No âmbito nacional – como descrevemos em recente texto –, o fechar das portas de 2014 não foi nada animador, o que, por óbvio, projeta para 2015 um cenário com perspectivas cinzentas, em especial no aspecto econômico, com seus naturais reflexos em outros setores do nosso dia a dia. Entretanto, no âmbito regional, especialmente em termos de segurança pública no nosso Estado (Mato Grosso do Sul), a se concretizar a escolha do procurador de Justiça, Silvio Cesar Maluf, como titular da pasta de Segurança Pública e Justiça, as perspectivas serão bem mais animadoras, salvo se lhe faltar o apoio governamental necessário.
Não há nenhuma novidade em se afirmar que a Segurança Pública e a Saúde são as áreas mais sensíveis de uma sociedade como um todo. Estes dois setores são os que mais atormentam a população. É comum ouvir das pessoas, sobretudo das mais humildes, que sem saúde e segurança “é difícil tocar a vida”, o que reflete o sentimento de todos.
De igual forma, é recorrente ouvir que essas duas pastas, pelas suas complexidades e peculiaridades dos seus profissionais, são as piores para serem administradas. Talvez pelo corporativismo, talvez pelas vaidades pessoais! A verdade é que há muitas reclamações ou alusões nesse sentido, o que requer uma singular competência e liderança no comando da administração desses setores.
Na área da segurança pública, o seu titular, além da preocupação normal que é a gestão da segurança para o Estado todo, ou seja, para a população de todos os quadrantes do seu território (rural e urbano), no caso específico, com fronteiras com países vizinhos (Bolívia e Paraguai), com peculiares crimes daí decorrentes, tem de se preocupar com a administração dos conflitos internos comuns a qualquer unidade da federação. Em um primeiro momento, tem de apaziguar o secular conflito entre as corporações: Polícia Civil e Polícia Militar. É provável que a nova gestão não trabalhe com a ideia de acabar por completo com esse conflito, apenas de serená-lo para não prejudicar o próprio fim da pasta, que é a segurança pública. Esses dois importantes segmentos precisam se conscientizar de que a segurança pública é una e que a divisão, inclusive constitucional, em duas corporações é um mero critério metodológico de gestão. Em um segundo passo, porém, concomitante e não menos importante, a preocupação deve estar voltada em administrar os conflitos internos que pairam entre os grupos (de delegados e de oficiais).
Esses conflitos internos, que infelizmente são uma prática que se arrasta há muito tempo, em todas as unidades da federação, provavelmente movidos por vaidades e pela ânsia do poder, longe de ajudar na boa gestão da segurança pública, prejudicam muito.
Significa, pois, que os conflitos vão muito além dos embates entre as corporações, que talvez não sejam tão perniciosos quanto aos internos existentes no seio de cada um desses órgãos de segurança.
Um dos maiores problemas existentes na área de segurança pública é a incomunicabilidade entre as linhas de frente de combate à criminalidade. Tanto a Polícia Civil quanto a Militar trabalham com tarefas estanques. Uma omite da outra não só o seu respectivo plano de ação, como as suas principais ações, como se uma fosse inimiga da outra.
Esse mesmo quadro também acontece internamente, em detrimento, com efeito, da prevenção e do bom combate à criminalidade.
Silvio Cesar Maluf, com sua inteligência, competência, liderança, humildade e experiência adquirida ao longo da sua vida, em especial, ao longo de vários anos no exercício de promotor de Justiça, de procurador de Justiça e de corregedor-geral do Ministério Público, certamente saberá administrar esses conflitos todos e, consequentemente, dará a segurança pública que todos esperam e merecem.