Artigos e Opinião

ARTIGO

Sônia Puxiam: "Tesouro sem igual"

Jornalista

Redação

06/10/2016 - 02h00
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Comentou certa vez o discípulo, com o sábio: “Mestre, desde a minha infância eu orei a Deus pedindo sabedoria, e Ele me deu. Hoje, pergunto a Deus o que fazer com ela”. E o sábio perguntou: “Por quê?”. O discípulo respondeu: “Por onde quer que eu ande encontro grosseria, falta de educação, falta de respeito, maledicência. As pessoas perderam a noção do certo e errado, encontram sempre uma maneira de passar o outro pra trás... Isso me deixa indignado. Ao aplicar a minha sabedoria ela se perde em meio a isso tudo”.

O sábio respondeu: “Filho, a sabedoria é a mais alta aquisição que um ser humano pode ter. É um tesouro sem igual, de valor incalculável. Muitos a desejam, poucos a têm. Aplica sempre a sua sabedoria, pois ela te faz sentir-se mais valioso. Não importa quem a entenda ou não. A cada qual segundo o seu merecimento, e o seu é maior”. O discípulo alegrou-se.

 “Veja o sol”, prosseguiu o sábio. “Ele é soberano e nasce a cada dia, cumprindo a sua missão. Não importa que haja nuvens, elas estão sempre abaixo dele. O sol não se importa se alguém prefere chuva ou calor, ele cumpre o seu papel de aquecer e iluminar o planeta seguindo sua rota diária sem alterar qualquer movimento. Ele não se preocupa em agradar a todos, nem se esforça para descobrir o que é melhor para alguém insatisfeito, ele apenas segue sua rotina. Pense nisso e brilhe cada vez mais... Deixe as nuvens abaixo de você”, finalizou o sábio. O discípulo agradeceu e saiu da presença do mestre com a alma engrandecida e feliz.

O brilho pessoal é algo intransferível e admirado por muitos, mas algumas vezes ofusca e irrita quem está no escuro. Importante lembrar a mensagem do sábio referente ao brilho do sol, que brilha independente das nuvens.

Preste atenção em suas atitudes e ações. Nem sempre as coisas boas são valorizadas. É claro que isso não implica em deixar de lado o que é bom, mas valorizar quem está ao lado para receber o que você tem de bom. Muitas vezes desperdiçamos nossas qualidades em situações desfavoráveis. Valorize-se, dê o melhor de si pra quem é o melhor, só assim estarás evitando o desperdício.

E atenção: “Se você optar pelas coisas boas elas virão até você”. E é claro que é preciso ter sabedoria e discernimento para resolver os impasses do dia-a-dia. Mas resolver problemas nos deixa mais fortes e confiantes. Dedique algum tempo do seu dia para uma meditação audaciosa que está te incomodando e entregue a solução do problema para o momento certo, o tempo vai agir. Quando você menos esperar a resposta virá ao seu encontro e como que num passe de mágica o que te incomodava vai perder força. 

A vida é um aprendizado onde muitas lições são colocadas ao seu dispor. Algumas fáceis de resolver, outras não. E de repente ela te coloca diante de uma prova de fogo... O que fazer? Bem, tem horas que as pessoas se assustam e pensam que não vão dar conta do recado. É importante seguir passo a passo as regras que a própria vida te impõe, levar em conta o lado bom do problema e solucionar com sabedoria.

A serenidade também é uma ferramenta importante, ela dá o devido suporte para saber contornar a situação com calma e buscar a solução adequada. Ao término do meu curso de II Grau recordo-me da rica mensagem deixada pela professora de Língua Portuguesa, no último dia de aula: “Lembrem-se sempre disso: É preciso ter serenidade para aceitar as coisas que não podem ser mudadas, coragem para mudar o que pode ser mudado e sabedoria para discernir um do outro”. Essafrase sempre me acompanhou!

É preciso alimentar os pensamentos e a emoção com conteúdo saudável e forte para encarar as situações do dia-a-dia e as investidas que surgem de repente.  Especialize-se na sua força interior e na capacidade de construir suas próprias muralhas para impedir a entrada de nuvens. E continue a brilhar mais e mais. Pra finalizar a frase de Aristóteles: “O sábio nunca diz tudo o que pensa, mas pensa sempre tudo o que diz”. Tenham ótimos dias e muito brilho... UAU!

EDITORIAL

As bolhas que nos afastam da realidade

Enquanto uma parte do Estado amplia suas zonas de conforto, outra é pressionada a fazer mais com menos, arcando com o desgaste político e social das escolhas difíceis

17/12/2025 07h15

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A expressão “estar em uma bolha” deixou de ser apenas uma gíria de internet para se transformar em um retrato cada vez mais fiel da forma como a sociedade vem se organizando. Nas redes sociais, algoritmos direcionam conteúdos, opiniões e notícias de acordo com preferências previamente identificadas.

O resultado é um ambiente confortável em que quase tudo confirma aquilo que o indivíduo já pensa. Divergir passa a ser exceção e confrontar ideias, um incômodo evitado.

Fora do ambiente digital, a lógica das bolhas também se impõe. O isolamento crescente em condomínios fechados, verticais ou horizontais, reduz o contato cotidiano com o diferente. Ao limitar o convívio, o indivíduo perde a oportunidade de compreender realidades distintas da sua própria.

Torna-se, ao mesmo tempo, mais desconfiado e mais desinformado, conhecendo o mundo mais pelo “ouvir dizer” do que pela experiência direta. A realidade passa a ser filtrada, editada e, muitas vezes, distorcida.

As bolhas criam falsas impressões. Quando se consolidam em grupos, reforçadas pelo sentimento de pertencimento, geram uma perigosa falta de sintonia com o restante da sociedade. Problemas coletivos passam a ser relativizados, minimizados ou simplesmente ignorados.

A empatia dá lugar à autoproteção e o interesse público acaba substituído pela preservação de privilégios.

Nesta edição, mostramos um exemplo concreto dessa desconexão: o aumento do duodécimo para quase todas as instituições de Mato Grosso do Sul, mesmo após um ano marcado por crise financeira, enquanto cresce a sobrecarga sobre o Poder Executivo.

É sobre ele que recai, de forma quase exclusiva, o peso de enfrentar as dores reais da sociedade: da falta de recursos para serviços essenciais às demandas crescentes por saúde, educação, transporte e assistência social.

Essa discrepância orçamentária não é apenas um dado técnico. Ela reforça as bolhas institucionais. Enquanto uma parte do Estado amplia suas zonas de conforto, outra é pressionada a fazer mais com menos, arcando com o desgaste político e social das escolhas difíceis.

Trata-se de um desequilíbrio que aprofunda a sensação de injustiça e distancia ainda mais as instituições da realidade vivida pela população.

Seria desejável que integrantes das instituições que recebem repasses de duodécimo saíssem de suas bolhas. Que vivessem mais intensamente a realidade fora de gabinetes, relatórios e planilhas.

Que entendessem que, em tempos de dificuldades financeiras, reforçar privilégios e ampliar confortos institucionais não é apenas insensível, é socialmente injusto.

Romper bolhas não é simples, mas é necessário. Para indivíduos, para grupos e, sobretudo, para instituições públicas. A democracia e a justiça social exigem mais contato com a realidade concreta e menos acomodação em mundos protegidos. Caso contrário, seguiremos administrando percepções, e não problemas reais.

ARTIGOS

A Interpol e as lições do roubo ao Louvre: quando a cultura exige proteção global

O que alguns insistem em tratar como luxo é, na verdade, expressão de identidade coletiva, memória histórica e soberania cultural

16/12/2025 07h45

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A Interpol é amplamente reconhecida por seus sistemas de avisos e pela atuação no combate ao crime organizado transnacional.

O recente episódio envolvendo o Louvre, porém, recoloca em evidência um ponto ainda subestimado no debate público: crimes não violentos, como o roubo de bens culturais, também demandam tutela internacional qualificada.

O tráfico de obras de arte e de patrimônio histórico segue sendo um delito de baixo risco e alto lucro, alimentado pela opacidade do mercado e pela fragmentação das respostas estatais.

O que alguns insistem em tratar como luxo é, na verdade, expressão de identidade coletiva, memória histórica e soberania cultural. A Interpol parte dessa premissa, ao reconhecer a cultura como interesse jurídico protegido, merecedor da mesma atenção dedicada à vida, à segurança e à integridade física.

Nesse contexto, o Banco de Dados de Obras de Arte Roubadas da organização cumpre papel central: dar rastreabilidade a um mercado em que o patrimônio cultural pode, com facilidade, converter-se em saque.

A existência do banco de dados não é apenas simbólica. Ela permite a identificação de peças subtraídas, inibe a circulação ilícita e oferece suporte técnico às investigações nacionais.

Ainda assim, a eficácia do sistema depende de algo que nem sempre acompanha a velocidade do crime: cooperação internacional efetiva e compartilhamento ágil de informações entre agências de aplicação da lei.

Há espaço evidente para aprimoramentos. A ampliação do banco de dados com atualizações em tempo real, a integração mais ampla de museus, casas de leilão e colecionadores privados, além de protocolos obrigatórios de verificação de procedência, fortaleceriam significativamente o combate ao tráfico ilícito.

Do mesmo modo, penalidades mais rigorosas e treinamento especializado para forças policiais e autoridades alfandegárias são medidas indispensáveis para reduzir a atratividade econômica desse tipo de crime.

O episódio do Louvre serve como alerta. Proteger bens culturais não é capricho elitista nem pauta secundária: é defesa da memória, da identidade e do patrimônio comum da humanidade.

Quando uma obra é roubada, perde-se mais do que um objeto, perde-se um fragmento da história coletiva. A resposta, portanto, precisa ser global, coordenada e à altura desse valor.

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