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Ruben Figueró: "Política como vocação"

Ex-senador da República

Redação

17/11/2017 - 02h00
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A expressão é de Max Weber, o sociólogo alemão que deu dimensão à ação política. Para Weber o verdadeiro homem político deveria possuir ao menos três qualidades essenciais:  paixão por uma causa, sentimento de responsabilidade e o senso de proporção. Deveria possuir as três qualidades embora uma delas com maior dose, não alienaria o conteúdo. A tese de Max Weber vem atravessando os anos, borrascas e intempéries não perdem o seu norte. 

Nestes tempos tão desavisados, de tantos desencontros observo com profunda preocupação o que vem ocorrendo no campo da política partidária em nosso país. A bem dizer os partidos políticos desmilinguiram-se na poeira das vaidades e ambições de seus donatários. Veja o que ocorreu recentemente ao PSDB, o meu partido, um desastre nacional, perdeu o seu conteúdo programático, a essência de sua ação política e está vagando pelas ruas e vielas desnorteado. Um grupo aguerrido quer soerguê-lo, fazê-lo voltar as suas origens programáticas que tanto conquistaram a simpatia do eleitorado, porém enfrenta a sanha raivosa dos que estão próximos às tetas do poder central e não querem ser desmamados. E assim o PSDB vai perdendo seus últimos minutos da confiança popular.

Não se restringe ao tucanato os males que o afetam. Tais males se alastram de intensidade acentuada em todas as conhecidas como grandes agremiações nacionais. E tal resulta numa ausência acentuada de valores humanos que não conseguem se impor por sua cultura, conceito ético, moral e acrisolado espírito público perante a sociedade, porém substituídos por meia dúzia de carreiristas, demagogos que sabem como ninguém levar na saliva uma multidão de aparentes  incautos e que destroem a credibilidade do cidadão: não há mais crédito ao político, todos estão na vala comum do abjeto.

As eleições presidenciais, as renovações de dois terços do Senado da República, as eleições gerais para a Câmara dos Deputados, as Assembléias Legislativas de todos os estados federados, como também da Câmara Distrital de Brasília hão de se realizar no próximo ano, em outubro. Para as eleições aos poderes executivos federal e estaduais, eventualmente poderão ocorrer em dois turnos. 

Não sinto calor popular pelos pleitos que ocorrerão. Talvez seja fluxo do desânimo que apossa o cidadão brasileiro nesse clima de descrença no político. Eu mesmo gostaria de vencer esse clima, desejo acreditar que no meu partido o PSDB, embora conviva com um clima de penúria de valores nacionais, daí ainda possa surgir uma liderança que tenha paixão pela causa – justiça social e sistema parlamentarista de governo – sentimento de responsabilidade com a nação e senso de proporção na avaliação de seus atos. Não seria almejar muito.