Na última quarta-feira (17/09), a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Congresso - CPMI da Petrobrás, recebeu na casa de leis Paulo Roberto Costa, ex-diretor da estatal, preso pelo envolvimento no megaesquema de corrupção que beneficiava diversos políticos com o pagamento de propinas oriundas de contratos firmados com aquela empresa pública. O objetivo era ouvi-lo em relação ao depoimento que prestou à Polícia Federal para obter a delação premiada, que lhe beneficiará com a diminuição da sua pena em troca da denúncia do esquema ilícito, bem como dos seus envolvidos.
Tamanha era a importância do seu depoimento, envolvendo políticos de envergadura de várias localidades do País– dentre eles ao menos 25 deputados federais, 06 senadores, 03 governadores, 01 ministro de Estado e 03 partidos políticos que obtiveram proveito do dinheiro desviado -, que na reta final da campanha eleitoral, o delator foi convocado às pressas para prestar relato aos membros da CPMI.
Suas declarações poderiam trazer consequências bombásticas e diretas no pleito que se aproxima, colocando em estado de circunspeção tanto o governo quanto a oposição. Entretanto, o que se presenciou foi mais uma vexação que soou como descrédito para o parlamento brasileiro. Ao invés de esclarecer fatos de interesse público da mais alta relevância, Paulo Roberto optou pelo silêncio, não respondendo a qualquer questionamento que lhe foi feito pelos deputados e senadores, transformando a sessão da CPMI em verdadeiro picadeiro de circo às expensas da sociedade brasileira.
Tal fato pode ser analisado sob duas perspectivas distintas. A primeira reside na circunstância de que o efetivo depoimento de Paulo Roberto no Congresso possivelmente irradiaria mais fortemente os seus efeitos aos candidatos envolvidos no esquema. Contudo, o seu ardiloso silêncio pode ter arrefecido timidamente para a sociedade as suas declarações prestadas em âmbito sigiloso da Polícia Federal. Porém, somente o fato de ser convocado para depor com a ampla divulgação nacional, fez com que o escândalo permanecesse em destaque, o que nessa altura da campanha ainda incomoda o Governo, dado a gravidade dos fatos apurados e noticiados. Por outro lado, a outra consequência direta é que não presenciamos mais um corrupto transformado às avessas em “salvador da pátria”, como ocorreu num passado recente e lamentável da política brasileira com o famigerado mensaleiro Roberto Jefferson.
A despeito disso, a conclusão a que se chega é no sentido de que a nau brasileira vem afundando a cada dia mais e mais, capitaneada atualmente pela sua principal empresa estatal, outrora referência mundial no seu setor. Contudo, temos que ter em mente que esse escândalo da combalida Petrobras é somente a ponta do “iceberg” da corrupção que impera no Brasil, que atualmente se coloca no “olho do furacão” por motivos político-eleitoreiros. E nós, povo tripulante, se nada fizermos nas urnas, assistiremos prostrados o naufrágio da grande embarcação brasileira, ficando como náufragos a deriva de um País submerso em corrupção. Portanto, com ou sem mais revelações na CPMI, ainda em tempo, cabe a cada um de nós a decisão de emergir.