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Frei Venildo Trevizan:
"Casa comum"

Frei Venildo Trevizan:
"Casa comum"

Redação

13/02/2016 - 00h00
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Novamente, entramos no período quaresmal. É um tempo em que refletimos a maneira de encarar a realidade e cultivar valores espirituais, morais e sociais. A quaresma é também um tempo de reflexão sobre o sentido da Paixão, morte e ressurreição do Senhor. É tempo de jejum, oração e caridade, buscando melhorar o relacionamento entre as pessoas e com Deus. 

Quaresma é também oportunidade para refletir realidades que envolvem sofrimento, fome e outras necessidades dos seres humanos e da natureza como um todo. Neste ano, mais uma vez, as igrejas que compõem o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic-) se unem para convocar todos os credos, classes sociais e organizações políticas, filosóficas e econômicas para refletir e se posicionar diante de um tema crucial: “o saneamento básico”.

É mais uma Campanha da Fraternidade ecumênica, cujo tema é: “Casa comum, nossa responsabilidade”. E o lema é extraído da profecia de Amós: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca”. (Am.5,24)

As igrejas se unem na mesma fé em Jesus Cristo e na mesma consciência frente à realidade desafiante do planeta terra. Não podemos cruzar os braços. O planeta está morrendo. As águas estão se esgotando. Não podemos permanecer indiferentes. O saneamento básico está aí denunciando a todos, tanto autoridades quanto comunidades e pessoas.

Diz o texto base: “Estamos vivendo um momento que podemos considerar crucial para a continuidade da vida no planeta terra. O momento presente é tão preocupante que nossas opções precisam ser orientadas por critérios coerentes com o propósito de mais justiça e paz. É necessário que assumamos as responsabilidades das escolhas feitas” (T.B.30).

Não podemos demorar em criar iniciativas para salvar nossa “casa comum”. Temos de dar um basta urgente às agressões contra a criação. Olhemos os reservatórios de água. A terra é um presente de Deus. O presente expressa os sentimentos do doador. Olhando vemos o gosto, a intenção e a maneira com que nos trata quem doou.

Pessoalmente não gostaria ver desprezado, ou jogado no lixo, algum presente que tenha dado. Ficaria muito magoado e desgostoso. Possivelmente iria pedir explicações. Mas Deus não é assim. O presente dele o confiou como expressão de amor que dedica a cada filho e a cada filha, pois ele é generoso e amável.

Mas o ser humano não pensa da mesma maneira. Tem dentro de si um coração ganancioso. Tem em sua mente pensamentos egoístas. Tem em suas mãos gestos devastadores. Tem em sua alma sentimentos poluidores.

E o presente de Deus se transforma em triste sepultura. Para lá vão as alegrias sonhadas, os lucros adquiridos, as atitudes devastadoras e as esperanças dos pobres.

Antes de acontecer e ter que lamentar, ainda é tempo de recuperar e de reavivar. É preciso amor e empenho. É preciso união e esforço. É preciso fé e ação, pois a “casa comum” é nossa responsabilidade.