Ao caríssimo advogado civilista, professor João Pereira da Silva, praticamente, mesmo, é a quem devo minha vida além dos ensinamentos absorvidos no Direito Civil, os quais foram complementados pelo também exímio advogado e professor na área do Direito Processual Civil, Eduardo Machado Metello. Através deles e com eles aprendi o que sei sobre essas áreas do direito, aos quais tributo o meu profundo e imorredouro agradecimento.
JOÃO PEREIRA DA SILVA, professor titular da então Faculdade de Direito de Campo Grande foi meu professor e de início, de mais 100 acadêmicos, na cadeira de Direito Civil. E que professor! Seu conhecimento atravessava essa fronteira. Ministrava aulas com sapiência e prazer intelectual. Junto de seu imenso conhecimento, manteve- se sempre à margem das disputas e vaidades acadêmicas.
Foi vereador de Campo Grande de 1989 a 1995 e presidiu a Câmara. Dignificou a Secretaria de Estado de Justiça e Trabalho do Estado de 1995 a 1998. Como secretário de Justiça construiu o presídio Harry Amorim Costa, em Dourados.
Além da sua atividade de agente público, sua vocação era a sala de aula e a profissão advocatícia. Em aula encantava todos seus alunos com explanações entremeadas de saborosas histórias pessoais ou extraídas do contexto da aula, para torná-la ainda mais atraente. Para nossa honra o Dr. Professor João Pereira foi Paraninfo de nossa Turma.
O Dr. Pereirinha, como carinhosamente o chamamos, ainda tem as mais nobres das virtudes: a generosidade e a modéstia. Ele ajudou a tantos quanto podia, ao se aproximar dos alunos ou deixando-se aproximar pelos acadêmicos. E com todo esse caudal de amor à profissão, ao conhecimento, e aos seus alunos, o professor João Pereira mantém suas qualidades de rara humanidade num grau de tranquilidade, surpreendente.
Numa tarde de 1978, tudo transcorrera tranquilo e acabara de cumprir a minha tarefa de garantir em nome do então governador José Garcia Neto o beneficiamento de importante estrada. Ela ligava precariamente a sede do município de Porto Murtinho, minha terra natal, ao Destacamento do Exército Brasileiro da 2ª Cia. de Fronteiras, o Destacamento Barranco Branco, por via encascalhada.
O governador concebeu um Projeto para levantamento do leito da estrada e mais tubulões para evitar efeitos de enchentes, pelo qual o então deputado Figueiró e eu trabalhamos.Eu era pré-candidato a deputado estadual. Contei naquela oportunidade com a generosidade do amigo (hoje senador Ruben Figueiró) que tinha uma reunião com lideranças regionais de Porto Murtinho, e generosamente me levara de carona em sua aeronave Cesna monomotor.
Ao retornar a Campo Grande, iniciou meu verdadeiro calvário. Quiseram me destruir literalmente, não só política e moralmente, mas fisicamente também. Tentaram até me enlouquecer tantas foram as notícias “plantadas” para me envolver. Graças a mim próprio, a Deus, e leais amigos que confiaram em minha inocência estou aqui cada vez mais precavido.
Essa sobrevida devo ao amigo Dr. Pereirinha que me acolheu em sua casa, no seio de sua família, acreditando em minha inocência diante do que estava sendo acusado pelo inescrupuloso delegado do Deic paulista, Sérgio Paranhos Fleury. Cuja vinda fui eu que insisti com o governador Garcia Neto e seu secretário de Segurança, Cel. Évora para que Fleury assumisse as diligências investigadoras pelo assassinato de meu amigo Levy Campanhã de Souza, que morou no apartamento que aluguei em Cuiabá, por um ou dois meses, sem qualquer cobrança. Éramos amigos. Passavam-se vários meses e nada indicava que o crime seria descoberto com os recursos regionais. Até aventei a hipótese de a Polícia Federal ser convidada a atuar naquele desvendamento criminal. Fiquei surpreso quando o Procurador do MPE de São Paulo, Dr. Hélio Bicudo, ao visitar-me com o diretor da Faculdade de Direito da UCDB, Pe. Winkler contou-me que Fleury tinha 13 processos criminais nas costas e que sempre que lhe apertavam os calos, Fleury aparecia com algum “desvendamento” de crime na sua conta de “sucesso”.
Também outro amigo protegeu-me a integridade física e na residência da senhora sua mãe fiquei homiziado por dois dias, após os três dias na casa do Dr. Pereirinha. Infelizmente este pelas “regras sociais” omito a divulgação de seu nome e atual profissão, profundamente contrariado. Piamente agradeço a Deus e a esses dois amigos a minha vida, mesmo com o indescritível sofrimento de minha mãe e pai que amargaram dores que lhes dilaceraram parte de suas saúdes.
Os que conhecem ao Dr. Pereirinha, advogado atuante e todos meus caros colegas de Faculdade vão corroborar esta homenagem. Hoje só alegres emoções, por vê-lo e à sua família prósperos, com saúde e amor. Por tudo o que foi escrito acima, é que lhe dou o meu abraço tardio, mas não imemoriado pelo Dia do Professor e dou, o meu bom-dia, o meu bom dia pra vocês.