O tempo passa rapidamente, talvez em função da atual vibração planetária, ou melhor, porque a Terra esteja girando em torno de seu eixo imaginário com uma maior velocidade e as partículas subatômicas também estejam vibrando numa frequência maior. Esse fenômeno não percebido fisicamente pelos relógios é notado somente pelas pessoas mais velhas, capazes de observar essa alteração do tempo exatamente por serem mais experientes e terem o passado como referência para comparação e observação dessa diferença.
Nada muito estranho, uma vez que os mecanismos dos relógios baseiam-se quer na mecânica, eletroeletrônica ou mesmo nuclear, nos movimentos vibratórios das molas, dos pêndulos ou dos átomos, tudo relacionado com a gravidade na Terra, que varia com sua aceleração, a qual é o resultado da força de atração que a Terra exerce sobre os corpos, e pelo fato dela ser um geoide, uma esfera não homogênea em sua forma que apresenta valores diferenciados, variando em locais diversos, isto é interferindo nos “mecanismos do tempo”. É tão simples que um relógio ou uma balança do Rio de Janeiro transportado para Belo Horizonte apresentará um atraso em torno de 2 segundos para cada três horas, assim com as balanças poderão apresentar um erro de 40 g a cada 100 kg. Mesmo assim, o relógio continuará marcando a duração de 24 horas por dia, mesmo que tenhamos outra percepção.
Com a correção aplicada (manual ou automática), em nada mudará, um quilo ou uma hora em qualquer lugar terá seu valor considerado, assim como na natureza as variações são compensadas por outras, sem que nos percebamos intuitivamente ou que detectemos por meio de aparelhos e instrumentos que consideramos a princípio imutáveis.
Outro fator preponderante para a aceleração do tempo é o aumento do número dos ciclos magnéticos que parecem ter relação com a atividade eletromagnética entre a superfície terrestre e a ionosfera. Uma “tal” Ressonância de Schumann (1956) seria a explicação da ocorrência de inúmeros fenômenos atuais, perturbações climáticas, atividades vulcânicas, tremores terrestres, variações comportamentais entre os seres terrestres e naturalmente o tempo, em que a jornada de 24 horas seria menor, daí a se considerar que de fato o tempo passa mais rápido.
Para algumas pessoas, nada disso acontece, tudo permanece na mesma, não há mudança a não ser quando refletidas no espelho, e elas passam a ter a noção de que o tempo passou, e rapidamente, pois parece que foi ontem a última vez que se miraram atentamente.
Infelizmente outras marcas, além das rugas, ficam na alma de quem chegou à descida da ladeira – o descaso, traduzido pelo desrespeito, a ponto de existir um estatuto de modo a garantir os direitos do cidadão idoso, uma categoria considerada diferenciada dos demais, como uma forma de ensinar não aos mais jovens, mas aos mais insensíveis ou ignorantes que não se apercebem que, mais dia menos dia, se encontrarão dentro do rol dos “vetustos”.
Excetuando-se aquelas com necessidades físicas ou psicológicas específicas, ou fragilizadas por se considerarem numa fase derradeira da vida, ou que sofrem discriminação acintosa ou maus-tratos (casos de polícia), ou mesmo aquelas solitárias, párias dos convívios familiares, que devem ter uma atenção, dedicação e proteção, existem aquelas que não entregam os pontos, pois sabem os porquês, já foram jovens um dia e não se inventam as rodas a todo momento.
Sabem que o passado vivido lhes dá a força e a sabedoria para driblarem o presente. Têm planos para o futuro. A vida lhes ensinou a observar, pensar, ouvir (apesar de alguns sinais de desgaste), matutar, emitir conselhos, ensinamentos e opiniões.
O conselho dos anciãos, originário das comunidades tribais, deu origem ao senado (senex – homem velho), grego ou romano, que tinha por missão orientar a vida da comunidade por meio da tradução dos costumes em leis, aplicar as regras para moderar o comportamento social, servir de exemplo de correção, distinção e sobriedade para os mais jovens, exatamente por serem experimentados e considerados sábios.
Inexoravelmente, o tempo não para e transformará o ímpeto, a força, a garra juvenil em sabedoria, tranquilidade e domínio de si próprio, características da inteligência, diferenciadora do homem em relação aos animais. Portanto, quando o Hortelino “Tlocaletla” for questionado pelo Pernalonga, lembre-se que o primeiro é um velho, mas humano, e o outro apenas um jovem coelho esperto.