É um longo tempo! Muitas vezes, a duração de uma existência; outras, o tempo de preparo para uma grande missão, como ocorreu com Moisés para iniciar a busca da terra prometida e a fundação de uma nação. Para a maioria, o início do período de perdas, principalmente orgânicas; e, para nós, médicos formados em 1975, pela Universidade Estadual de Mato Grosso (UEMT), hoje Federal de Mato Grosso do Sul, tempo de júbilo e reavaliação de uma existência profissional.
A nossa caminhada se inicia no dia 7 de fevereiro, sábado de Carnaval, de 1970, 13h, com o trote civilizado e a alegria pela aprovação no vestibular, bem como o castigo de termos que desfilar embaixo de chuva na Av. Afonso Pena e nas ruas 13 de Maio e 14 de Julho. Esse fato foi noticiado e documentado pelo Diário da Serra de domingo, com a manchete “Alegria de trote do ICB misturou-se com o Carnaval”. Na época, formávamos a 3ª turma de Medicina do Instituto de Ciências Biológicas de Campo Grande. Foram 6 anos de lutas, desafios, inquietações, próprias da juventude, e muitas vitórias, que culminaram com a colação de grau, às 20h de 22 de dezembro de 1975, no Cine-Teatro Glauce Rocha. Era a 3ª turma com o nome Prof. Dr. Yasuo Oshiro, Patrono Prof. Dr. Fábio Ribeiro Monteiro e Paraninfo Prof. Dr. Edgar Pedro Raupp Sperb. O Reitor da UEMT era o Prof. Dr. João Pereira da Rosa, todos em nosso meio e alguns ainda ativos e influenciando de forma marcante e exemplar a nossa sociedade.
Hoje, reunimo-nos para reavaliar a nossa trajetória pessoal, profissional e social; mas, principalmente, para revermo-nos e matarmos as saudades de anos de separação. Formamos um corpo gestado em 6 anos de convivência e potenciais desenvolvidos ao longo da nossa existência profissional, familiar e social. Esse corpo, inicialmente belo e formoso, desgastou-se na longa jornada, perdeu parte de seus membros, mas preserva, ainda, grande parte do seu vigor inicial e se renova com os sonhos de busca de uma sociedade mais justa, igualitária, participativa e, sobretudo, saudável. Somos sonhadores contumazes e acreditamos que podemos, ainda, ajudar os nossos jovens a trilhar veredas muito mais promissoras e agradáveis do que as tivemos que desbravar.
Finalizando, quero aqui abraçar a cada um dos meus queridos e queridas colegas, com uma declaração de amor e fraternidade, e dizer que me ajudaram a acreditar no futuro, bem como enfrentar os desafios de que é possível influenciar e fincar o estandarte da justiça no monte da existência, por meio de nossas ações, nosso trabalho e nossa participação social, para que todos vejam e se inspirem. E que estabeleçamos o 2º juramento, não o de Hipócrates, mas o da convicção, forjada pelos anos de luta e trabalho, de não desistir nunca, mas influenciar sempre, enquanto aqui estivermos, fazendo o nosso melhor, e minimizar o sofrimento que aumenta progressivamente à nossa volta. Deus os abençoe e vos guarde e faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti, este é o meu desejo, como a bênção de Arão aos filhos de Israel.