias que já estão cansadas de engolir pneus de carro e testar suspensão. E onde for necessário o remendo que este seja feito com capricho, na hora de o trator compactar o asfalto, que seja feito sem pressa e a máquina repasse várias vezes o rolo compressor para compactar bem e nivelar com o asfalto antigo, a fim de evitar a “lombada do remendo”. 

Enquanto isso não acontece continuemos navegando por mares agitados, repletos de ondas e desvios desenhados por figuras geométricas... Esses comentários foram feitos no sentido de demonstrar o carinho pela cidade e o desejo de vê-la cada vez mais bonita e bem tratada. Morar em Campo Grande é um privilégio!

Avenida Afonso Pena
Vale destacar que a Avenida Afonso Pena está linda como sempre e o asfalto livre de buracos, o que permite trafegar com satisfação e bem-estar. Cartão de visita de Campo Grande, a avenida esbanja requinte e beleza ao longo de sua via bem desenhada e arborizada. Os prédios que nela estão presentes emprestam um ar de bom gosto e modernidade com sua arquitetura arrojada e requintada.

O comércio na avenida se expande a cada dia e ganha novas formas em vários segmentos. 
Campo Grande – Cidade Morena: “És dona de um coração grande que acolhe seus filhos com amor e determinação. Nós te amamos e te queremos cada dia melhor. Obrigada pelo seu progresso e desenvolvimento. És majestosa, bela e acolhedora...”.

EDITORIAL

As bolhas que nos afastam da realidade

Enquanto uma parte do Estado amplia suas zonas de conforto, outra é pressionada a fazer mais com menos, arcando com o desgaste político e social das escolhas difíceis

17/12/2025 07h15

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A expressão “estar em uma bolha” deixou de ser apenas uma gíria de internet para se transformar em um retrato cada vez mais fiel da forma como a sociedade vem se organizando. Nas redes sociais, algoritmos direcionam conteúdos, opiniões e notícias de acordo com preferências previamente identificadas.

O resultado é um ambiente confortável em que quase tudo confirma aquilo que o indivíduo já pensa. Divergir passa a ser exceção e confrontar ideias, um incômodo evitado.

Fora do ambiente digital, a lógica das bolhas também se impõe. O isolamento crescente em condomínios fechados, verticais ou horizontais, reduz o contato cotidiano com o diferente. Ao limitar o convívio, o indivíduo perde a oportunidade de compreender realidades distintas da sua própria.

Torna-se, ao mesmo tempo, mais desconfiado e mais desinformado, conhecendo o mundo mais pelo “ouvir dizer” do que pela experiência direta. A realidade passa a ser filtrada, editada e, muitas vezes, distorcida.

As bolhas criam falsas impressões. Quando se consolidam em grupos, reforçadas pelo sentimento de pertencimento, geram uma perigosa falta de sintonia com o restante da sociedade. Problemas coletivos passam a ser relativizados, minimizados ou simplesmente ignorados.

A empatia dá lugar à autoproteção e o interesse público acaba substituído pela preservação de privilégios.

Nesta edição, mostramos um exemplo concreto dessa desconexão: o aumento do duodécimo para quase todas as instituições de Mato Grosso do Sul, mesmo após um ano marcado por crise financeira, enquanto cresce a sobrecarga sobre o Poder Executivo.

É sobre ele que recai, de forma quase exclusiva, o peso de enfrentar as dores reais da sociedade: da falta de recursos para serviços essenciais às demandas crescentes por saúde, educação, transporte e assistência social.

Essa discrepância orçamentária não é apenas um dado técnico. Ela reforça as bolhas institucionais. Enquanto uma parte do Estado amplia suas zonas de conforto, outra é pressionada a fazer mais com menos, arcando com o desgaste político e social das escolhas difíceis.

Trata-se de um desequilíbrio que aprofunda a sensação de injustiça e distancia ainda mais as instituições da realidade vivida pela população.

Seria desejável que integrantes das instituições que recebem repasses de duodécimo saíssem de suas bolhas. Que vivessem mais intensamente a realidade fora de gabinetes, relatórios e planilhas.

Que entendessem que, em tempos de dificuldades financeiras, reforçar privilégios e ampliar confortos institucionais não é apenas insensível, é socialmente injusto.

Romper bolhas não é simples, mas é necessário. Para indivíduos, para grupos e, sobretudo, para instituições públicas. A democracia e a justiça social exigem mais contato com a realidade concreta e menos acomodação em mundos protegidos. Caso contrário, seguiremos administrando percepções, e não problemas reais.

ARTIGOS

A Interpol e as lições do roubo ao Louvre: quando a cultura exige proteção global

O que alguns insistem em tratar como luxo é, na verdade, expressão de identidade coletiva, memória histórica e soberania cultural

16/12/2025 07h45

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A Interpol é amplamente reconhecida por seus sistemas de avisos e pela atuação no combate ao crime organizado transnacional.

O recente episódio envolvendo o Louvre, porém, recoloca em evidência um ponto ainda subestimado no debate público: crimes não violentos, como o roubo de bens culturais, também demandam tutela internacional qualificada.

O tráfico de obras de arte e de patrimônio histórico segue sendo um delito de baixo risco e alto lucro, alimentado pela opacidade do mercado e pela fragmentação das respostas estatais.

O que alguns insistem em tratar como luxo é, na verdade, expressão de identidade coletiva, memória histórica e soberania cultural. A Interpol parte dessa premissa, ao reconhecer a cultura como interesse jurídico protegido, merecedor da mesma atenção dedicada à vida, à segurança e à integridade física.

Nesse contexto, o Banco de Dados de Obras de Arte Roubadas da organização cumpre papel central: dar rastreabilidade a um mercado em que o patrimônio cultural pode, com facilidade, converter-se em saque.

A existência do banco de dados não é apenas simbólica. Ela permite a identificação de peças subtraídas, inibe a circulação ilícita e oferece suporte técnico às investigações nacionais.

Ainda assim, a eficácia do sistema depende de algo que nem sempre acompanha a velocidade do crime: cooperação internacional efetiva e compartilhamento ágil de informações entre agências de aplicação da lei.

Há espaço evidente para aprimoramentos. A ampliação do banco de dados com atualizações em tempo real, a integração mais ampla de museus, casas de leilão e colecionadores privados, além de protocolos obrigatórios de verificação de procedência, fortaleceriam significativamente o combate ao tráfico ilícito.

Do mesmo modo, penalidades mais rigorosas e treinamento especializado para forças policiais e autoridades alfandegárias são medidas indispensáveis para reduzir a atratividade econômica desse tipo de crime.

O episódio do Louvre serve como alerta. Proteger bens culturais não é capricho elitista nem pauta secundária: é defesa da memória, da identidade e do patrimônio comum da humanidade.

Quando uma obra é roubada, perde-se mais do que um objeto, perde-se um fragmento da história coletiva. A resposta, portanto, precisa ser global, coordenada e à altura desse valor.

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