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Iara Bueno Dias: "O eterno Google"

Jornalista

Redação

18/03/2017 - 01h00
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Qual é o maior monte gelado no planeta? Qual a rota dos ventos? E aquela dor na ponta da barriga, o que será que é? Ah, só há um que pode responder a todas essas perguntas e quaisquer outras que sua criatividade inventar: o santo e milagroso Google, claro! 

Que advento transformador! Esclarecedor! Ajudador! Incrível como essa ferramenta indispensável nos dias de hoje tem absolutamente todas as respostas. Aliás, desafio o leitor a digitar algo no campo de pesquisa que não gere centenas de respostas. Duvido! Ele sabe tudo! Mas... sabe da maior? Talvez o Google não saiba que ele não é inovador. Há algo que é, será e sempre foi muito mais sabido e solícito que esse gigante. E o melhor: bem mais acessível – dispensa internet ou qualquer outra tecnologia para ser acessado.

Espírito Santo, conhece? Antes de digitar isso no Google, sugiro que pesquise a Bíblia para saber de quem estou falando. Uma das pessoas da Santíssima Trindade, o Espírito Santo é o cumprimento da promessa de Deus aos homens de que Ele não nos abandonaria quando Jesus subisse aos céus. Apesar de também ser eterno – diz a Bíblia que Ele pairava sobre as águas antes da criação do mundo, quando a Terra era ainda amorfa e vazia –, desde a glorificação de Jesus, o Espírito Santo tornou-se totalmente disponível a nós, batendo à nossa porta para habitar em nosso espírito e nos dar todas as repostas. O consolador, ajudador, o que nos concederia as palavras certas nos momentos de aflição, dúvidas, desânimo, e até de incredulidade.

Céticos, larguem suas pedras. Ressalto que este Google interior a qual me refiro é espiritual. Logo, é este tipo de resposta que devemos esperar d’Ele. Onisciente, onipresente e onipotente, Ele está disponível a quem n’Ele crer, sem acepção de pessoas. Alguns O chamam de “insight”, sexto sentido, voz interior.  E ouso dizer que até os que não O reconhecem como uma divindade, como a fonte de toda a sabedoria, tiram d’Ele uma casquinha na hora do aperto, já que a Bíblia diz que Ele não despreza um coração contrito.

Aquelas respostas amplas e encorajadoras, que inexplicavelmente brotam do nosso interior e acendem uma luz, com impressões, conclusões e inspirações capazes de mudar a nossa rota, nos orientar, nos acalentar, são obras do Espírito Santo! Pois é! Assim como o sistema de algoritmos da web nos oferece ideias e produtos antes mesmo de os solicitarmos, o Espírito Santo se expõe a nós nas mais diversas situações e maneiras, mas sempre com o fim de edificar, consolar e exortar. Quem tiver olhos, veja. Quem tiver ouvidos, ouça.

Já que é graça usar parábolas, sabe onde está a metáfora mais linda disso tudo? No poder da unidade. O Google só é o que é pela união de ideias, conceitos, pesquisas e estudos de incontáveis pessoas, de todos os níveis e culturas. É pela cessão de conhecimento mútuo que essa ferramenta digital se mostra como a mais poderosa e completa biblioteca da modernidade. Nós, por nossa vez, nos tornamos um com Deus quando recebemos o Espírito Santo. Passamos a ter a fonte de toda a criatividade em nós, a nascente de todo o amor. Semelhantemente, passamos a ter em nós o mesmo Espírito que habitou em Jesus e o capacitou a fazer todas as suas grandes obras.

O Espírito que ensinou verdades espirituais, que curou enfermos, que restaurou a vista aos cegos, que ressuscitou, que foi movido de íntima compaixão pelo próximo, que amou os inimigos. O Espírito que se materializou em Pão da Vida e se entregou para ser dividido, repartido, para que toda a humanidade pudesse ser alimentada com o sustento para a vida eterna. E voltasse a ser um com o Pai.

Se a vida é uma constante busca, entendo aqui o que é a vida abundante à qual Jesus se referiu. Com o Espírito Santo, buscamos as respostas, o conforto, e achamos, sempre. Assim, podemos viver em outro nível, acima do natural – no sobrenatural. Duvida? Põe no Google!          

ARTIGO

Produtos livres de desmatamento nas estratégias da União Europeia

11/04/2024 07h30

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O Regulamento para Produtos Livres de Desmatamento é um entre vários componentes do Pacto Ambiental Europeu (European Green Deal), que tem como objetivo final atingir neutralidade de emissões de gases de efeito estufa em 2050, com um crescimento econômico livre da exploração excessiva dos recursos naturais e sem deixar ninguém para trás.

Trata-se, portanto, de uma peça dentro de um quebra-cabeça bem mais complexo que visa tornar a Europa um continente sustentável e carbono neutro.

Desde 2019, o Pacto Ambiental Europeu apresenta diretrizes que vão sendo gradativamente regulamentadas, cobrindo de energia renovável a produção de alimentos, passando por transporte e construção civil.

Trata-se de um marco legal abrangente que aborda diversas questões ambientais, incluindo o desmatamento, como parte dos esforços da União Europeia (UE) para um novo modelo de economia verde. 

O regulamento para produtos livres de desmatamento, aprovado em 2023, disciplina as atividades dos importadores europeus que passam a ser responsáveis por garantir que os produtos adquiridos não venham de áreas desmatadas depois de 31 de dezembro de 2020.

As restrições entram em vigor no final de 2024. Os importadores são os responsáveis pela implementação das verificações nos países exportadores, as chamadas “due dilligences”. 

As implicações para o Brasil são significativas, pois a UE é o segundo maior comprador dos nossos produtos agropecuários. Enfrentamos sérios problemas de desmatamento ilegal na floresta amazônica, além de questões fundiários e sociais.

Outro ponto importante é que a legislação europeia não faz distinção do que é considerado desmatamento legal ou ilegal. A normativa claramente se refere a desmatamento em geral. 

Esse ponto vem sendo questionado pelo governo brasileiro, alegando que está acima das exigências legais do ordenamento jurídico do país. Argumenta-se que essa normativa representaria uma forma de barreira não tarifária aos produtos do Brasil.

Entretanto, o argumento contrário é de que a UE tem a prerrogativa de estabelecer os critérios para os produtos que farão parte das suas cadeias de suprimento. E, como o objetivo maior é a redução dos impactos ambientais do consumo dos próprios europeus, nada mais lógico do que exigir que seus fornecedores sigam padrões compatíveis com essa ambição.

Importante notar que há fortes reações ao Pacto Ambiental dentro da própria UE, como vimos recentemente nos diversos protestos de produtores rurais no território europeu.

Embora estejam sensibilizando parte da sociedade e postergando algumas limitações, dificilmente a insatisfação dos produtores europeus ou dos governos fornecedores de produtos agrícolas para a Europa terão força para uma guinada nos objetivos de longo prazo da UE.

Parece haver um sério proposito do continente em mudar completamente suas bases de desenvolvimento, mirando a transição para uma economia mais resiliente e de baixas emissões de gases de efeito estufa.

Ao Brasil cabe o desafio de entender essas normativas e entrar em um processo de negociação sério e embasado na ciência. Ainda há grandes lacunas sobre como serão feitas as verificações do desmatamento e, sobretudo, como serão mapeadas as origens de cada lote de exportação.

Precisaremos acelerar nossos investimentos em rastreabilidade e transparência nos processos produtivos, assim como no aprimoramento de plataformas de monitoramento territorial. Tudo isso em consonância e em estreita colaboração com os importadores e agentes da União Europeia.

Ainda estamos em um momento de discussão e entendimento junto aos agentes europeus de como o novo regulamento será implementado no Brasil. Entende-se que será um processo com aprendizado mútuo e um período de adaptação.

Os entes governamentais têm o papel de catalisar essa discussão entre produtores, processadores e exportadores brasileiros para que estejamos prontos para manter a liderança como fornecedores de produtos agrícolas para a União Europeia. 

 

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Era uma vez em uma escola na Suécia

11/04/2024 07h30

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Depois de anos educando as crianças quase que exclusivamente com recursos digitais, o Ministério da Educação da Suécia começou a perceber alguns sintomas perturbadores nas suas crianças: deficiência na leitura e na compreensão de textos apropriados para a idade, muita dificuldade de escrever e, quando solicitadas, escritas realizadas apenas em caixa alta.

Mas o que mais chamou a atenção foi a percepção de que as crianças também começaram a apresentar dificuldades para expressar o que sentiam, pois lhes faltava vocabulário até mesmo para descrever cenas breves ou relatos de emoções simples.

Muitas dessas manifestações, resultantes da falta de exercício cognitivo e motor, assemelhavam-se a alguns transtornos psicológicos, e não é de se espantar que muitos pais possam ter procurado psicólogos, feito exames ou mesmo ministrado medicamentos, preocupados com a lentidão, o mutismo ou ainda com dificuldade de compreensão de seus jovens filhos.

O governo sueco, diante dessa constatação, resolveu dar uma guinada nas suas orientações escolares e agora estimula fortemente o uso de livros em vez de laptops, como também incentiva a leitura em voz alta, as rodas de conversa e a prática da escrita - inclusive ditados - com o objetivo de reverter o cenário que se desenhava catastrófico para o futuro.

Crianças que não são estimuladas desde cedo em atividades motoras e intelectuais podem ter dificuldades de desenvolvimento profissional na vida adulta, particularmente em um mundo onde a criatividade e a inovação são realidade em todo lugar. 

No último Pisa, divulgado em 2023, o resultado geral dos jovens estudantes suecos foi de 487, ante 499 registrado na edição anterior, de 2018. Em Matemática, a queda foi de 15 pontos e em Leitura, de 10 pontos.

Suficiente para que fizesse um país sério, como a Suécia, acender as luzes amarelas e buscar compreender as razões dessa perda de energia no aprendizado de seus jovens cidadãos, (para além dos efeitos da covid, que afetou de maneira praticamente igual os países participantes).

Uma das medidas que o governo buscou implementar em todas as escolas - embora na Suécia o programa e as orientações pedagógicas não sejam unificadas como no Brasil - foi: menos celular, menos laptop e mais livro, leitura, escrita e conversa. O básico que, desde mais ou menos cinco séculos atrás, tem orientado a ideia do que é ensinar e aprender.

 Lógico que esta constatação não implica em demonizar o uso de tecnologia em sala de aula, mas de usá-la com sabedoria, de forma que ela ofereça o que, de fato, não é possível conseguir por outros meios.

Mal comparando, é como o hábito de muita gente usar palavras em inglês para se referir a coisas ou situações nas quais já existe uma palavra em português perfeitamente cabível. Esse é o mau uso da língua estrangeira. O que não significa que não se deva aprendê-la e usá-la, muito pelo contrário.

A tecnologia compreende um conjunto de ferramentas e habilidades que deve servir para ampliar nossa capacidade de ler, raciocinar, produzir e nos comunicar. Mas, para isso, precisamos antes saber ler, raciocinar, produzir e nos comunicar.

O perigo do uso de celulares e laptops no ensino fundamental é o de diminuir ou mesmo obstaculizar  o desenvolvimento motor e cognitivo das crianças, além de dificultar a expressão de ideias, emoções e socialização, por falta de vocabulário capaz de se fazer entender quando relatar uma experiência.

O fenômeno hikikomori, que se refere aos jovens que abandonam qualquer contato social real e mantêm-se isolados em seus quartos, comunicando-se apenas pelas redes sociais, vem se alastrando por todo mundo, assim como a descrição de novos transtornos psicológicos associados à dificuldade de comunicação e socialização. A saída, porém, pode estar um pouco antes do consultório médico ou do psicólogo. Na boa e velha sala de aula.

 

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