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Editorial deste sábado:
"Aos culpados, a punição"

Editorial deste sábado:
"Aos culpados, a punição"

Redação

25/07/2015 - 00h00
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Mesmo com a delação premiada, que já está sendo pleiteada por servidores da Agesul, é preponderante que se tenha a penalização judicial na Lama Asfáltica.

A Operação Lama Asfáltica, desencadeada pela Polícia Federal em Mato Grosso do Sul está investigando esquema de superfaturamento de obras, por meio da corrupção de servidores e fraudes em licitações, com desvio de recursos públicos. O resultado, a olhos vistos das articulações criminosas é a péssima qualidade da maioria das obras entregues. A responsabilidade pela vistoria passa pelo governo do Estado e Ministério Público Estadual, o que agora, revela-se que pouco adiantou. O melhor exemplo são as estradas que fazem parte dos contratos investigados, que estão derretendo poucos meses depois que foram entregues. São empreendimentos feitos no afogadilho, no apagar das luzes da gestão anterior e que comprometem os trabalhos da administração atual.

As obras de pavimentação das rodovias fazem parte do MS Forte 2, lançado em agosto de 2013, que previa investimento de R$ 1,4 bilhão, via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). No fim de novembro de 2014, o Correio do Estado noticiou suplementação de R$ 62 milhões, dinheiro que, na teoria, foi usado na conclusão das obras do programa, além de conservação de rodovias já pavimentadas. O alto investimento via BNDES, aparentemente, não foi suficiente para execução do trabalho. Naquele período, a reportagem havia constatado que entre os projetos inacabados, estava a MS-040, que liga Campo Grande a Santa Rita do Pardo.

Pouco mais de sete meses da inauguração, voltamos a estrada e foi constatado o inconcebível: recém-inaugurada, a MS-040 era o retrato do serviço oferecido pelas empresas envolvidas no esquema da Operação Lama Asfáltica: buracos e remendos em toda a rodovia e a precária espessura asfáltica, que esfarela-se ao simples toque, demonstram a má qualidade do material utilizado. O montante que deveria ter sido usado no asfalto de primeira linha reverteu-se em vultuosas propinas, pagas a empreiteiros e servidores envolvidos no esquema.

Com o escândalo amplamente divulgado, espera-se que o governo do Estado faça a devida cobrança da manutenção dessas rodovias. No caso da MS-040, a estrada que passa por Santa Rita do Pardo e não irá resistir aos caminhões que transitam diariamente pela via. Além disso, a gestão pode cobrar judicialmente pela devolução dos recursos que deixaram de ser usados na pavimentação. O financiamento do BNDES, amplamente alardeado no MS Forte 2, está sob os ombros da administração atual, que faz desembolso mensal de aproximadamente R$ 28 milhões. O asfalto, pelas condições já vistas, com certeza acaba antes da quitação da dívida. Os envolvidos não podem ficar impunes ao que foi feito. Mesmo com a delação premiada, que já está sendo pleiteada por servidores da Agesul, é preponderante que se tenha a penalização judicial na Operação Lama Asfáltica. Que se tome o exemplo das recentes condenações na Operação Lava Jato, como do ex-diretor da Petobras, Nestor Cerveró. Aparentemente, não há mais intocáveis.