Pertence ao nosso folclore rural de que quando se recebe um abraço de quem se tem dúvida por alguma razão, esse é um abraço de tamanduá, falso, e cujas unhas pontiagudas ferem profundamente a nossa estima.
Trago àcolação esta imagem para tecer algumas e breves considerações sobre este momento buliçoso da política nacional. Poucas dúvidas persistem quanto à cassação do mandato da senhora presidente da Republica. Elas, no meu entendimento, se dissiparão logo após a admissibilidade do processo de impeachment pelo plenário do Senado – a final são necessários quarenta e um votos senatoriais, quorum já admitido pela própria liderança do PT e até o extrapola para quarenta e seis. Assim, aberta a porteira creio que nas votações seguintes e sobretudo na definitiva em plenário a soma dos votos a serem proferidos pelas senhoras e senhores senadores aproximar-se -á dos sessenta ou mais, isto além dos cinquenta e quatro exigidos como maioria absoluta!
Vencida a primeira e crucial fase no Senado, ou seja da admissibilidade do processo de impeachment, empossado o vice presidente no curul presidencial da República, aí é que a porca torcerá o rabo: a formação do gabinete ministerial. Para a importantíssima missão, o apelo nacional é no sentido de uma junção de esforços de todos os partidos – claro de fora o Partido dos Trabalhadores que estará amuado, num canto e espumando de raiva – e dos seguimentos vivos da comunidade para a enfrentação dos múltiplos obstáculos, estes tão ou mais agressivos dos hora enfrentados, inclusive pela “herança ultra maldita”, aliás estão sendo intensificada pelo governo dilmista já nos seus estertores!
Especula-se qual será a posição do PSDB no eventual futuro governo Temer. Entendo que o tucanato não poderá a ele ficar indiferente, distante da luta pelo soerguimento dos valores nacionais, da recuperação econômica e social da ordem legal tão delapidados, das reformas estruturais tão reclamadas por uma nova legislação político partidária, por uma legislação previdenciária já que a atual está exangue, a recuperação do espírito federativo com vistas às dívidas dos estados perante a União, e outras tantas que o povo reclama nas ruas.
Porém uma indagação: o PSDB pela sua executiva nacional impetrou Recurso perante o Superior Tribunal Eleitoral impugnando a chapa vitoriosa Dilma/Temer, nas eleições de 2014, por mal gestão na prestação de contas. O processo está em curso naquela Alta Corte, já na fase probatória e deverá possivelmente ser apreciado até o final deste ano. Este um fato irreversível de ordem ética e moral para o PSDB. Diante dele, seria incongruência o partido participar do corpo ministerial deum eventual governo Temer. Tal posição não impede, out rance, que o PSDB democraticamente, tanto pelas suas bancadas na Câmara dos Deputados, no Senado da República e por seus governadores, esclarecida solidariedade as ações do novo governo para restabelecer os princípios maiores da governabilidade e da Pátria. Reciprocamente o presidente Temer e o PSDB não dariam abraços de tamanduá!
PS: Após o memorável 13 de abril, perguntaram-me sobre a decisão da Câmara dos Deputados sobre o pedido de admissibilidade de impeachment da presidente Dilma, respondi: gostei do resultado. Lamentei o espetáculo circense!...