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Ernesto Caruso: "Canetas e pistolas. Quem mata mais?"

Militar reformado

Redação

10/12/2016 - 01h00
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Quando a serviço da sociedade e quiçá da humanidade nas relações internacionais, empregadas por gente de bem, canetas e pistolas são imprescindíveis. Não se pode conceber a vida, no presente, sem tal existência. Mal utilizadas, acarretam danos não proporcionais à impressão que seus nomes e significados estimulam as mentes das pessoas. Qualquer um pega ou recebe uma caneta não denota medo ou repulsa, o que não ocorre com a pistola. 

Esta exige cautela, conhecimento e segurança no seu manuseio. Angústia na maioria das pessoas, que usam as canetas sem o mínimo cuidado, a não ser o do raro vazamento no bolso. A pistola lembra guerra, banditismo, bala perdida, morte de inocentes. Fica fácil abalar o instinto de sobrevivência, e, assim, condenar a pistola, buscando aplausos ao desarmamento.

A caneta sela a paz. É endeusada quando assina a liberdade. Vira relíquia adquirida a peso de ouro nos leilões das raridades. No entanto, é pouco lembrada quando assina a guerra. A reação se volta nesse caso na direção dos autores e atores e não mais para o objeto, a despeito dos efeitos devastadores.

Um bandido – logo, assim rotulado – usando uma pistola, assalta e mata quantas vítimas, na sua vida criminosa? Três, quatro, dez... Não interessa quantas foram. Matou uma pessoa que seja, deve ser condenado.  Um projétil disparado pela arma causou uma vítima fatal, paraplégico, mutilado, alguém em vida vegetativa no leito hospitalar. Envolvidos um homicida, uma arma e uma vítima. A arma virou a “estrela”, ilegalmente usada, bem como a das pessoas de bem para a própria defesa. Não é mais um ser inanimado.  Ganhou vida e está sendo condenada. 

E a caneta, que na mão de não menos criminosos, tem provocado a morte de milhares de crianças, idosos, homens e mulheres deste nosso Brasil?

Com uma caneta se pode matar muito mais do que com uma pistola. O que usa a pistola é homicida e quem usa a caneta é fraudador?

O servidor, político eleito, partícipe do Executivo, do Legislativo e do Poder Judiciário, responsável pela gestão dos bens do Estado, que desvia verbas para os próprios bolsos, não pode ser considerado somente um fraudador. Nem qualquer servidor tem o poder de perdoar dívidas na surdida, nos gabinetes ou nas esquinas.

Quantas vezes tomamos conhecimento através a imprensa que as verbas destinadas à construção de uma rede de saneamento básico de uma cidade lá do interior, recordista nas taxas de mortalidade infantil, não chegaram ao seu destino. Quantas crianças morreram por conta desse ato criminoso? Não basta contabilizar na conta da fatalidade. Chamar de fraude...

E das verbas destinadas aos hospitais. Quantos idosos morrem de infarto nas filas que iniciam na madrugada, se estendem pelo dia, expostos à chuva, frio ou calor excessivo, dissabores nas brigas pelo lugar, pela aflição em busca de socorro que não vem, pelo sofrimento, angústia e impotência do grito que não mais podem dar. Os que podem, o fazem no desespero em nome de filhos, esposa, mãe; quebram instalações; agridem os servidores da saúde, com a mesma insatisfação e impotência. Morte e tristeza viram cenas nos noticiários.

Isto não é fraude, é assassinato e, dependendo do vulto do desvio, genocídio. O servidor que roubou dinheiro do erário é o agente que contribuiu com as mortes por falta de atendimento.

As leis dependem das canetas bem usadas com honradas assinaturas juntamente com os encarregados de executá-las, do cidadão de cumpri-las e dos responsáveis por fiscalizá-las e julgá-las, a serviço do bem comum.

Não basta proclamar “Dia da criança”, “Dia do idoso”, dar prioridade nas filas e dispensar de pagar passagem na condução. Migalhas que se somam aos projetos faraônicos dos dez estádios para a Copa do Mundo (pão e circo) para iludir, fechar os olhos da população. Não, não mais!

A operação Lava Jato despertou o cidadão que repudia o político, já preso, ao que consta com um bilhão de reais em banco de Miami; no Brasil, encontrados R$ 61 milhões, uma merreca (?). Bilhões desviados da Petrobras, empregados em obras no exterior com parte surrupiada. Ex-tudo, presidentes, governadores... À luz do dia, assinados por esse tipo de gente com canetas de marca.

Tipo de gente que não se considera bandido. A filha não o considera bandido, chora; a esposa chora, desmaia, todos da família choram e esperneiam. Mas, com o dinheiro roubado vão para hospitais de grife e o “poveco” (da senzala, assim tratado) que lhes elege, vai morrer à míngua nas portas do SUS (TO!), das UPA (Que M...!). O mínimo é considerar como crime hediondo.

ARTIGO

Tarifa social é tendência global

10/04/2024 07h30

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À medida que avançamos em 2024, é notável o aumento no número de cidades brasileiras adotando políticas de tarifa social no transporte público. Este movimento marca um avanço significativo na busca por uma mobilidade urbana mais inclusiva.

Um levantamento da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) mostra que o país tem 103 municípios, distribuídos por 14 estados e o Distrito Federal, que aderiram à prática, seja de forma universal (sete dias por semana), em dias específicos (aos domingos, por exemplo) ou para grupos em particular (como idosos, pessoas com deficiência e estudantes). São Paulo e Minas Gerais lideram a lista, com 29 e 26 municípios, respectivamente.

Vem crescendo o debate e as iniciativas que visam democratizar a mobilidade para o exercício da cidadania e a participação da vida política e cultural da cidade. No Enem 2023, 15 capitais do país ofereceram transporte público gratuito para garantir o acesso de todos os candidatos à prova. No segundo turno das Eleições 2022, 13 estados e o Distrito Federal também deram passe livre para os eleitores. No ano passado, Campinas (SP) deu exemplo no “Dia D” de vacinação de crianças e adolescentes, facilitando o acesso à saúde por meio da tarifa social.

Essas tendências respondem a um desafio crítico de mobilidade urbana, exacerbado pelo crescimento no uso do automóvel privado e pelo subfinanciamento do transporte público, levando a um aumento dos congestionamentos, da poluição e da desigualdade social, como aponta o pesquisador e jornalista pós-graduado pela PUC/SP, Daniel Santini, no livro “Passe Livre: as Possibilidades da Tarifa Zero contra a Distopia da Uberização”.

Só na cidade de São Paulo, o trânsito perdeu 1 bilhão de passageiros nos ônibus entre 2013 e 2022. Buscando atrair a população de volta ao transporte coletivo, a prefeitura criou a iniciativa “Domingão Tarifa Zero”, que dá gratuidade às viagens de ônibus aos domingos, no Natal, em 1º de janeiro e no aniversário da cidade (25 de janeiro). Com o slogan “Explore, descubra, viva São Paulo”, o governo espera ampliar o acesso ao lazer e contribuir para a economia do município. No primeiro domingo com isenção de tarifa, o número de passageiros em São Paulo aumentou 35%, de acordo com dados da prefeitura.

Tallinn, capital da Estônia, é um ótimo exemplo de implantação de tarifa social, que varia de preço conforme o tempo que o passageiro pretende usar o transporte e também das atividades que pretende realizar. Com € 2 é possível utilizar o transporte público por uma hora. Pagando € 5,50, esse período aumenta para 24 horas, e por € 30, garante-se 30 dias de transporte. A tarifa mais cara (Tallinn Card, por € 78) inclui 72 horas de transporte e entrada gratuita em todos os museus e pontos turísticos da cidade.

Estudos econômicos sugerem que a tarifa social, quando bem implementada, pode ajudar a equilibrar o sistema de transporte público, ao moderar a demanda e incentivar um uso mais racional do sistema. Além disso, análises de sistemas de transporte em cidades europeias, como Tallinn, revelam que a tarifa social, não apenas aumenta o acesso ao transporte, mas também contribui para uma melhoria geral na qualidade do serviço. Além disso, essa associação benéfica a outros setores da cidade, como as atividades culturais, gera a inclusão tanto de moradores da cidade em ações que talvez não pudessem estar inclusos, como beneficia o turismo local, podendo gerar mais renda para a cidade como um todo — em especial as mais turísticas.

 Lá fora há outras cidades atentas. Chama a atenção o caso dos EUA, que tem uma forte cultura automobilística e onde a posse de um carro está mentalmente associada a progresso, independência e ao “sonho americano”. No país onde o carro próprio é o desejo de todo jovem-adulto, Kansas City (Missouri) é conhecida por ser a primeira cidade a implementar a tarifa zero no transporte público, em 2017. Mostrando que esse é um sistema benéfico para a população, ao longo dos anos, vimos algumas cidades aderirem à ideia, como São Francisco, na Califórnia. Já em 2023, houve um salto: 25 cidades de estados como Washington, Colorado, Ohio, Virgínia, Nova Jersey, Oregon e Carolina do Norte começaram a fazer testes de tarifa zero, incluindo Boston (Massachusetts) e Nova Iorque.

Na China temos a maior experiência de incentivo social já realizada em todo o mundo, em Chengdu, a cidade dos pandas-gigantes, uma metrópole com mais de 20 milhões de habitantes. Em 2012, Chengdu liberou os passageiros do pagamento das viagens de ônibus até as 7 horas da manhã, com o objetivo de diminuir o congestionamento. Hoje, mais de dez anos depois, 116 linhas são gratuitas durante todo o dia e as restantes saem parcialmente gratuitas por meio do bilhete eletrônico.

O Brasil já possui as tecnologias necessárias para uma ampla e bem-sucedida adesão à tarifa social, garantindo transparência e confiabilidade nas operações. A bilhetagem eletrônica oferece um controle preciso sobre o fluxo de passageiros. Aliada a avanços como validadores com biometria facial e telemetria, a bilhetagem eletrônica poderia garantir uma transição suave rumo à maior adoção da tarifa social, com autenticação segura e geração de informações detalhadas para relatórios, evitando erros e fraudes no sistema. Em Florianópolis, por exemplo, a tecnologia por trás do transporte público foi fundamental para a isenção correta da tarifa nos dias determinados pela prefeitura.

Para que o país abrace definitivamente essas ideias, precisamos de um programa nacional de apoio às novas tarifas para garantir a sustentabilidade financeira do sistema. O envolvimento dos governos estaduais e federal é imperativo para fornecer subsídios, evitando prejuízos tanto para os municípios quanto para as empresas e operadoras do setor de transporte público, além de proporcionar mais qualidade de vida para a população.


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ARTIGO

Crise na Bolsa de Valores? Um alerta para a economia

10/04/2024 07h30

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À medida em que a economia brasileira enfrenta um período turbulento e os sinais de alerta começam a piscar, a Bolsa de Valores assume um papel crucial na identificação desses sinais.

Recentemente, a fuga de investidores estrangeiros da B3 atingiu seu pior nível desde o início da pandemia, somando-se aos desafios econômicos que o Brasil enfrenta. Esse fenômeno não deve ser encarado como uma mera flutuação do mercado, mas como um indicador sério da necessidade de revisão das políticas econômicas do governo.

No último dia de março, os investidores estrangeiros retiraram um total de R$ 5,547 bilhões da B3, acumulando um resultado negativo de R$ 22,897 bilhões no ano. Essa tendência descendente é um sinal alarmante, refletindo a perda de confiança dos investidores estrangeiros na economia brasileira. Para um país que busca atrair investimentos e impulsionar o crescimento econômico, essa fuga de capital é profundamente preocupante.

Os investidores institucionais e individuais também demonstraram certa cautela em relação ao mercado de ações brasileiro (retirada de R$ 300 milhões). As instituições financeiras também não escaparam desse movimento, retirando R$ 13 milhões da Bolsa de Valores no mesmo período.

Um dos principais fatores que contribuíram para essa crise na bolsa é a interferência do governo Lula em empresas estatais e privadas. A instabilidade gerada por essas intervenções afeta negativamente a confiança dos investidores, prejudicando o desempenho do mercado de ações. A Petrobras e a Vale são exemplos claros dessa conduta, com o governo exercendo pressão em suas operações e decisões estratégicas.

Além disso, a Eletrobras encontra-se atualmente no centro das atenções, já que o governo expressa sua intenção de reverter a privatização estabelecida pelo governo anterior. Essa incerteza em relação às políticas governamentais cria um ambiente instável para os negócios, desencorajando potenciais investidores e contribuindo para a saída de capital da Bolsa de Valores.

 É crucial que o governo reavalie sua abordagem em relação às estatais e privadas, adotando uma postura mais transparente e pró-mercado. A estabilidade e a previsibilidade são fundamentais para atrair investimentos e promover o crescimento econômico sustentável. Caso contrário, corremos o risco de ver mais investidores estrangeiros se afastando do mercado brasileiro, agravando ainda mais nossa situação econômica.

 Em tempos de incerteza, é essencial que o governo adote medidas proativas para restaurar a confiança dos investidores e promover um ambiente de negócios favorável ao crescimento econômico. Caso contrário, o Brasil corre o risco de perder oportunidades de investimento e enfrentar consequências econômicas ainda mais severas no futuro.

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