A consciência coletiva pode ser um importante parâmetro para aferir o grau civilizatório de um povo, de uma nação ou de uma comunidade. Quanto mais amadurecida, maior a harmonia entre necessidades pessoais e coletivas.
Neste sentido, dois setores, aparentemente antagônicos, tornam-se o fermento necessário para fazer crescer ou não este importante estado psicológico de pertencimento a um meio social – a produção economia, destinada a cuidar de bens de consumo para a sobrevivência e a produção cultural, direcionada a aprimorar laços da interação coletiva. Uma voltada para as necessidades do corpo. A outra para as necessidades da mente, onde se organiza o estado de consciência. Devem caminhar em paralelo, sempre que possível, desde que governantes e governados tenham consciência disso.
Uma sem a outra torna a vida medíocre, vindo a comprometer a saúde do corpo ou da mente, refletindo-se diretamente no estado de saúde das pessoas e do tecido social. A produção cultural é uma ferramenta pedagógica para canalizar diferenças e atitudes sem rumo definido ou mesmo patológicas. Além do mais, por dialogar numa dimensão idealizada, a arte e a cultura provoca o individuo a descobrir outras possibilidades que se mostram além da sua pessoalidade, aliás, estes aspectos, por incrível que pareça se mostram como elementos de uma formula natural para combater o estresse gerado no encontro das diferenças individuais, já acirradas neste mundo competitivo decorrente do processo de produção econômica. Logo, a produção cultural funciona como um grande instrumento para canalizar tensões pessoais mal resolvidas que podem evoluir para a violência e o desapego social.
Quando a discrepância entre produção econômica e produção cultural é muito acentuada, provoca um vácuo nas necessidades humanas mais elementares – sobreviver e pensar. É neste vácuo que germinam as sementes da inquietação e da angustia, dois fenômenos psicológicos que compromete a sensação necessária de pertencimento a um determinado meio social. O resultado é o fomento ao individualismo nocivo.
Em Mato Grosso do Sul, ainda que possa haver predomínio da produção econômica, até com certo endeusamento desnecessário, a produção cultural é o viés de resistência da consciência coletiva a um predomínio econômico. No nosso caso, bastam olhar os orçamentos, receitas e lucros de um e de outro. É uma luta desigual, semelhante a Golias x Davi.
Em um regime democrático o amadurecimento da consciência coletiva passa necessariamente pelo modo de fazer da instituição politica, onde a participação para mais ou para menos, é que vai determinar a direção para o amadurecimento ou a estagnação do processo de adaptação entre os de maior e os de menor consciência coletiva.
Mato Grosso do Sul, viu-se, após a divisão territorial, diante da necessidade de construir sua identidade própria, de forma a poder olhar em volta e definir os instrumentos para a sua autonomia simbólica.
Passados quarenta anos, os instrumentos escolhidos – bovinocultura e ambiental ismo confirmaram o acerto da escolha, mensurados pelo PIB gerado e pela receptividade da nossa produção cultural lá fora, funcionando como uma propaganda da sensibilidade dos seus habitantes.
Esta não é uma analise apaixonada e nem reduzida. É fruto de um atento olhar critico e reflexivo de dados e fatos, devidamente registrados pela nossa imprensa.
Por fim, augurando que a nossa consciência coletiva amadurecendo contamine, mesmo por osmose, a nossa classe politica, a lição que não podemos esquecer-nos de mirar no simples para alcançar o complexo, deve permanecer, pois a impressão que temos é que teimam em fazer o contrario, pois este cada vez mais insensato e imprudente seguir o lema “vender dificuldades para obter facilidades,” pessoal até.
Os discursos do ano eleitoral que já começou nos bastidores, devem estar conscientes de que o amadurecimento da consciência coletiva em MS não deixa muito espaço para se imaginar uma ingenuidade presumida da população. Um bom momento para governantes ingênuos dialogarem com governados conscientes.