“Tu vens, tu vens, eu já escuto os teus sinais...” (Alceu Valença, Anunciação). Esta música popular, cantada por muitos, celebra a vinda do Filho de Deus sobre a Terra, quando humildemente fez-se carne para sentir na pele as alegrias e sofrimentos humanos, deixando em cada um de nós uma marca profunda de esperança e fé. Como a canção sugere, viver como um cristão de verdade é seguir as pistas e os sinais do Divino, acolhendo a presença de um Deus que vem ao nosso encontro. É voltar o coração e toda a atenção para o sentido principal de nossa caminhada: amar e servir.
Jesus, em sua vida terrena, ensinou-nos, entre tantas coisas, o desprendimento do que não é eterno, o desapego das coisas mundanas, a humildade frente às situações que testam nossa paciência e vontade, bem como o amor e a caridade para com todos. E, assim como cada criança que nasce é a materialização de um amor maior, com Jesus menino não foi diferente. A imagem da criança frágil na manjedoura ao lado de seus pais torna visível o amor de Deus Pai por todos nós, presenteando-nos com a libertação de todo o mal. Durante sua vida terrena, Ele nos ofereceu pistas de como sermos dignos de tal dádiva, dizendo
“Todas as vezes que o fizestes o bem aos mais pequenos dos meus irmãos, a mim o fizestes”, sinalizando assim que o Pai está presente e junto conosco em nossas ações, seja ao oferecermos as mãos para ajudar, sorrir ao acolher ou abraçar para proteger. O Natal é a ocasião especial do ano em que reencontramos parentes e amigos, trocamos presentes e alimentamo-nos das delícias de uma ceia em família. Porém, não nos esqueçamos de que o ponto alto desta data é o momento de reflexão sobre a vida.
É momento de pensar muito e orar por todas as pessoas que passam por dificuldades, que enfrentam sérias doenças e perdas, que não têm onde morar ou o que comer, as que vivem solitárias sem um ente querido por perto que as possa confortar... São muitos os que necessitam de nossas orações e nossas mãos estendidas para ajudá-los. E é válido lembrar que estender as mãos implica em mudar atitudes de verdade. Não se restringe às promessas de fim de ano, que se desfazem como mágica no dia dois de janeiro e vão sendo esquecidas conforme os dias do calendário avançam.
O nascimento do menino Jesus nos faz entender o significado de nossa missão, que deve ser contínua! Compreender não ser apenas necessário enxergar a dor da humanidade, mas também partir todos os dias ao encontro dos que precisam ser alimentados pelo Amor de Deus.
Por esse motivo, convido você a, neste Natal, evitar os exageros em comprar presentes e na comida que põe na mesa, esforçando-se em partilhar da sua fartura com quem pouco tem. Proponho a você que saia do comodismo e faça visitas aos que se encontram nos asilos, creches, clínicas de recuperação de dependentes químicos e hospitais, oferecendo a eles sua presença, seu sorriso e o que mais puder lhes presentear. Lembre-se também das famílias carentes do nosso Brasil, para quem uma cesta básica no Natal trará uma enorme alegria.
Mas, alerto: não use isso como pretexto político ou maneira de enaltecer a si mesmo perante a sociedade. Faça de coração aberto e sem chamar atenção para você. Eu lhe garanto que os sorrisos, abraços e expressões de gratidão que receberá serão com certeza o maior presente que você um dia já sonhou receber. Que você e toda a sua família se unam para, juntos, fazer o bem! Um feliz e santo Natal para todos!
*médico, escritor, palestrante e compositor – www.fabioaugustooficial.com.br.