Empresas são pessoas. Só crescem se as pessoas que nela atuam também se desenvolverem. E precisam de um estímulo que vá além do dinheiro. Em outras palavras, precisam de uma motivação que dê sentido ao trabalho realizado. Não apenas as pessoas, mas também as empresas precisam de uma missão corporativa que ultrapasse o objetivo do lucro.
Alguns exemplos recentes de empresas que estão comemorando décadas de existência mostram isso. No estado do Rio de Janeiro, a primeira colocada no exame do Enem é uma escola de Petrópolis, chamada Ipiranga, com 50 anos completados ano passado. Na direção, duas irmãs, Lúcia e Sônia Abi Daud, que fundaram o colégio e permanecem até hoje. Em entrevistas realizadas com elas, revela-se a obsessão pela qualidade no ensino. Observa-se um sentimento real de realizar uma grande obra em cada criança matriculada. O lucro é consequência desse trabalho, não é o motivo principal pelo qual a empresa existe.
No segmento de alimentação, a Casa da Empada completa 30 anos em 2017. Quando foi inaugurada, seu fundador, Antero Gonçalves, ia para o sinal de trânsito oferecer um cartão que dava direito a uma empada grátis em sua loja. Mais do que ação de marketing, havia um objetivo verdadeiro em oferecer aos clientes um produto de qualidade, cuja receita fora desenvolvida por sua esposa, dona Alzira Gonçalves. Até hoje essa história é contada nos treinamentos da empresa. Serve para motivar os atendentes das franquias a também trabalharem arduamente para atender as pessoas da melhor forma possível. Como se estivessem recebendo-as em sua casa. Não é à toa que o slogan da empresa é: Sinta-se em casa! (assim mesmo, com a exclamação tão comum em mensagens publicitárias).
Esses dois exemplos mostram que gente e gestão são fundamentais para o sucesso de uma empresa. Os dois fatores juntos, um dependendo do outro. Não há gestão sem gente. E as pessoas ficam perdidas quando não há gestão. Mas não apenas técnicas de administração, controle, procedimentos e métodos. É preciso que se tenha um objetivo maior, que mobilizará a organização como um todo. Uma espécie de missão que mexerá com as pessoas e as conduzirá nas funções do dia a dia.
E essa missão deve ser passada pelos diretores. Mas não apenas com frases bonitas que a gente vê penduradas nos quadros pelas paredes da organização. E sim nos exemplos e nas histórias que vão construindo a vida de uma empresa. Reparem nas lembranças das empresas e você verá um valor maior que sempre esteve lá, como uma espécie de alicerce que a conduz.
Histórias como essas é que fazem a diferença na sobrevivência de uma empresa no mercado. Elas permanecem vivas na memória de cada pessoa que passou por essas organizações. E auxiliam os funcionários em suas condutas de negócio, fazendo com que a empresa se fortaleça por meio dos valores que compartilha. Quem não as tem, dificilmente sobreviverá no mercado, mesmo que ganhe muito dinheiro. Sem um objetivo maior de realmente servir seus clientes, as empresas darão lucros, mas não conquistarão as pessoas. E sem gente não haverá história para contar.