Artigos e Opinião

Artigo

Sônia Puxain: "Como é que é? Anistia ao caixa 2?"

Sônia é jornalista

DA REDAÇÃO

12/12/2016 - 01h00
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Só faltava essa! Corrupção? O povo não aceita mais... Desvio de dinheiro? O povo não aceita mais... Foro privilegiado? O povo não aceita mais... Contratos superfaturados? O povo não aceita mais... Mentiras, conchavos, dinheiro no exterior, caixa 2 e tantas outras atividades que privilegiam poucos? O povo não aceita mais... Anistia ao Caixa 2? Ugh! Essa não... 

E o que o Brasil quer? Emprego, estabilidade nos preços, fim da corrupção, garantia de bons salários, previdência segura, saúde com dignidade, educação com qualidade, segurança na comunidade, paz pra dar conta do recado de viver o dia-a-dia com dignidade e bem-estar, na certeza de que dias melhores virão. 

O Brasil está engasgado com tamanha corrupção, com um rombo bilionário que atrapalha a digestão de toda uma Nação já sem folego diante de tantas irregularidades. E diante disso tudo as certezas e incertezas governam a Nação que se perde em caminhos sem caminho: “Certeza de corrupção? Sim. Incerteza do rumo que o país deve tomar? Sim. Protestos do povo em vários Estados contra a corrupção? Sim. Data definida pra ver o fim disso tudo? Não...”. Hummm!

O país navega por mares revoltos, desvia a rota para novos comandos: sai presidente, entra presidente, sai ministro, entra ministro, delações colocam políticos em situação pouco confortável, mentiras se tornam verdades, verdades se tornam mentiras e assim vai-se navegando pelo mar revolto, onde ondas gigantes podem a qualquer momento virar o barco.    

Basta! O povo não quer mais essa situação de risco em que vive o país e não aceita mais ser afogado por tanta corrupção! Quem vai pagar a conta? O brasileiro, sim, cada um dos brasileiros que luta pra manter as contas em dia e não dá mais conta dos aumentos que lhe são impostos por conta dos rombos que o país sofreu ao longo de anos. Epa! Espera aí como é que é? Que história é essa: Anistia ao Caixa 2? Ah não, assim não dá... 

Não dá mais pra ver tantas irregularidades e achar que está tudo certo. Não dá mais pra pagar a conta alta que a corrupção causou aos cofres públicos, impondo ao povo alta nos impostos, contas de luz, água e por aí vai.  

É impressionante o número de lojas vazias com placa de aluga-se, casas desocupadas, imóveis à venda, funcionários demitidos por contenção de despesas e assim por diante. A promoção do comércio nos dias do Black Friday não surtiu o efeito esperado equiparado ao movimento do ano anterior. O Natal se aproxima, mas o clima de festa e presentes ainda é tímido.

Na verdade, todos querem paz e o crescimento retomado. Basta de denúncias de enriquecimento ilícito, dinheiro enviado para fora do país, campanhas caras, discursos inflamados e nenhum resultado positivo para o povo. Parece que ficou fácil errar e não ser culpado, roubar e não ser punido, fazer o que bem se entende, sem entender o mal que isso causa ao povo. 

E o povo, por sua vez, clama pelo fim da corrupção. Basta! Em movimento de união e um forte sentimento de patriotismo e amor ao Brasil os brasileiros se uniram em gesto de solidariedade no dia 04 de dezembro e caminharam pelas principais avenidas de suas cidades em manifesto pacífico para demonstrar seu descontentamento e buscar uma solução.  

E assim vamos caminhando em busca de solução, fim das incertezas e a certeza de que se cada um fizer a sua parte o Brasil retoma o ritmo de crescimento e normaliza suas atividades, mas para que isso aconteça é preciso que as autoridades competentes possam agir devidamente dentro dos seus limites de atuação em busca dos culpados e imputar-lhes a devida punição. 

Parabéns Brasil, você ergueu sua voz, levou seu povo às ruas: crianças, jovens, idosos, pais, avós, amigos, vizinhos e não mediu esforços para mostrar que já deu um “basta” à corrupção. Ela não tem mais vez... Ops! Como é que é? Anistia ao Caixa 2? Ugh! 

EDITORIAL

As bolhas que nos afastam da realidade

Enquanto uma parte do Estado amplia suas zonas de conforto, outra é pressionada a fazer mais com menos, arcando com o desgaste político e social das escolhas difíceis

17/12/2025 07h15

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A expressão “estar em uma bolha” deixou de ser apenas uma gíria de internet para se transformar em um retrato cada vez mais fiel da forma como a sociedade vem se organizando. Nas redes sociais, algoritmos direcionam conteúdos, opiniões e notícias de acordo com preferências previamente identificadas.

O resultado é um ambiente confortável em que quase tudo confirma aquilo que o indivíduo já pensa. Divergir passa a ser exceção e confrontar ideias, um incômodo evitado.

Fora do ambiente digital, a lógica das bolhas também se impõe. O isolamento crescente em condomínios fechados, verticais ou horizontais, reduz o contato cotidiano com o diferente. Ao limitar o convívio, o indivíduo perde a oportunidade de compreender realidades distintas da sua própria.

Torna-se, ao mesmo tempo, mais desconfiado e mais desinformado, conhecendo o mundo mais pelo “ouvir dizer” do que pela experiência direta. A realidade passa a ser filtrada, editada e, muitas vezes, distorcida.

As bolhas criam falsas impressões. Quando se consolidam em grupos, reforçadas pelo sentimento de pertencimento, geram uma perigosa falta de sintonia com o restante da sociedade. Problemas coletivos passam a ser relativizados, minimizados ou simplesmente ignorados.

A empatia dá lugar à autoproteção e o interesse público acaba substituído pela preservação de privilégios.

Nesta edição, mostramos um exemplo concreto dessa desconexão: o aumento do duodécimo para quase todas as instituições de Mato Grosso do Sul, mesmo após um ano marcado por crise financeira, enquanto cresce a sobrecarga sobre o Poder Executivo.

É sobre ele que recai, de forma quase exclusiva, o peso de enfrentar as dores reais da sociedade: da falta de recursos para serviços essenciais às demandas crescentes por saúde, educação, transporte e assistência social.

Essa discrepância orçamentária não é apenas um dado técnico. Ela reforça as bolhas institucionais. Enquanto uma parte do Estado amplia suas zonas de conforto, outra é pressionada a fazer mais com menos, arcando com o desgaste político e social das escolhas difíceis.

Trata-se de um desequilíbrio que aprofunda a sensação de injustiça e distancia ainda mais as instituições da realidade vivida pela população.

Seria desejável que integrantes das instituições que recebem repasses de duodécimo saíssem de suas bolhas. Que vivessem mais intensamente a realidade fora de gabinetes, relatórios e planilhas.

Que entendessem que, em tempos de dificuldades financeiras, reforçar privilégios e ampliar confortos institucionais não é apenas insensível, é socialmente injusto.

Romper bolhas não é simples, mas é necessário. Para indivíduos, para grupos e, sobretudo, para instituições públicas. A democracia e a justiça social exigem mais contato com a realidade concreta e menos acomodação em mundos protegidos. Caso contrário, seguiremos administrando percepções, e não problemas reais.

ARTIGOS

A Interpol e as lições do roubo ao Louvre: quando a cultura exige proteção global

O que alguns insistem em tratar como luxo é, na verdade, expressão de identidade coletiva, memória histórica e soberania cultural

16/12/2025 07h45

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A Interpol é amplamente reconhecida por seus sistemas de avisos e pela atuação no combate ao crime organizado transnacional.

O recente episódio envolvendo o Louvre, porém, recoloca em evidência um ponto ainda subestimado no debate público: crimes não violentos, como o roubo de bens culturais, também demandam tutela internacional qualificada.

O tráfico de obras de arte e de patrimônio histórico segue sendo um delito de baixo risco e alto lucro, alimentado pela opacidade do mercado e pela fragmentação das respostas estatais.

O que alguns insistem em tratar como luxo é, na verdade, expressão de identidade coletiva, memória histórica e soberania cultural. A Interpol parte dessa premissa, ao reconhecer a cultura como interesse jurídico protegido, merecedor da mesma atenção dedicada à vida, à segurança e à integridade física.

Nesse contexto, o Banco de Dados de Obras de Arte Roubadas da organização cumpre papel central: dar rastreabilidade a um mercado em que o patrimônio cultural pode, com facilidade, converter-se em saque.

A existência do banco de dados não é apenas simbólica. Ela permite a identificação de peças subtraídas, inibe a circulação ilícita e oferece suporte técnico às investigações nacionais.

Ainda assim, a eficácia do sistema depende de algo que nem sempre acompanha a velocidade do crime: cooperação internacional efetiva e compartilhamento ágil de informações entre agências de aplicação da lei.

Há espaço evidente para aprimoramentos. A ampliação do banco de dados com atualizações em tempo real, a integração mais ampla de museus, casas de leilão e colecionadores privados, além de protocolos obrigatórios de verificação de procedência, fortaleceriam significativamente o combate ao tráfico ilícito.

Do mesmo modo, penalidades mais rigorosas e treinamento especializado para forças policiais e autoridades alfandegárias são medidas indispensáveis para reduzir a atratividade econômica desse tipo de crime.

O episódio do Louvre serve como alerta. Proteger bens culturais não é capricho elitista nem pauta secundária: é defesa da memória, da identidade e do patrimônio comum da humanidade.

Quando uma obra é roubada, perde-se mais do que um objeto, perde-se um fragmento da história coletiva. A resposta, portanto, precisa ser global, coordenada e à altura desse valor.

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