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Rolemberg Estevão de Souza: "Eleições 2018: uma oportunidade para unir o País"

Diplomata

Redação

14/11/2017 - 02h00
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O Brasil tem passado desde o ano de 2014 por dificuldades econômicas e institucionais que levaram o debate político nacional a uma polarização inédita, que favoreceu o crescimento de manifestações extremadas, nem sempre fiéis às nossas tradições de moderação e diálogo, e nem sempre razoáveis em sua argumentação. A experiência pela qual a sociedade brasileira passou no pleito daquele ano não deixou um saldo positivo, ainda que tenha exposto suas divisões político-ideológicas. Diferenças de visões de mundo e conflitos de interesse estão presentes em todas as sociedades e é para equacioná-los que existe a democracia.

E pensar que apenas 10 anos atrás, antes que tomássemos consciência da gravidade da crise financeira internacional que então se iniciava, havia um otimismo em relação ao futuro do país que contagiava não somente o empresariado e os setores médios, mas a população em geral. Diante da ascensão de parcela significativa de brasileiros à sociedade de consumo, a indústria nacional e o setor de serviços cresciam em ritmo promissor, enquanto a mineração, o agronegócio e setores da indústria se entusiasmavam com a crescente demanda da China e outros países. A dinamização da economia brasileira, a quebra de recordes de arrecadação e os investimentos em infra-estrutura e em áreas como a educação pareciam sintonizar o país com as nações avançadas.

O que ocorreu para que, em dois ou três anos, invertêssemos nossas expectativas? A crise econômica, resultante em boa medida do desempenho do setor externo, está na raiz das dificuldades fiscais dos últimos anos, ao lado da má gestão da política econômica e das denúncias de corrupção nos altos escalões, o que gera um clima de incertezas. Mas não é necessário repetir o que tem sido divulgado à exaustão e sim assinalar que não é só de dificuldades que o país tem vivido.

O Brasil conta com um setor agroexportador robusto, em condições de reagir diante de eventual retomada do crescimento da demanda mundial, o que, em alguma medida, começa a se delinear no horizonte. O empresariado industrial, devidamente amparado pelo setor financeiro, tem condições de seguir em seu aprimoramento tecnológico e em ganhos de competitividade, por meio do investimento em pesquisa, juntamente com o setor público. A internacionalização de empresas nacionais é um ciclo que permanece aberto. Não menos importante, principalmente na geração de empregos, é o papel de pequenas e médias empresas, muitas delas fruto da nova onda de empreendedorismo que se verifica há alguns anos, notadamente na forma de startups.

Entretanto, essas potencialidades podem não se realizar, se insistirmos na polarização política cega, na radicalização de posições na área dos costumes e no bate-boca em redes sociais. Para que alimentarmos os haters da internet, esquecendo-nos de valores tradicionais da nossa sociedade como a tolerância e bom convívio com o próximo?

As eleições de 2018 devem ser vistas como uma oportunidade para brasileiras e brasileiros cultivarem valores como o diálogo, o respeito e a responsabilidade cívica. Os que foram denunciados por desvios de recursos públicos – prática tão nefasta quanto antiga em nossa política – devem responder por seus atos e a justiça agir dentro dos preceitos legais. Devemos observar os candidatos que demonstrem conhecimento de gestão, abertura ao diálogo, respeito à democracia e à res publica.

Nosso potencial é conhecido. Somos ricos demais – em recursos e valores – para nos deixar levar pelos radicalismos!