Artigos e Opinião

ARTIGO

Laura e Ancilla: "Turismo sexual: a luxúria que o Brasil proporciona para o mundo"

Laura e Ancilla: "Turismo sexual: a luxúria que o Brasil proporciona para o mundo"

Redação

13/05/2016 - 02h00
Continue lendo...

O Brasil é conhecido mundialmente como um país paradisíaco e certamente essa visão possui seus prós e contras. O território brasileiro é privilegiado: possui belas paisagens, clima tropical, pessoas alegres e bonitas, e tais qualidades – que não se podem negar – são facilitadores do turismo sexual: turistas de todo o mundo encontram facilmente no país inúmeras maneiras de “diversão”. Foi constatado que os turistas do gênero masculino, a maioria com idade entre 30 a 50 anos, aproveitam as férias e procuram o Brasil para satisfazerem seus desejos sexuais a baixo custo.

O turismo sexual é explícito em alguns estados brasileiros. Além de se explorarem mulheres, crescem os números da prostituição de crianças e adolescentes, sobretudo na área litorânea do país. Agências de viagens, taxistas, caminhoneiros e hotéis são alguns dos participantes e responsáveis por esse tipo de exploração no país. Esses atores se valem, por exemplo, da prostituição infanto-juvenil – crescente no país pelo alcoolismo dos pais, agressões físicas e abuso sexual dentro de casa – e fazem do Brasil um local certeiro para a prática do malfadado turismo sexual.  A maioria dos jovens explorados são analfabetos e carentes de informação e, por estarem nessas condições, entram facilmente para a vida da prostituição. Ainda que boa parte desses jovens advenham da “classe baixa”, há também jovens de classe média que procuram na prostituição o caminho para chegar às drogas e melhorar seus padrões de consumo.

Os pornoturistas usufruem da facilidade da prostituição causada pela ineficiência de políticas públicas e programas tímidos propostos para o combate ao problema. Eles agem em conjunto com agentes de viagens, em sua maioria da Europa e Estados Unidos, que oferecem pacotes de viagens para o Brasil, incluindo passagens aéreas extras para que o turista tenha a opção de levar para seu país de origem garotas e garotos de programa, numa contínua espiral de violência e desrespeito, perpetuando-se, assim, a exploração sexual. 

Mudanças radicais precisam ocorrer no trato das causas e consequências do turismo sexual, e políticas públicas eficazes precisam ser implantadas, tais como programas governamentais para dar suporte e orientação às famílias mais necessitadas, já que essas são as principais vítimas da prostituição infanto-juvenil no Brasil.

Melhorias na educação básica, investimentos em esporte e cultura ajudariam no combate a essa grande doença que o país carrega por tantos anos, agravada pela falta de seriedade, probidade e zelo de alguns setores do Poder Público na prevenção e combate à exploração sexual no país.

A sociedade brasileira, como um todo, está abrindo os olhos para problemas graves como esse, que atinge diretamente a futura geração do povo brasileiro. Aos poucos, aqueles que contribuem para o não desenvolvimento do país vão-se afastando dos importantes cargos que regem o Brasil e, ainda que de forma lenta e vagarosa, aquela imagem que o mundo tem sobre o país vai-se tornando a de um país paradisíaco e com uma sociedade justa e desenvolvida.

 * Laura Silva Costa Acadêmica do curso de Administração da UFMS/Três Lagoas
Ancilla Caetano Galera Fuzishima Professora do curso de Direito da UFMS/Tres Lagoas

EDITORIAL

As bolhas que nos afastam da realidade

Enquanto uma parte do Estado amplia suas zonas de conforto, outra é pressionada a fazer mais com menos, arcando com o desgaste político e social das escolhas difíceis

17/12/2025 07h15

Continue Lendo...

A expressão “estar em uma bolha” deixou de ser apenas uma gíria de internet para se transformar em um retrato cada vez mais fiel da forma como a sociedade vem se organizando. Nas redes sociais, algoritmos direcionam conteúdos, opiniões e notícias de acordo com preferências previamente identificadas.

O resultado é um ambiente confortável em que quase tudo confirma aquilo que o indivíduo já pensa. Divergir passa a ser exceção e confrontar ideias, um incômodo evitado.

Fora do ambiente digital, a lógica das bolhas também se impõe. O isolamento crescente em condomínios fechados, verticais ou horizontais, reduz o contato cotidiano com o diferente. Ao limitar o convívio, o indivíduo perde a oportunidade de compreender realidades distintas da sua própria.

Torna-se, ao mesmo tempo, mais desconfiado e mais desinformado, conhecendo o mundo mais pelo “ouvir dizer” do que pela experiência direta. A realidade passa a ser filtrada, editada e, muitas vezes, distorcida.

As bolhas criam falsas impressões. Quando se consolidam em grupos, reforçadas pelo sentimento de pertencimento, geram uma perigosa falta de sintonia com o restante da sociedade. Problemas coletivos passam a ser relativizados, minimizados ou simplesmente ignorados.

A empatia dá lugar à autoproteção e o interesse público acaba substituído pela preservação de privilégios.

Nesta edição, mostramos um exemplo concreto dessa desconexão: o aumento do duodécimo para quase todas as instituições de Mato Grosso do Sul, mesmo após um ano marcado por crise financeira, enquanto cresce a sobrecarga sobre o Poder Executivo.

É sobre ele que recai, de forma quase exclusiva, o peso de enfrentar as dores reais da sociedade: da falta de recursos para serviços essenciais às demandas crescentes por saúde, educação, transporte e assistência social.

Essa discrepância orçamentária não é apenas um dado técnico. Ela reforça as bolhas institucionais. Enquanto uma parte do Estado amplia suas zonas de conforto, outra é pressionada a fazer mais com menos, arcando com o desgaste político e social das escolhas difíceis.

Trata-se de um desequilíbrio que aprofunda a sensação de injustiça e distancia ainda mais as instituições da realidade vivida pela população.

Seria desejável que integrantes das instituições que recebem repasses de duodécimo saíssem de suas bolhas. Que vivessem mais intensamente a realidade fora de gabinetes, relatórios e planilhas.

Que entendessem que, em tempos de dificuldades financeiras, reforçar privilégios e ampliar confortos institucionais não é apenas insensível, é socialmente injusto.

Romper bolhas não é simples, mas é necessário. Para indivíduos, para grupos e, sobretudo, para instituições públicas. A democracia e a justiça social exigem mais contato com a realidade concreta e menos acomodação em mundos protegidos. Caso contrário, seguiremos administrando percepções, e não problemas reais.

ARTIGOS

A Interpol e as lições do roubo ao Louvre: quando a cultura exige proteção global

O que alguns insistem em tratar como luxo é, na verdade, expressão de identidade coletiva, memória histórica e soberania cultural

16/12/2025 07h45

Continue Lendo...

A Interpol é amplamente reconhecida por seus sistemas de avisos e pela atuação no combate ao crime organizado transnacional.

O recente episódio envolvendo o Louvre, porém, recoloca em evidência um ponto ainda subestimado no debate público: crimes não violentos, como o roubo de bens culturais, também demandam tutela internacional qualificada.

O tráfico de obras de arte e de patrimônio histórico segue sendo um delito de baixo risco e alto lucro, alimentado pela opacidade do mercado e pela fragmentação das respostas estatais.

O que alguns insistem em tratar como luxo é, na verdade, expressão de identidade coletiva, memória histórica e soberania cultural. A Interpol parte dessa premissa, ao reconhecer a cultura como interesse jurídico protegido, merecedor da mesma atenção dedicada à vida, à segurança e à integridade física.

Nesse contexto, o Banco de Dados de Obras de Arte Roubadas da organização cumpre papel central: dar rastreabilidade a um mercado em que o patrimônio cultural pode, com facilidade, converter-se em saque.

A existência do banco de dados não é apenas simbólica. Ela permite a identificação de peças subtraídas, inibe a circulação ilícita e oferece suporte técnico às investigações nacionais.

Ainda assim, a eficácia do sistema depende de algo que nem sempre acompanha a velocidade do crime: cooperação internacional efetiva e compartilhamento ágil de informações entre agências de aplicação da lei.

Há espaço evidente para aprimoramentos. A ampliação do banco de dados com atualizações em tempo real, a integração mais ampla de museus, casas de leilão e colecionadores privados, além de protocolos obrigatórios de verificação de procedência, fortaleceriam significativamente o combate ao tráfico ilícito.

Do mesmo modo, penalidades mais rigorosas e treinamento especializado para forças policiais e autoridades alfandegárias são medidas indispensáveis para reduzir a atratividade econômica desse tipo de crime.

O episódio do Louvre serve como alerta. Proteger bens culturais não é capricho elitista nem pauta secundária: é defesa da memória, da identidade e do patrimônio comum da humanidade.

Quando uma obra é roubada, perde-se mais do que um objeto, perde-se um fragmento da história coletiva. A resposta, portanto, precisa ser global, coordenada e à altura desse valor.

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).