Todos os dias nos deparamos com notícias em que nomes ligados ao PT são hostilizados pela população. Os ex-ministros Padilha e Mantega, assim como o presidente nacional do partido, Rui Falcão, constam como maiores protagonistas dessas notícias. Tais episódios nos dão margem para inúmeras análises do atual contexto político do País. As manifestações, desde junho de 2013, vêm apontando para uma crescente revolta popular.
O partido outrora ovacionado, que empunhava a bandeira da honestidade, do partido das massas, agora causa vergonha e repulsa a tudo que é ligado ao seu nome. Não é para menos, a população assistiu aos maiores ícones do partido, como Dirceu e Genoino, serem presos e condenados por corrupção pelo Supremo Tribunal Federal, bem como a defesa dos mesmos pelo partido. O Partido dos Trabalhadores lutou publicamente, até o último momento, para suas absolvições. Ainda assim, contando com o jogo de manipulação do maior marqueteiro do País e, claro, com os instrumentos velados de compra de votos legalizados, como as inúmeras bolsas distribuídas à medida que precisavam para alcançar os números para vitória eleitoral; diante da inércia e conivência da população, prosseguiram em seu projeto de poder. Mais uma vez, ganharam a eleição, o que talvez tenha significado um brinde à corrupção.
Contudo, a outra metade do País, os que não compactuaram com o “modus operandi” do partido, decidiram se impor e demonstrar suas insatisfações. Assim, percebemos o aumento de reações contra a sigla petista. As denúncias e prisões continuaram, o que contribuiu para o aumento do asco ao nome do partido. Entretanto, o maior condutor da rejeição ao PT é a grave crise econômica que eclode no País.
As crises econômicas são historicamente motores de grandes revoltas populares, responsáveis por quebras de paradigmas e as maiores mudanças no mundo. A revolução francesa, o maior acontecimento político e social da história contemporânea, teve como sua principal causa a insatisfação popular diante de uma grave crise econômica. Os representantes do império foram decapitados, castelos e prisões tomados e uma nova ordem foi instalada, com os maiores e mais significativos avanços para todo o ocidente. Portanto, em momentos de crise, há de se verificar o lado bom dela.
No Brasil, assistimos a uma espécie de “neoguilhotina”, sem a barbárie do passado, mas bastante significativa em termos simbólicos. O repúdio popular diante de figuras que representam o partido desmoralizado, com políticos presos quase semanalmente, simboliza a mudança de postura de um eleitor antes passivo, para um cidadão atuante, que faz questão de demonstrar sua insatisfação e repúdio ao que representa hoje o PT.
Por consequência da revolta popular, observamos o significativo aumento do interesse por questões até então alheias ao debate público. Às avessas, a crise nos traz também conquistas para a sociedade. A mobilização da opinião pública frente à indicação de um ministro para o Supremo Tribunal Federal, pela presidente Dilma, é a constatação de um amadurecimento político do País. Aos poucos, a população vai sendo forçada a se politizar e entender que todas as decisões políticas terão reflexos em suas vidas, e que o preço do comodismo e da omissão podem ser altos demais. Que a crise traga a reflexão para novas posturas, para a transformação constante da sociedade.